Archive for Março, 2005

LÍNGUAS MINORITÁRIAS NA EUROPA (IV)

A Lei de “Reconhecimento dos direitos linguísticos da Comunidade Mirandesa” foi inicialmente apresentada na Assembleia da República como projecto (pelo Partido Socialista, então no Governo), em 17 de Setembro de 1998, com o seguinte texto de apresentação (que nos conta que a doce língua mirandesa não é de ontem, nem de anteontem, contando já oito séculos de existência; que, sem se sobrepor à língua fidalga que é o português, é tão nobre como ela ou qualquer outra; ganhando agora uma nova vida, saindo do esquecimento em que viveu tantos anos; finalmente, livre, podendo já cantar e afirmar-se, a par do português, como língua de Portugal):

La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua meligrana, guapa i capechana, nun yê de onte, detrasdonte ou trasdontonte mas cunta cun uito séclos de eijistência.

Sien se subreponer a la “lhéngua fidalga i grabe” l Pertués, yê tan nobre cumo eilha ou outra qualquiêra.

Hoije recebiu bida nuôba.

Saliu de l absedo i de l cenceinho an que bibiu tantos anhos. Deixou de s’acrucar, znudou-se de la bargonha, ampimponou-se para, assi, poder bolar, strebolar i çcampar l probenir.

Agarrou l ranhadeiro para abibar l lhume de l’alma i l sangre dun cuôrpo bien sano.

Chena de proua, abriu la puôrta de la sue priêça de casa, puso fincones ne l sou ser, saliu pa las ourriêtas i preinadas.

Lhibre, cumo l reoxenhor i la chelubrina, yá puôde cantar, yá se puôde afirmar.

A la par de l Pertués, a partir de hoije, yê lhuç de Miranda, lhuç de Pertual.”

Uma Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa encontra-se disponível aqui.

Links a consultar:
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/origem.html
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/espaco.html
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/biblio.html
http://www.instituto-camoes.pt/arquivos/lingua/mirandes.htm
http://www.ps.parlamento.pt/?menu=iniciativas&id=271
http://www.ciberkiosk.pt/arquivo/ciberkiosk4/ensaios/mirandes.html

[2116]

3 Março, 2005 at 8:30 am

RESULTADOS ELEITORAIS EMIGRAÇÃO

São já conhecidos os resultados finais das eleições legislativas nos círculos da emigração: o PS teve um total de 16 280 votos, contra 14 149 votos do PPD/PSD. Contudo, a repartição dos votos entre os círculos da Europa e de Fora da Europa proporcionou ao PPD/PSD a eleição de 3 deputados, contra apenas 1 do PS.

No círculo da Europa, o PS, com 12 728 votos, elege um deputado (Maria Carrilho), ficando a 5 (!) votos de eleger o segundo candidato; o PPD/PSD, com 6 366 votos, tem também um candidato eleito (Carlos Alberto Silva Gonçalves).

Em 73 879 eleitores inscritos, votaram apenas 23 450, com 1 718 votos nulos e 104 brancos. As forças concorrentes registaram as seguintes votações: PS – 12 728; PPD/PSD – 6 366; PCP-PEV – 973; CDS-PP – 794; B.E. – 535; PCTP/MRPP – 148; PND – 124; PNR – 60.

No círculo de Fora da Europa, o PPD/PSD, com 7 783 votos, assegura os 2 mandatos (José de Almeida Cesário e Carlos Páscoa Gonçalves); o PS, com 3 552 votos, fica, também aqui, a escassos 340 votos de eleger mais um deputado.

Em 72 475 eleitores inscritos, votaram apenas 13 488, com 1 232 votos nulos e 35 brancos. As forças concorrentes registaram as seguintes votações: PPD/PSD – 7 783; PS – 3 552; CDS-PP – 470; PCP-PEV – 137; PNR – 97; B.E. – 92; PCTP/MRPP – 28; PND – 23.

Desta forma, a composição definitiva da Assembleia da República agora eleita será a seguinte: PS, 121 deputados; PPD/PSD, 75 deputados; CDU, 14 deputados; CDS-PP, 12 deputados; BE, 8 deputados:

                  PS     PSD     CDU     CDS     BE     TOTAL 
 Aveiro            8       6       -       1       -      15
 Beja              2       -       1       -       -       3
 Braga             9       7       1       1       -      18
 Bragança          2       2       -       -       -       4
 C. Branco         4       1       -       -       -       5
 Coimbra           6       4       -       -       -      10
 Évora             2       -       1       -       -       3
 Faro              6       2       -       -       -       8
 Guarda            2       2       -       -       -       4
 Leiria            4       5       -       1       -      10
 Lisboa           23      12       5       4       4      48
 Portalegre        2       -       -       -       -       2
 Porto            20      12       2       2       2      38
 Santarém          6       3       1       -       -      10
 Setúbal           8       3       3       1       2      17
 V. Castelo        3       2       -       1       -       6
 Vila Real         3       2       -       -       -       5
 Viseu             4       4       -       1       -       9
 Açores            3       2       -       -       -       5
 Madeira           3       3       -       -       -       6
 Europa            1       1       -       -       -       2
 F. Europa         -       2       -       -       -       2

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2 Março, 2005 at 10:55 pm

PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (III)

PACabralDe qualquer forma, Pedro Álvares Cabral apenas permaneceria em terra (na actual Baía Cabrália, na costa da Bahia) durante cerca de 10 dias, em que estabeleceu contactos com os índios, tendo sido também celebradas algumas missas.

