Archive for 22 Março, 2005

CARTA DE PÊRO VAZ DE CAMINHA (XII)

“Foi o capitão com alguns de nós um pedaço por este arvoredo até uma ribeira grande e de muita água que, a nosso parecer, era esta mesma que vem ter à praia em que nós tomámos água. Ali ficámos um pedaço bebendo e folgando ao longo dela, entre esse arvoredo, que é tanto e tamanho e tão basto e de, tantas prumagens que lhe não pode homem dar conto. Há entre ele muitas palmas de que colhemos muitos e bons palmitos.

Quando saímos do batel, disse o capitão que seria bom irmos direitos à cruz, que estava encostada a uma árvore, junto com o rio, para se pôr de manhã, que é sexta-feira, e que nos puséssemos todos em joelhos e a beijássemos, para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim o fizemos.

E esses dez ou doze, que aí estavam, acenaram-lhes que fizessem assim e foram logo todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que, se o homem entendesse e eles a nós, que seriam logo cristãos, porque eles não têm nem entendem em nenhuma crença, segundo parece. E, portanto, se os degradados que aqui hão-de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, fazerem-se cristãos e crerem na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque, certo, esta gente é boa e de boa simplicidade e imprimir-se-á ligeiramente neles qualquer cunho que lhes quiserem dar.

E logo lhes Nosso Senhor deu bons corpos e bons rostos, como a bons homens e ele, que nos por aqui trouxe, creio que não foi sem causa. E, portanto, Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar na santa fé católica, deve entender em sua salvação; e prazerá a Deus que, com pouco trabalho, será assim. Eles não lavram nem criam, nem há aqui boi, nem vaca, nem cabra, nem ovelha, nem galinha, nem outra nenhuma alimária, que costumada seja ao viver dos homens; nem comem senão desse inhame que aqui há muito e dessa semente e fruitos que a terra e as árvores de si lançam.

E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios, que o não somos nós tanto com quanto trigo e legumes comemos. Enquanto ali, este dia, andaram, sempre ao som dum tamborim nosso dançaram e bailaram com os nossos, em maneira que são muito mais nossos amigos que nós seus. Se lhes homem acenava se queriam vir às naus, faziam-se logo prestes para isso em tal maneira que, se os homem todos quisera convidar, todos vieram.

Porém não trouxemos esta note às naus senão quatro ou cinco, a saber: o capitão-mor, dous, e Simão de Miranda, um, que trazia já por pajem, e Aires Gomes, outro, assim pajem. Os que o capitão trouxe era um deles um dos seus hóspedes que à primeira, quando aqui chegámos, lhe trouxeram, o qual veio hoje aqui vestido na sua camisa, e com ele um seu irmão os quais foram esta noute muito bem agasalhados assim de vianda como de cama de colchões e lençóis por os mais amansar.

E hoje, que é sexta-feira, primeiro dia de Maio, pela manhã, saímos em terra corri nossa bandeira e fomos desembarcar acima do rio, contra o sul, onde nos pareceu que seria melhor chantar a cruz para ser melhor vista. E ali assinou o capitão onde fizessem a cova para a chantar, e, enquanto a ficaram fazendo, ele com todos nós outros fomos pela cruz, abaixo do rio, onde ela estava.”

[2159]

22 Março, 2005 at 6:14 pm

LÍNGUAS MINORITÁRIAS NA EUROPA (XVII)

Lei temps modèrnes
Es après la guèrra de 14-18 que lo francés commença d’èstre parlat en Provença. Mai aqueu francés resta marcat per l’accent occitan (dich “accent dau miegjorn”), qu’es una caracteristica fòrta de nòstrei regions. La populacion èra d’aqueu temps majoritàriament bilinga. La literatura occitana contunha de se desvolopar ambé d’ecrivans coma Robèrt Lafònt e Pèire Pessamèssa, en Provença, Max Roqueta e Joan Bodon en Lengadòc, Bernat Manciet en Gasconha, Michèu Chapduèlh e Marcèla Delpastre en Lemosin, e ben d’autrei. D’una part, una grafia novèla, elaborada a partir de la lenga communa de l’Edat Mejana va permetre de melhorar la comprension entre lei dialèctes. D’autra part, leis autors occitans s’empararàn de totei lei subjècts dau monde modèrne, en parlant dei camps de trabalh en Alemanha, de la liberacion sexuala, de l’exòdi rurau, de la descolonisacion, mai tanben dau reculament de la lenga.

L’occitan uei : reculament, escòlas, Rap.
En efèc, despuei la fin deis annadas seissanta (un pauc pus d’ora en Provença), lei dròlles de parents parla-occitan aprenon pas mai la lenga de sei parents. Es la consequéncia d’un lòng trabalh de devalorisacion sociala de la lenga menat despuei lo sègle XIXen per leis institucions francesas, mai tanben la consequéncia de la diminucion de la populacion rurala (majoritàriament parla-occitan fins qu’a uei), que se vei cada còp mai coma una minoritat que se deu integrar au monde dei vilas, en oblidant fins qu’a sa lenga pròpria. La television regionala presenta ren qu’una oreta en occitan cada setmana (“Vaquí” en Provença, “Viure al Pais” en Lengadòc).

En reaccion se desvolopan d’escòlas bilingas (lei Calandretas), que jà mai de 1000 pichòts de 3 a 11 ans i son escolarisats. Leis enfants son l’enjòc principau per lo futur de nòstra lenga. Un setmanier (La Setmana) -entrepresa de pressa privada- n’es jà a sa tresena annada. Fau tanben citar una quantitat de revistas mensualas, coma Prouvenço d’Aro, Aquò d’Aquí, Occitans!, etc.

Enfin, un certan nombre de gropes musicaus se son emparats deis estiles recents coma lo Scat ò lo Raggamuffin (Massilia Sound System, Nux Vomica en Provença) per n’en faire au còp un instrument de valorisacion de la lenga e de pedagogia. Fau notar lo cas extremament interessant d’un estile de Rap tornamai inventat a partir dau mestissatge de musicas traditionalas occitana e brasilenca (The Fabulous Trobadors).

Per deman ?
Mai existisson encara fòrça resisténcias conscientas e inconscientas a l’utilisacion de l’occitan en Occitània. Lo futur de nòstra lenga depend donc de l’imatge positiva qu’aurà. Nos podètz ajudar a desvolopar aquesta imatge positiva en vos interessant sus plaça au Provençau, emai foguèsse en charrant d’aquò ai provençaus que rescontraretz. Per vos ajudar, vos prepausam un lexic toristic de basi.”

Artigo de Cristòu Stecòli et Matiàs Vandembòs

[2158]

22 Março, 2005 at 8:26 am


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