PULSAR

O PULSAR DOS DIÁRIOS VIRTUAIS EM PORTUGAL

O texto apresentado na presente página corresponde à comunicação que apresentei no II Encontro de Weblogs, na Universidade da Beira Interior, em 15.10.2005, procurando sintetizar as origens da blogosfera e início da sua expansão em Portugal, desde 1999/2000 até meados de 2005.

Pode também consultar as retrospectivas anuais que tenho vindo a preparar sobre alguns dos aspectos mais em destaque na blogosfera portuguesa, nas páginas indicadas de seguida:

1. Blogosfera em 2003
2. Blogosfera em 2004
3. Blogosfera em 2005
4. Blogosfera em 2006
5. Blogosfera em 2007
6. Blogosfera em 2008
7. Blogosfera em 2009

 

RESUMO

Tal como na génese dos blogues a nível mundial (a partir de 1996/1997), também o seu advento em Portugal, nos anos de 1999/2000, terá presumivelmente tido origem no seio de pessoas associadas ao meio informático e, numa fase imediata (a partir de 2001), profissionais da comunicação.

Apenas no final de 2002 / início de 2003, com o aparecimento dos primeiros blogues assumindo ambos os pólos da tradicional dicotomia política direita-esquerda (inicialmente “personificados” por “A Coluna Infame” e pelo “Blogue de Esquerda”), numa conjuntura de eminente intervenção militar estado-unidense no Iraque, a blogosfera portuguesa despertaria, fervilhando numa rápida explosão (culminando no virar do primeiro para o segundo semestre de 2003), num “espiral círculo virtuoso”, potenciado pela forte mediatização proporcionada pela adesão de José Pacheco Pereira ao fenómeno, com a criação (em Maio de 2003) do Abrupto, associada a numerosas referências nos “media” tradicionais e atraindo novas figuras para a blogosfera, entre os milhares de anónimos que a ela afluíam diariamente.

Neste período de cerca de 2 anos e meio, o pulsar dos diários virtuais em Portugal sempre foi bastante determinado pelo cruzamento entre a mediatização, que favoreceu a sua expansão, e a sua vertente política, assumindo peso predominante em termos dos principais “blogues de referência”, sem contudo retirar espaço a outros projectos, mais orientados para as áreas culturais ou de cariz humorístico ou irónico, de que são exemplos, nomeadamente, o Janela Indiscreta, o Blogue dos Marretas e o Gato Fedorento (com blogues “políticos” como o próprio Abrupto, Blogue de Esquerda e Dicionário do Diabo a não descurarem também uma vertente cultural).

Depois de, em 2003, se ter processado a definitiva afirmação dos blogues, 2004 seria o ano da consolidação da blogosfera portuguesa, que, continuando a manter a tendência de crescimento da oferta, enfrentou um período de estabilização de audiências, passado o período de maior instabilidade da conjuntura política, retomando novamente uma fase crescente por ocasião da campanha autárquica de 2005.

O futuro não deixará de ter como pano de fundo as múltiplas potencialidades que a ferramenta proporciona, com um progressivo alargamento do campo de intervenção, do texto à fotografia, passando pelo áudio e vídeo, com os blogues a tornarem-se cada vez mais multimédia.

1. INTRODUÇÃO

A simplicidade de criação, a autonomia (autor e editor fundindo-se num único indivíduo), funcionalidade e prontidão (“em tempo real”) de edição que possibilita, a potencial universalidade de destinatários, o espírito de pertença a uma comunidade que propiciam, a sua estrutura “hipertextual” (com sistemáticas referências a outras páginas), torna os blogues numa ferramenta de comunicação pessoal ímpar, um meio de expressão pessoal sem paralelo na história, vivendo-se um momento similar àqueles em que novas ferramentas de comunicação tiveram a sua génese, como o livro impresso, o jornal, o telefone, a rádio, a televisão, a própria Internet.

O seu carácter de publicação dinâmica (com frequentes actualizações), associado ao espírito comunitário que potencia – um “ponto de encontro diário” entre quem escreve e quem lê (agregando pessoas com interesses comuns) – será porventura o principal factor distintivo de outras páginas na Internet.

Os weblogs – contracção de web (“rede”) e log (“registo / diário de bordo”) – são páginas na Internet, de carácter diarístico, regularmente actualizadas, com ligações (links) a artigos noutras páginas da web, disponibilizando frequentemente a faculdade de comentários por parte dos leitores (abrindo uma janela para a socialização). Os textos (designados de “posts” ou “entradas”), geralmente de curta extensão, são datados, sendo comummente apresentados por ordem cronológica inversa, dos mais recentes para os mais antigos, assim sublinhando a importância do imediatismo, sendo normalmente mantidos em arquivo por data de publicação, de periodicidade semanal ou mensal.

2. “PALEOLÍTICO” – 1992 – « WORLD WIDE WEB »

Conforme refere Dave Winer [1], o primeiro “weblog” foi o primeiro website (http://info.cern.ch), iniciado no CERN – Conseil Européen pour la Recherche Nucléaire em 1992 por Tim Berners-Lee (criador da “html”, linguagem que permite a navegação por hipertexto, e que, em 1989, havia apresentado a primeira proposta do que viria a ser a World Wide Web), que tinha por objectivo referenciar novos sites aquando da sua criação, cujo conteúdo se encontra arquivado no World Wide Web Consortium [2].