Contudo, antes de retomar caminho para Oriente, via Cabo da Boa Esperança, a 2 de Maio, mandou erguer um padrão de pedra, tendo entretanto despachado um navio para Portugal (a nau de Gaspar Lemos) com a importante notícia do descobrimento (“achamento”) do Brasil, uma carta escrita por Pêro Vaz de Caminha.

Durante o percurso até à Índia, a armada perde mais cinco navios devido a uma tormenta de vinte dias ao largo do cabo da Boa Esperança, com furiosos vendavais e um mar agitado: quatro deles naufragaram, tendo perecido todos os tripulantes, incluindo Bartolomeu Dias, o primeiro a ter realizado o feito de “dobrar” esse cabo (em 1487); enquanto que uma nau se afastou, apenas se vindo a juntar novamente a Pedro Álvares Cabral em Cabo Verde, já aquando do regresso.

Depois de se deter algumas vezes na costa leste de África (em Sofala, Moçambique e Melinde), apenas seis naus avistariam Calecut, a 13 de Setembro de 1500.

Pedro Álvares Cabral procurava estabelecer uma feitoria em terra; contudo, muitos dos seus ocupantes portugueses acabariam por ser massacrados. O capitão português retaliou, queimando as embarcações muçulmanas que se encontravam no porto e bombardeando a cidade, sem conseguir contudo submeter o Samorim.

[2114]

2 Março, 2005 at 6:23 pm 2 comentários

LÍNGUAS MINORITÁRIAS NA EUROPA (III)

A língua Mirandesa é falada por comunidades nativas do Planalto Mirandês (no concelho de Miranda do Douro, e em algumas localidades dos concelhos de Vimioso, Mogadouro e Bragança), integrantes do povo português, partilhando a sua história e falando também a língua portuguesa.

A sua origem é incerta, possivelmente relacionada com o grupo asturiano-leonês; tendo começado a emergir como língua autónoma em meados do século XII. Desde o século XV, Miranda do Douro tornar-se-ia no mais importante centro cultural, social e religioso de Trás-os-Montes.

Dos cerca de 15 000 habitantes da região, estima-se que cerca de 10 000 conheçam a língua, notando-se contudo uma quebra de falantes nas últimas décadas, para o que contribuiu também o facto de se tratar preferencialmente de uma tradição oral, não sendo abundante a literatura mirandesa, para além da pouca adesão de jovens falantes.

Ao Mirandês foi entretanto reconhecido – em Janeiro de 1999 – o estatuto de língua oficial, passando a fazer parte dos programas escolares.

Continuam contudo a ser muito escassos os meios de comunicação social que utilizam a língua, à excepção de artigos pontuais na imprensa local.

Espera-se que o seu processo de declínio (acelerado desde os anos 60 do século XX) possa ser interrompido com a sua oficialização, indo além das tradicionais manifestações de cultura popular.

Hai lhénguas que to Is dies se muorren i hai lhénguas que to Is dies renácen. (Há línguas que todos os dias se vão e há línguas que renascem dia a dia)

Hai lhénguas cun sous scritores i hai lhénguas de cuntadores. (Há línguas com seus escritores e há línguas de contadores)

Hai lhénguas que son de muitos, i hai lhénguas que poucos úsan. (Há línguas que são de muitos, e há línguas que poucos utilizam)

Mas todas eilhas, se son lhénguas de giente, son cumplexas na mesma. (Mas todas elas, se são língua de gente, são igualmente complexas)

Links a consultar:
http://mirandes.no.sapo.pt
http://mirandes.no.sapo.pt/indextext.html
http://mirandes.no.sapo.pt/LMdescoberta.html
http://mirandes.no.sapo.pt/PMLm.html
http://europa.eu.int/comm/education/policies/lang/languages/langmin/euromosaic/pt1_en.html

[2113]

2 Março, 2005 at 8:30 am

PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (II)

PACabralDepois dos preparativos, no Domingo de 8 de Março, a viagem iniciou-se a 9 de Março de 1500, partindo do Restelo, transpondo a barra do Tejo e entrando nas águas do Atlântico.

Seguindo as instruções náuticas de Vasco da Gama, começou por passar no arquipélago de Cabo Verde, tendo depois, devido aos ventos e correntes, de alargar a rota para Sudoeste, pelo Atlântico Sul.

