Archive for 31 Março, 2005
BRASIL (IV)
Desta forma, o período colonial no Brasil – em que, por via da povoação do território por portugueses, se procurava assegurar a posse do novo território face a eventuais interesses de países estrangeiros, em particular o da França (que, sentindo-se prejudicada pelo Tratado de Tordesilhas, defendia uma teoria de propriedade decorrente da posse, consubstanciada pela ocupação dos territórios) –, teria início “oficial” apenas em 1530, com a expedição de Martim Afonso de Sousa (sucedendo à “colonização acidental”, desenvolvida por “iniciativa privada” de alguns aventureiros expedicionários portugueses, como Diogo Álvares Correia – o “Caramuru” – e João Ramalho, para além de corsários e náufragos); prolongar-se-ia até à declaração de independência, a 7 de Setembro de 1822; durante cerca de 300 anos, o Brasil integraria a nação portuguesa.
Seria denominado sucessivamente por: Ilha de Vera Cruz, Terra de Santa Cruz e Terra do Brasil (madeira utilizada para tingir de vermelho os tecidos), reflectindo as duas motivações da expansão marítima portuguesa, a da propagação da fé e a mercantilista; ao mesmo tempo que o ignorar o nome por que os nativos chamavam a sua terra, Ibirapitanga, traduzia a intenção conquistadora e dominadora.
A expedição de Martim Afonso de Sousa tinha três objectivos prioritários: combater os traficantes franceses; penetrar nas terras na direcção do Rio da Prata, na procura de metais preciosos; e estabelecer núcleos de povoamento no litoral.
O território começou por ser dividido em 15 Capitanias (constituídas entre 1534 e 1536, por ordem de D. João III), atribuídas a “capitães donatários” (título hereditário), oriundos da pequena nobreza, com a responsabilidade de ocupação do sertão (o “grande deserto”), passando pela criação de núcleos urbanos, vilas e cidades coloniais. Contudo, apenas as de São Vicente (primeira vila portuguesa na América, situada no litoral paulista, fundada por Martim Afonso de Sousa em 22 de Janeiro de 1532) e Pernambuco prosperariam, nomeadamente em função do cultivo da cana-de-açúcar; tal levaria Portugal a desenvolver novas formas de administração do território.
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15º INTERCÉLTICO DO PORTO
Entre 1 e 9 de Abril, 16 concertos em 5 cidades, na 15ª edição do “Festival Intercéltico do Porto” – um dos mais prestigiados festivais de música folk em Portugal -, com destaque para as presenças internacionais dos galegos Luar na Lubre (na estreia da nova vocalista, a portuguesa Sara Vidal) e Susana Seivante e os irlandeses North Cregg e Danú, a par dos portugueses Galandum Galundaina, Quadrilha e Roldana Folk, Ronda da Madrugada (Açores) e Xarabanda (Madeira).
Praia da Vitória (Açores – Auditório do Ramo Grande), Porto (Rivoli – Teatro Municipal), Lisboa (Fórum Lisboa), Arcos de Valdevez (Auditório – Casa das Artes) e Montemor-o-Novo (Cine-Teatro – Curvo Semedo) são as cidades que acolherão este Festival, com início amanhã:
01.04.05 – Praia da Vitória – Ronda da Madrugada e Roldana Folk
02.04.05 – Praia da Vitória – Xarabanda e Susana Seivane
07.04.05 – Porto – Quadrilha e Susana Seivane
07.04.05 – Lisboa – Danú
08.04.05 – Porto – Galandum Galundaina e North Cregg
08.04.05 – Lisboa – Luar na Lubre
08.04.05 – Arcos de Valdevez – Quadrilha
08.04.05 – Montemor-o-Novo – Danú
09.04.05 – Porto – Xarabanda e Danú
09.04.05 – Arcos de Valdevez – North Cregg
09.04.05 – Montemor-o-Novo – Luar na Lubre
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BILINGUISMO – O CASO DO CANADÁ (IV)
O reconhecimento e promoção do francês como língua oficial e como língua comum do Québec não exclui o interesse e a necessidade de aprender outras línguas.
Efectivamente, assiste-se a uma elevada taxa de bilinguismo individual na província. Inversamente, o bilinguismo por parte dos anglófonos fora do Québec regista ainda taxas mais reduzidas do que desejável, o que coloca em causa o estatuto oficial de nação bilingue.
Curiosamente, os habitantes do Québec registam uma taxa de trilinguismo nove vezes superior aos restantes canadianos; resultado da política linguística da província (em particular, do uso, para efeitos públicos, do francês), cerca de 47 % dos imigrantes no Québec revelam competência linguística em 3 idiomas (língua materna, francês e inglês), contra apenas 5 % no resto do Canadá.
A implementação desta política linguística tem inevitavelmente custos; estima-se que cerca de 16 milhões de euros sejam aplicados anualmente nos cinco organismos que coordenam e asseguram a prática desta política, o que representa cerca de 0,05 % do orçamento global do Québec.
Um custo reduzido, face aos resultados da política, permitindo aos francófonos superar as desigualdades sociolinguísticas de que sofriam (com uma sobre-representação do inglês nos anúncios públicos, nos serviços e no trabalho e uma inferioridade económica dos canadianos de expressão francesa), e num ambiente de relativa paz social.
Paralelamente, o estatuto socioeconómico dos francófonos – herdeiro das tradições agrícolas e feudais, historicamente associado, de forma predominante, a uma classe média e baixa, de menores recursos económicos – melhorou de forma significativa nos últimos 20 anos (com o salário médio dos trabalhadores francófonos a crescer de apenas cerca de 60 % para cerca de 90 % do salário médio dos trabalhadores anglófonos).
As importantes desigualdades socioeconómicas constatadas na época da adopção da “Carta” foram em grande parte eliminadas; o rendimento dos francófonos corresponde hoje ao seu peso demográfico na população global do Québec; a proporção de francófonos na população activa, a nível de quadros, é também praticamente equivalente ao seu peso demográfico.
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