3. “MESOLÍTICO” – 1993/1996 – « WHAT’S NEW »

Seguiu-se, em 1993, a página What’s New [3], uma lista de sites, do NCSA – National Center for Supercomputing Applications (Universidade de Illinois), após o que surgiu (em Junho do mesmo ano) a página What’s New [4] na Netscape, o “principal blogue” do período de 1993 a 1996.

4. “NEOLÍTICO” – 1996/1999 – « WEBLOGS »

A expressão “weblog” foi utilizada originalmente por G. Raikundalia e M. Rees numa conferência em 1995 [5]. Não obstante, o conceito que actualmente associamos ao termo foi utilizado pela primeira vez em Dezembro de 1997, por Jorn Barger (o primeiro a designar a sua página Robot Wisdom como “weblog”). Como nos relembra Rebecca Blood [6], a palavra “blog” seria introduzida no início de 1999, na sequência do anúncio de Peter Merholz, de que iria pronunciar o termo weblog como “wee-blog”.

Dava-se então, nos anos de 1996/1997, a “explosão” da Internet e, com ela, o início da expansão dos blogues, assistindo-se ao “nascimento da blogosfera”, agregando preferencialmente, nos seus primeiros anos, pessoas associadas ao meio informático e, numa fase imediata, profissionais da comunicação.

Dave Winer, considerado o “pai dos blogues”, criou o seu primeiro weblog em Fevereiro de 1996, integrando a página do “24 Hours of Democracy Project” [7]; em Abril de 1996, iniciou uma news page [8], que se tornaria, em 1 de Abril de 1997, no Scripting News [9], o blogue mais antigo ainda em actividade. Outros blogues precursores foram o referido Robot Wisdom [10] (de Jorn Barger), Tomalak’s Realm [11] (de Lawrence Lee), CamWorld [12] (de Cameron Barrett – no qual publicou, em Novembro de 1998, a primeira lista de blogues, dando início ao que se viria a tornar numa vasta comunidade) e o Infosift [13] (de Jesse James Garrett – que, no início de 1999, registava a existência de 23 weblogs).

O fenómeno viria a ter uma aceleração decisiva em 1999; conforme assinala o jornalista António Granado: «No dia 23 de Agosto de 1999 foi criado o Blogger.com, uma ferramenta gratuita para criação de weblogs, que revolucionou a edição de textos na Web. Em 3 de Setembro de 2000, a Pyra acrescentou a cereja em cima do bolo ao criar o Blogspot.com, um “site” que aloja gratuitamente milhares de weblogs, em troca de anúncios colocados no topo das páginas. O sucesso foi tal que, em pouco mais de dois meses (a 7 de Novembro de 2000), o Blogspot viu nascer o seu 10.000º blog» [14].

5. “IDADE DOS METAIS” – 1999/2000 – BLOGUES EM PORTUGAL

Segundo uma pesquisa de António Granado: «Em Portugal, o fenómeno dos weblogs terá começado no início de 1999. Ao contrário do que podem fazer crer alguns artigos publicados em jornais e revistas nos últimos meses, os blogs sobre jornalismo ou política estão longe de ser a maioria ou de sequer terem iniciado a moda em Portugal. Há alguma discussão entre os cibernautas sobre o que é ou não um weblog mas, seja qual for a definição que adoptemos, entre os primeiros “sites” portugueses a aderir a este fenómeno estão certamente o Macacos Sem Galho [15] [início a 30.03.1999], o Gildot.org [16] [31.03.1999], o Dee’s Life [17] [03.10.1999], o Altas Doses de Cafeína [18] [19.08.2000], o Nónio.com [19] [15.08.2000], o Velouria.org [20] [17.02.2000], o Sonhos Virtuais [21] [15.11.2000], e o HiperBock [22] [29.09.2000], todos criados ainda no século passado» [23].

6. “DESCOBERTA DA ESCRITA” – 2001/2002

Celebrando a passagem do milénio, António Granado inaugurava, em 02.01.2001, o Ponto Media [24].

Impõe-se nesta fase uma referência paralela a uma blogosfera algo “oculta”, a instalada no “Live Journal” [25], com inúmeras páginas precursoras (em alguns casos com origem nos anos de 2001 e 2002), muitas das quais de inquestionável qualidade, privilegiando a fotografia, mas sem esquecer a escrita.

Em Fevereiro de 2002, teve início o blogue de Elisabete Barbosa, Jornalismo Digital [26]. A 8 de Abril, nascia o Jornalismo e Comunicação [27], criado no âmbito do Mestrado em Informação e Jornalismo da Universidade do Minho.

Em Setembro, Pedro Fonseca criava o ContraFactos & Argumentos [28]; no mês seguinte, também na Universidade do Minho, surgia o Aula de Jornalismo [29], da turma de terceiro ano de Jornalismo, coordenado pelos docentes Manuel Pinto e Sandra Marinho.

Também em Outubro de 2002, a 15, numa altura em que os blogues em Portugal não ascenderiam ainda a 200, seria lançada, por João Pereira Coutinho (colunista de “O Independente”), Pedro Lomba e Pedro Mexia (críticos literários do “Diário de Notícias”), A Coluna Infame [30], «blogue português de artes, literatura, política e ideias, para conservadores, liberais e independente», que viria a ser o primeiro blogue português de cariz predominantemente político, a partir do qual se iniciaria o processo de mediatização da blogosfera lusa.