E é nesse “desvio” de quase um mês, talvez ainda mais impulsionado para Oeste pelos fortes ventos alísios, que, dois dias depois da Páscoa, a 21 de Abril – não sendo definitivo se por mero acaso, ou se em resultado de uma iniciativa intencional pré-determinada de exploração de novas terras (eventualmente já antes descobertas, em 1498, por Duarte Pacheco Pereira –, se avista grande quantidade de algas no mar.

PACabral-Mapa.jpegNo dia seguinte, vêem-se aves no céu, indiciando a proximidade de terra firme. Quando, horas depois, nesse dia de 22 de Abril, a terra é avistada, é dado o nome de Monte Pascoal a uma elevação, chamando-se à terra, “Terra de Vera Cruz”.

Na manhã seguinte, a 23 de Abril de 1500, a armada aproxima-se da linha de costa, vindo Nicolau Coelho a desembarcar, vendo então os primeiros indígenas (índios Aymoré), que parecem ter uma atitude pacífica, não mostrando intenção de fazer uso dos arcos e setas que transportam.

No dia seguinte, toda a tripulação desembarcaria, 10 léguas a Norte, em Porto Seguro, ficando deslumbrados com o clima, paisagens, animais e com as gentes “pardos e todos nus”.

Mais tarde, saber-se-ia que Cabral não fora o primeiro europeu a chegar ao Brasil; anteriormente, já Américo Vespucci (em Julho de 1499) e o espanhol Vicente Yañez Pinzón, antigo tripulante da armada de Colombo (em Janeiro de 1500) haviam avistado essa nova terra.

O que nunca foi possível confirmar foi se os portugueses já conheceriam a sua existência antes e se tal teria sido o motivo de terem conseguido uma revisão da repartição original do mundo em duas zonas de exploração (Portuguesa e Espanhola), ajustando a linha de separação mais para ocidente, de forma a incluir o território do Brasil na zona portuguesa (Tratado de Tordesilhas de 1494), o que teria levado a que o mesmo não tivesse sido anteriormente explorado.

[2112]

1 Março, 2005 at 6:02 pm

"TOMAR" – 1º ANIVERSÁRIO

Janela CapítuloHá precisamente 1 ano, no dia 1 de Março de 2004, coincidindo com a comemoração do dia da cidade, nascia este “blogue”: Tomar.

Nasci lá… Vivi lá… Achei que era uma boa data para começar a escrever sobre “a minha terra”!

[2111]

1 Março, 2005 at 12:42 pm 1 comentário

LÍNGUAS MINORITRIAS NA EUROPA (II)

A maior parte dos países possuem tradicionalmente um certo número de línguas regionais ou minoritárias, tendo algumas delas obtido um estatuto oficial, como o basco, catalão e galego em Espanha, o galês no Reino Unido, o frison no País Baixo, ou o mirandês em Portugal. Estas línguas são faladas regularmente por cerca de 40 milhões de habitantes do espaço da União Europeia.

No decurso do século XX, cerca de metade das línguas do mundo ter-se-ão extinguido; no espaço de duas gerações, uma língua pode desaparecer por completo, se não for transmitida dos pais aos filhos; a causa mais frequente para esta perda de parte da riqueza da humanidade é a que decorre do domínio económico e cultural de línguas mais poderosas ou de maior prestígio.

Em defesa e promoção da riqueza proporcionada pela diversidade linguística e cultural na Europa, o Conselho da Europa criou em 1998 a Convenção-quadro para protecção das minorias nacionais e a Carta Europeia das Línguas Regionais ou Minoritárias, que define língua minoritária como: “línguas tradicionalmente utilizadas por uma parte da população de um Estado que não sejam dialectos das línguas oficiais desse Estado nem línguas de populações migrantes ou línguas criadas artificialmente”.

É de algumas destas línguas que aqui me vou ocupar, diariamente, ao longo do mês de Março, divulgando algumas conclusões de estudo desenvolvido por instituições europeias, legislação específica aplicável a algumas delas, culminando na apresentação de pequenos textos nessas mesmas línguas!

Links a consultar:
http://europa.eu.int/comm/education/policies/lang/languages/langmin/langmin_pt.html
http://europa.eu.int/comm/education/policies/lang/languages/langmin/regmin_pt.html
http://www.coe.int/T/E/Legal_Affairs/Local_and_regional_Democracy/Regional_or_Minority_languages/Charter/
http://europa.eu.int/comm/education/policies/lang/languages/langmin/euromosaic/index_en.html
http://www.tlfq.ulaval.ca/axl/europe/europeacc.htm

[2110]

1 Março, 2005 at 8:48 am

BLASFÉMIAS

Presumo que os nascidos a 29 de Fevereiro celebrem o seu aniversário – nos anos não-bissextos – a 1 de Março…

Parabéns ao Blasfémias pelo primeiro ano de vida!

Continuação de bom trabalho no segundo ano que agora se inicia…

[2109]

1 Março, 2005 at 8:30 am

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