7. O FERVILHAR DA “BLOGOSFERA” – 2003/2005

7.1. O pulsar dos diários virtuais

Na passagem do ano de 2002 para 2003, surgem dois novos blogues: a Íntima Fracção [31] (em 30.12.2002), de Francisco Amaral, para «contar tudo o quiserem e tudo o que eu quiser – fraccionadamente e na intimidade do ciberespaço», sobre o histórico programa de rádio com o mesmo nome; e, a 1 de Janeiro de 2003, o Blog de Esquerda [32], de José Mário Silva (editor-adjunto do “DNA”) e Manuel Deniz Silva.

Ainda em Janeiro de 2003, Pedro Fonseca disponibilizara já uma lista de weblogs portugueses (Blogs em Pt) [33], ascendendo na sua primeira versão a 174. Surgiriam depois outros apontadores, entre os quais o Bloco-Notas [34] (que, em Novembro de 2003, referenciava já 2 724 blogues), o Blogues no Sapo [35], Blogo no Sapo [36], o Weblog.com.pt [37] (primeira plataforma portuguesa de blogues, criada em 10 de Junho de 2003) e, por fim (a 4 de Novembro de 2003), o Blogs.sapo.pt [38].

A 23 de Fevereiro de 2003 tinha início o Blogue dos Marretas [39], um dos blogues de maior sucesso da blogosfera, que reuniu ao “Statler” (Nuno Jerónimo) e “Waldorf” (João Canavilhas), o “Animal” (Jorge Bacelar), docentes na Universidade da Beira Interior, na Covilhã, respectivamente de Sociologia, Comunicação e Design, apresentando uma visão da actualidade sob o prisma da ironia e do humor.

No dia 25 de Abril nascia o Gato Fedorento [40], blogue de humor, mantido por Ricardo Araújo Pereira, Zé Diogo Quintela, Miguel Góis e Tiago Dores (que integram a equipa das “Produções Fictícias”) – «um blog com opiniões, nenhuma das quais devidamente fundamentada».

Até que, a 6 de Maio de 2003, se iniciava o blogue mais mediático da blogosfera, o Abrupto [41], de José Pacheco Pereira – que, para que não subsistissem dúvidas sobre a autoria, anunciou no dia seguinte o tema do texto que iria apresentar no “Público” a 8 de Maio.

No início de Maio – a 8 –, surgia também O Meu Pipi [42], então talvez o mais famoso blogue português, que se viria a afirmar com inúmeros textos, mesclando os ingredientes do sexo, humor, a par de uma vasta gama de palavrões (incluindo recuperações de “calão” há muito em desuso), que viria a dar origem (em Outubro) ao primeiro livro nascido da blogosfera, compilando os seus escritos erótico-pornográficos.

Ainda no mês de Maio (a 17), nascia o Almocreve das Petas [43], que continua a prosseguir um incansável trabalho de referências bio-bibliográficas.

Em pouco mais de uma semana, entre 17 e 25 de Junho, surgem mais cinco blogues que se viriam a afirmar decisivamente: primeiro, com Francisco José Viegas anunciando o início da vida do Aviz [44] (que viria, já em Agosto de 2005, a dar lugar a “A Origem das Espécies” [45]), mais um impulso para a expansão e afirmação da blogosfera; a 20, nascia o Socio[B]logue [46], de João L. Nogueira, procurando uma aproximação ao estudo sociológico do fenómeno, o qual, infelizmente, não teria uma permanência duradoura na blogosfera; dois dias depois, Bruno Sena Martins iniciava as suas reflexões “pseudo-antropológicas e quasi-antropológicas” no “Avatares de um desejo” [47]; a 24 de Junho, depois de Francisco Amaral (Íntima Fracção), também Carlos Vaz Marques, jornalista da TSF, lançava o seu blogue, “Outro, eu” [48]; por fim, no dia imediato, era a vez de João Morgado Fernandes, jornalista e Director do “Diário de Notícias”, inaugurar o seu “Terras do Nunca” [49].

Enquanto fenómeno emergente, a blogosfera “fervilhava”; todos os dias afluíam fortes vagas de novos frequentadores (autores ou leitores): a grande “explosão” deu-se na semana de 30 de Junho a 7 de Julho (com 216 novos blogues, de acordo com a listagem do Bloco-Notas); o dia mais “produtivo” foi o de 2 de Julho (mais 96 blogues); o mês mais “activo” o de Julho de 2003 (mais 800 blogues!); no final desse mês, eram já registados cerca de 1 600 blogues; a 8 de Setembro, atingia-se o número de 2 000 blogues, ultrapassando-se os 2 500 em 18 de Outubro.

A 4 de Julho, Paulo Gorjão iniciava o Bloguitica Internacional, a que se seguiria o Bloguitica Nacional (posteriormente “fusionados” no Bloguitica [50]), vindo a tornar-se num dos blogues individuais mais activos da blogosfera, com permanentes actualizações, remetendo para artigos a ler e lançando diariamente novos e pertinentes temas para debate, essencialmente numa vertente de análise política.

Em Agosto, surgia o Glória Fácil [51], agrupando alguns jornalistas do “Público” e do “Diário de Notícias”.

No início de Setembro, nasce a Grande Loja do Queijo Limiano [52], talvez o maior “conglomerado” da blogosfera portuguesa, actualmente com 20 colaboradores registados e uma das maiores audiências.

A 18 e 19 de Setembro, realizava-se, em Braga, o “Primeiro Encontro Nacional de Weblogs”, sobre o qual escreveu Pedro Fonseca um artigo no “Público” , sintetizado na fórmula de José Luis Orihuela: «Nunca tivemos de ler tanto para escrever tão pouco» [53].

Por essa altura, surgiria o primeiro grande caso de controvérsia generalizada: de forma anónima, o blogue “Muito Mentiroso” editou, durante semanas, listas de perguntas, com uma técnica de desinformação, insinuando que o caso de pedofilia da “Casa Pia” teria ocultos poderosos grupos de interesses, associado a gravíssimos casos de corrupção. Após semanas de polémica, já em Outubro, Pacheco Pereira denunciou, na sua intervenção de Domingo no “Jornal da Noite” da SIC, o caso deste blogue, o qual estaria já, entretanto, a ser alvo de investigação. No dia seguinte, todo o conteúdo da página seria apagado.

A 15 de Outubro de 2003, Paulo Querido e Luís Ene apresentavam o primeiro livro sobre blogues em Portugal: “Blogs”.

Depois do weblog.com.pt (Junho de 2003), surgiria, no início de Novembro, uma nova plataforma portuguesa de blogues: Blogs.sapo.pt.

Os dias 22 e 23 de Janeiro de 2004 seriam de “grande rebuliço” e efervescência na blogosfera (mais de 30 blogues envolvidos), a propósito da discussão sobre a autoria do blogue “Possibilidade do Sentir”, cuja autora se fazia passar pela jornalista Anabela Mota Ribeiro, que apresentava o magazine cultural no novo canal televisivo “A Dois”.

A 12 de Fevereiro, era lançado o livro de António Granado e Elisabete Barbosa: “Weblogs – Diário de Bordo”.

A 29 de Fevereiro, concretiza-se a primeira “mega-fusão” da blogosfera portuguesa, com o Mata-Mouros [54], Cataláxia [55] e Cidadão Livre [56] a concentrarem-se no novo Blasfémias [57], um blogue de cariz “liberal”, a que se juntaria mais tarde o autor do Liberdade de Expressão [58].

Em Abril, a blogosfera volta a agitar-se com a história do despedimento de alegados jornalistas do “Primeiro de Janeiro”, pretensamente devido a expressarem, no blogue que mantinham (Diário de um jornalista [59]), críticas à gestão interna do jornal.

O mesmo mês marca também o início do Afixe [60], que, tendo começado com dois membros, se viria a transformar num dos maiores “conglomerados” da blogosfera, agrupando actualmente 10 colaboradores.

A 22 de Junho, na “Festa do Solstício”, promovida pelo Causa Nossa [61], seriam atribuídos alguns prémios “blogosféricos”: Prémio “Carreira” – Paulo Querido, António Granado e Pacheco Pereira (cada um, à sua maneira, dando um contributo decisivo para a afirmação da blogosfera em Portugal); Melhor blogger – Pedro Mexia (um dos dinamizadores d’A Coluna Infame, tendo prosseguido com o Dicionário do Diabo e, posteriormente, no Fora do Mundo [62], vindo a dar lugar, já no final de Setembro de 2005, ao Estado Civil [63]); Melhor “blogue de esquerda” – Barnabé [64]; Melhor “blogue de direita” – Mar Salgado [65].

Em Setembro, Jorge van Krieken ameaça a Grande Loja do Queijo Limiano [66] com uma queixa-crime por alegada “difamação e calúnia grave” – a propósito de uma “entrada” relacionada com o caso de pedofilia na Casa Pia.

No final de Outubro de 2004, a blogosfera era “sacudida” com o caso “Do Portugal Profundo” [67], com a Polícia Judiciária a confiscar o computador do autor do blogue, por alegada quebra do sigilo judicial a propósito do caso de pedofilia na “Casa Pia”, conforme relatado no Correio da Manhã [68] – tal como no caso “Muito Mentiroso”, a agenda dos “media” tradicionais voltava a ser marcada pela blogosfera.

O início de Novembro fica assinalado pelo abandono de actividade de dois “blogues históricos”, o Janela Indiscreta [69] (página de relevância cultural) e o Valete Fratres! [70] (situado à direita do espectro político).

Ainda em Novembro, o Barnabé anunciava o lançamento de livro com textos editados no blogue, mais um livro surgido a partir da blogosfera, depois de “O Meu Pipi”, “Fora do Mundo” e “No Parapeito” (de Rita Ferro Rodrigues). Seguir-se-iam, já em 2005, as publicações de “Mil e Uma Pequenas Histórias” (Luís Ene – Ene Coisas [71]), “Pagar Para Ver” (Ana Roque – Modus Vivendi [72]), e “As Ruínas Circulares” [73] (João Pedro da Costa – já definido como o “blogger mais blogger”, pela forma única com que beneficia das potencialidades da ferramenta, particularmente a nível gráfico – conforme crítica ao livro, por José Mário Silva, “A blogosfera, modo de usar [74]), blogues instalados na plataforma weblog.com.pt, editados por Paulo Querido. Em Abril de 2005, seria editado também o livro “O Acidental” [75]. Em Maio, eram lançados: “Gato Fedorento – O Blog” e “O Livro da Rititi” (Rita Barata Silvério – Rititi [76]).

O mês de Dezembro de 2004 seria marcado pelo prémio de melhor blog jornalístico em português do “Best Of the Blogs” (da Deutsche Welle), atribuído ao Ponto Media, de António Granado.

A 17 de Dezembro, Paulo Querido anuncia o primeiro caso de pedido de informação por parte de um Tribunal relativamente a um conteúdo do weblog.com.pt.

A blogosfera iniciava o seu processo de amadurecimento, com o princípio de generalização da audiência; muitos dos blogues da classe de 2003 vinham entretanto abdicando; outros continuavam a nascer diariamente, alargando a temática para além dos acesos debates políticos: surgiam blogues específicos de música, cinema, literatura, artes, história, informática, desporto, de tendências sexuais minoritárias.

A 14 de Fevereiro de 2005, José Mário Silva publicava no “Diário de Notícias” o artigo “Blogue de encontro, uma experiência cibernética”, aflorando a temática dos conhecimentos amorosos via blogosfera, com referência também ao surto de “babyblogs”. Reflectindo a propósito do sexo, Júlio Machado Vaz iniciava, no final de Fevereiro de 2005, o Murcon [77].

No final de Março, o “Diário de Notícias”, prosseguindo a abordagem do fenómeno dos blogues, apontava a criação diária de mais de 70 blogues e a existência de mais de 37 000 diários activos [78].

O dia 10 de Junho é marcado por um alegado “arrastão” na praia de Carcavelos, o qual teria envolvido cerca de 500 indivíduos de cor, assaltando os banhistas; tal constituiria ponto de partida para intenso debate na blogosfera. Finalmente, chegar-se-ia à conclusão que não se tratara de um “arrastão”, mas sim, basicamente, de um grupo em fuga da polícia (conforme abordado em “O céu sobre Lisboa” [79]).

A 20 de Junho, João Paulo Meneses (Blogouve-se [80]), numa iniciativa inovadora, visando contribuir para reforçar a transparência entre “bloggers” e leitores, apresenta um “Guia Ético e Técnico para o blogue” [81], com um conjunto de compromissos (unilaterais), de ordem técnica e deontológica: «Quem lê e quem comenta tem o direito de saber o que o espera – porque há uma lógica subjacente a cada blogue e a este também. Pretende-se que este guia seja uma forma de estabelecer uma relação mais transparente com os eventuais leitores ou uma maneira de a clarificar».

Também em Junho de 2005, era lançada a ideia do “Blogreporters”, tendo por objectivo “permitir que as pessoas interessadas em fazer jornalismo profissional, possam de uma forma simples e gratuita publicar as suas peças, demonstrando o seu valor. Porém, o BlogReporters não pretende ser apenas um espelho dos órgãos de comunicação social nacionais, mas antes um espaço novo e original, uma lufada de ar fresco no panorama dos média nacionais, no qual se façam finalmente as reportagens que nunca ninguém ousou fazer em Portugal, no qual se valorize a investigação e a inovação” [82].

7.2. Mediatização da blogosfera

O processo de mediatização da blogosfera teria início, a 25 de Janeiro de 2003, no “Público”, com António Granado a escrever, pela primeira vez, sobre os blogues de maior projecção: A Coluna Infame e Blog de Esquerda. A 28, Pedro Mexia referia A Coluna Infame no “Diário de Notícias”. A 30 de Janeiro, novamente no “Público”, era a vez de Eduardo Prado Coelho se referir aos blogues.

A 1 de Fevereiro, também no “Público” (suplemento “Mil Folhas”), foi Isabel Coutinho a abordar o fenómeno; ainda em Fevereiro, a 21, seria Paulo Pinto Mascarenhas, a referir-se-lhes, no “Independente”.

Já em Março, no dia 1, José Mário Silva escrevia no suplemento “DNA” do “Diário de Notícias”, uma crónica sobre blogues [83], abordando a “revolução em curso na internet”. Em 20 de Março de 2003, Pacheco Pereira apresenta como tema na sua coluna no “Público” o debate a propósito da guerra do Iraque, então tema central de alguns dos principais blogues.

A revista “Meios”, no seu número referente ao mês de Maio, edita um texto sob o tema: «“Blogs”: o outro lado da Internet». A 4 de Maio, são apresentados no “Público” novos artigos sobre o fenómeno dos “weblogs”. No dia 7, Carlos Pinto Coelho fala sobre os blogues no programa televisivo “Acontece” (na RTP2). A 9 de Maio, o “Público” (no suplemento “Y”) fazia nova referência aos blogues nacionais.

A propósito da “chegada” de Pacheco Pereira, a 10 de Maio era a vez do “Diário de Notícias” abordar o tema, lançando pistas para a descoberta deste “admirável mundo novo”, com sugestões de blogues posicionados à direita e à esquerda, humorísticos ou “literários”.

A 17 de Maio, no “Expresso”, Paulo Querido aponta o tema da abertura do – até então – “mundo fechado da blogosfera” e a viragem dos blogues para o exterior, não só para o público da net, mas, de forma mais alargada, para o público em geral.

Ainda em Maio, o “Diário Económico” publica também um artigo sobre weblogs, notando que: «A política é o tema mais discutido nos “weblogs”, devido à liberdade de expressão», mas apontando também a existência de espaços de humor, por exemplo com o “Blogue dos Marretas” ou o “Gato Fedorento”.

A 18 de Junho, os blogues chegavam à rádio, por via de Francisco José Viegas, na Antena 1, no programa “Escrita em Dia”, num debate com alguns conhecidos “bloggers”: José Mário Silva, Nuno Costa Santos, Pedro Lomba e Pedro Mexia.

Pacheco Pereira, na sequência da criação do Abrupto – e abordando ele próprio o tema blogues na sua coluna no “Público”, a 19 de Junho – viria a atrair o interesse dos “media” tradicionais sobre o fenómeno, num efeito de espiral, que, conferindo visibilidade à blogosfera, contribuiria activamente para que fosse conhecida por milhares de portugueses, potenciando o seu grande “boom”.

A 21 de Junho, na revista “Única”, do “Expresso”, faz-se também referência à dicotomia “direita-esquerda”, então bastante patente na politizada blogosfera nacional, com alusão ao fim de “A Coluna Infame”. No mesmo dia, um artigo de Pedro Rolo Duarte no “DNA” (suplemento do “Diário de Notícias”) questionava a “promiscuidade” entre jornalistas e “bloguistas”.

O “Destaque” do “Público” de 23 de Junho apresentava alguns dos principais blogues de entre os cerca de 1 000 existentes à data, com um conjunto de 10 textos, abordando o fenómeno da emergente blogosfera nacional sob várias perspectivas, um decisivo contributo para a aceleração do seu crescimento.

Na edição do dia 26, a revista “Visão” destacava também o fenómeno: «Bem-vindo à blogosfera: Um espaço de liberdade total ou um exercício de narcisismo? Com sarcasmo, humor ou seriedade, os pensamentos de centenas de portugueses revelam-se na Internet. Uns mais mediáticos do que outros, todos os autores têm algo a dizer. Está na hora de actualizar os dicionários: a palavra blogue entrou no léxico nacional»; os dados estavam definitivamente lançados!

A 28 de Junho, José Mário Silva escrevia no “DNA” (suplemento do “Diário de Notícias”): «Em pouco tempo, a blogosfera passou de uma espécie de clandestinidade obscura para a mais iluminada das ribaltas, sem meio termo, à semelhança de tantas outras coisas em Portugal. Se de início houve uma desconfiança porventura excessiva dos media tradicionais em relação ao fenómeno, agora acontece precisamente o contrário. Estamos em plena blogomania: os jornais de referência citam os blogues e dedicam-lhes editoriais; há destaques, reportagens e perfis de “bloggers” a aparecer por todo o lado; entrevistas em programas de rádio; o diabo a sete» [84]. No dia seguinte, o “Correio da Manhã” aborda também o tema, sob o título: “Blogue, A Nova Moda Cibernética”.

A 17 de Julho, Pacheco Pereira insistia na importância do papel da blogosfera como voz imprescindível para compreender o país contemporâneo. A 22, novamente pela mão de Francisco José Viegas, os blogues portugueses chegam à televisão, na NTV, no programa “Livro Aberto” – que tem também um blogue associado [85] –, num debate com as participações de Pedro Mexia (Dicionário do Diabo); Ricardo Araújo Pereira (Gato Fedorento); Nuno Jerónimo (Blogue dos Marretas); Bernardo Rodrigues (Desejo Casar [86]) e Cristina Fernandes (Janela Indiscreta).

Dois dias depois, o mesmo Francisco José Viegas abordaria o tema nas páginas dos jornais, no “Jornal de Notícias”: «De repente, a descoberta da blogosfera veio para as páginas dos jornais. José Pacheco Pereira publicou alguns artigos sobre a matéria e o essencial disse-o ele: é impossível saber o que pensa o Portugal dos anos 90 sem referir a blogosfera, o mundo dos blogs, a travessia imediata da internet por cidadãos anónimos ou com nome que, diariamente, dão opinião, escrevem sobre todos os assuntos (de política a medicina, de sociologia a arquitectura, de literatura – sobretudo – ao dia-a-dia de gente que não conhecemos)» [87]. No “Público” de 31 de Julho, Eduardo Prado Coelho escrevia também sobre os blogues.

Nos meses de Agosto (no dia 11) e Setembro (a 2), o “Diário de Notícias” abordaria também o tema, por intermédio de Pedro Correia e Medeiros Ferreira, com uma nova abordagem sobre o fenómeno.

A 4 de Outubro, no suplemento “Actual”, do “Expresso”, António Guerreiro apresentava uma crítica ao “universo dos blogues”, nomeadamente pela reprodução na blogosfera de um regime que afirma ser o «responsável pela hipertrofia da “opinião” que caracteriza a imprensa, em Portugal», o do “mandarinato”, caracterizado pela «corrida ao espaço público mediático».

O vertiginoso ano blogosférico de 2003 fechava com a referência de Manuel António Pina, que escrevia na revista “Visão”: «A blogosfera é o lugar onde hoje melhor se escreve e se pensa em português. […] E o facto de a maior parte dos blogues ser, julgo, escrita por gente com menos de 30 anos justifica uma réstia de esperança no futuro» [88].

A 6 de Janeiro de 2004, Paulo Querido lança uma novidade, ao colocar disponível na Internet o primeiro texto sobre blogues a título de conteúdo pago (o artigo “Blogues de A a Z”, que havia sido publicado na revista do “Expresso” de 3 de Janeiro). A 9 de Janeiro, iniciava-se, na SIC RADICAL, com a “equipa completa”, formada pelos quatro autores do blogue, o programa humorístico “Gato Fedorento”.

Num “agitado” final de Fevereiro, Paulo Gorjão destaca no Bloguitica a “reacção” de um editorial de um jornal de referência (o “Público”) a um texto escrito num blogue (Causa Nossa): «Hoje deu-se mais um pequeno passo na História da blogosfera nacional. Ainda que em post-scriptum, um editorial de um jornal de referência reage a um texto de um blogue: José Manuel Fernandes responde a João Madureira».

Depois do “entusiasmo mediático” do Verão de 2003, os blogues quase tinham “desaparecido” dos meios de comunicação tradicionais. Paulo Pena, em artigo na revista “Visão” (edição de 15 a 21 de Abril) volta a “colocá-los no mapa”, a propósito do seu papel na convocação da militância política, nomeadamente manifestações contra a guerra no Iraque.

Em Maio de 2004, a blogosfera volta a passar por uma fase de grande turbulência, na sequência de artigo na edição electrónica do “Expresso” [89] («Alegando tendência para difamação Autoridade quer acabar “blogs”»), o qual não terá passado de uma “gaffe” de uma estagiária.

Em 16 de Setembro, no “Público”, Pacheco Pereira apresentava um novo balanço da “blogosfera”: «Há cerca de um ano, escrevi sobre os blogues no PÚBLICO, coincidindo com a sua descoberta por um público mais vasto. Houve, em seguida, o habitual surto de breve fama, centenas de blogues foram criados e dezenas de artigos mais ou menos apressados, mais ou menos informados, foram publicados. Tudo quanto era órgão de comunicação social publicou pelo menos um artigo sobre os blogues. Depois os blogues passaram de moda, muitos dos blogues criados desapareceram, embora a “audiência” global dos blogues tenha aumentado significativamente, mantendo-se esse efeito até hoje. É altura de fazer um balanço deste novo tipo de publicação electrónica. A blogosfera portuguesa mudou muito durante este ano, deixou de ser constituída por um pequeno grupo pioneiro, que a usava quase como um “espaço íntimo”, para se tornar, de um dia para o outro (a rapidez é uma característica do meio), mais agressiva, politizada no mau sentido, ressentida e implicativa. Mas essa fase também já passou e o melhor dos primeiros tempos “íntimos” e o melhor da fase de democratização da blogosfera permaneceram. Cerca de 20 a 30 blogues portugueses fornecem todos os dias novas ideias, reflexões, informações, que um cidadão avisado e culto não deve perder.» [90]

A 1 de Agosto, os “blogues políticos” (Abrupto, Barnabé e Causa Nossa) seriam objecto de destaque no Telejornal da RTP1.

A 3 de Outubro, a propósito do papel da blogosfera como fonte noticiosa, Joaquim Furtado escrevia em “A Coluna do Provedor do Leitor”, no “Público”, um interessante texto, “Contar com os blogues”.

Em Dezembro de 2004, e no espaço de poucos dias, o jornal “Público” edita dois artigos, baseando-se em “entradas de blogues”, sem contudo referir as fontes. A 26 de Dezembro, Joaquim Furtado aborda a questão, em “A Coluna do Provedor do Leitor: Copyright na Net”, concluindo: «O jornal cometeu, em conclusão, dois erros, reconheceu-os nas suas páginas como era, aliás, seu dever, deixando claro quais deveriam ter sido os procedimentos correctos. O processo de reflexão interna produzido pelos responsáveis do jornal e exposto nesta coluna, responde à transparência reclamada pelo leitor».

Já em 2005, em Maio, Pedro Mexia escrevia, no “Diário de Notícias”, tendo por mote a passagem do “Publico online” ao regime de acesso pago, sobre o tema “Acesso pago e blogosfera” [91], concluindo que «Menosprezar o mundo dos blogues é, como se sabe, um erro comum. O acesso pago aos jornais é provavelmente outro».

No “Expresso” de 20 de Agosto (revista “Única”), Paulo Querido fazia um balanço da evolução da blogosfera, em particular da relevância da sua vertente política: «E este é o futuro mais previsível da blogosfera de pendor participativo na res publica: levantar as questões que a imprensa por algum motivo está impedida de colocar (ou esqueça) e melhorar assim a accountability do poder político, que quase não tem antecedentes históricos em Portugal» [92].

Finalmente, em artigo no “Público”, a 23 de Agosto, Vital Moreira, a propósito da necessidade de um “5º poder”, enquadrava a importância da blogosfera: «[…] apesar de crescente, a visibilidade pública dos blogues é ainda muito reduzida entre nós. É pequeno o número dos seus frequentadores regulares. São muito poucos os blogues que têm notoriedade, devendo-a vários deles ao conhecimento de que os seus autores gozam por razões exteriores à blogosfera […]» [93], finalizando com a expectativa de que virá a assumir uma relevância crescente, particularmente na esfera política.

7.3. Blogosfera política

Com a criação do Blog de Esquerda, em Janeiro de 2003, nascia «um novo espaço de pensamento e opinião sobre política e cultura», que viria a constituir um “contraponto” face à Coluna Infame, com quem travaria acesos debates, culminando com o episódio que originaria a suspensão desta.

A dicotomia política entre a direita e esquerda na blogosfera seria a partir de então (tendo inicialmente por motivação a intervenção estado-unidense no Iraque, em Março de 2003), e até hoje, uma constante.

No início de Junho de 2003, o Blog de Esquerda (por intermédio do “convidado” Daniel Oliveira) e A Coluna Infame (na pessoa de João Pereira Coutinho) “desentendem-se”; a resposta de João Pereira Coutinho não seria subscrita pelos outros membros do blogue, o que levaria a uma cisão em A Coluna Infame, e, dias depois, a 10 de Junho, à sua suspensão: «A Coluna Infame termina aqui a sua jornada. Começámos em Outubro de 2002, fascinados pelo fenómeno blogger, e convencidos de que era útil travar deste modo novo o combate cultural contra a hegemonia intelectual da esquerda. Desde essa data, o número de blogs mais que duplicou, e muitos deles defendem os mesmos valores que nós. Facto inédito, a «não-esquerda» domina mesmo a blogosfera portuguesa. Paralelamente, cresceu o interesse dos media por este fenómeno. Para além de uma pequena legião de talentos anónimos, cultos e inteligentes, os blogs começaram também a atrair figuras públicas. A blogosfera (política em particular) passou a ser um assunto de conversa».

No dia seguinte, o editorial do “Público” referia o acontecimento: «A “Coluna Infame” acabou. A blogosfera está mais pobre. E o país também – mesmo que a maioria nunca tenha ouvido falar nem da “Coluna”, nem da blogosfera

A 8 de Maio – dois dias depois da criação do Abrupto por José Pacheco Pereira – surgia o Mar Salgado, também integrante da “blogosfera política” com uma plural tripulação de “velhos lobos-do-mar”.

A 10 de Setembro de 2003 nascia o Barnabé, blogue colectivo sobre política e cultura, de esquerda, agrupando o político Daniel Oliveira, os historiadores André Belo, Rui Tavares e Pedro Oliveira, o jornalista Celso Martins e a ilustradora Rosa Pomar: «O que é que tem o Barnabé? O Barnabé é um blogue sobre política e cultura. O Barnabé não é um blogue intimista. O Barnabé é tão Narciso como os outros, mas tem vergonha na cara. O Barnabé é um blogue pós-narcisista. O Barnabé é um blogue de esquerda e heterodoxo» [94].

Após uma “falsa partida” no mês de Julho, teria finalmente início, a 22 de Novembro, o Causa Nossa, reunindo um “extraordinário grupo de famosos”: Ana Gomes, Eduardo Prado Coelho, Jorge Wemans, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira.

A 15 de Janeiro de 2004, o programa de debate político da SIC Notícias, “Quadratura do Círculo”, moderado por Carlos Andrade, então com as participações de José Magalhães, Lobo Xavier e Pacheco Pereira (sucessor do famoso programa de sucesso na rádio, “Flashback”, na TSF), inaugurava o seu blogue: “Quadratura do Círculo – Está aberto o debate” [95].

Em Fevereiro de 2004, alguns membros do CDS-PP lançarem O Blog do Caldas [96], o primeiro “blogue oficial” de um partido em Portugal, o qual viria a ter início efectivo apenas a 2 de Março.

A propósito da comemoração do 30º aniversário do 25 de Abril, um blogue (“Aqui Posto de Comando”) agregava cerca de 650 textos alusivos à data, publicados em mais de 100 blogues. Por esses dias de Abril, surgia a debate um polémico slogan (oficial) referindo que Abril era “Evolução” (deixando cair o R, de “Revolução”), com a blogosfera a dar uma clara resposta, mostrando a sua grande dinâmica.

Na sequência de deliberação aprovada na Assembleia da República, já em Julho de 2003, criando uma «zona reservada à página pessoal ou “weblog” de cada deputado para difusão electrónica de informação relativa ao exercício do seu mandato na Assembleia da República e respectivo círculo e mais fácil interacção com os eleitores, cuja gestão será da sua exclusiva responsabilidade em articulação com os serviços», o deputado José Magalhães criava, em 6 de Maio de 2004, o “primeiro blogue parlamentar”: o República Digital, logo seguido (a 17) por Guilherme d’Oliveira Martins, com o Casa dos Comuns [97].

Entretanto, a 7 de Maio, fora criado o blogue de Manuel Monteiro, integrado na página do Partido da Nova Democracia (“O Blogue do DigaoManel”), o qual se esgotaria aquando da realização das eleições para o Parlamento Europeu, a 13 de Junho. A propósito destas eleições, havia sido também criada uma página agregadora (“Ter Voz nas Europeias 2004” [98]), tendo por objectivo “Navegar contra a abstenção”, apelando aos “Blogs, de todas as cores e feitios, pela discussão e participação nas eleições europeias”.

Até que, a 29 de Junho, Durão Barroso anunciava ao país a sua intenção de se demitir do cargo de Primeiro-Ministro, de forma a aceitar o convite a candidato à Presidência da Comissão Europeia. Estava instalada uma crise política que seria alvo de amplo e alargado debate na “blogosfera”, nomeadamente no Abrupto, Barnabé, Blasfémias, Blogue de Esquerda, Bloguitica, Causa Nossa, Mar Salgado e Tugir [99]. A 18 de Julho, Paulo Querido daria o merecido destaque à intervenção da blogosfera a propósito da crise política, em artigo na Revista “Única”, do “Expresso”.

A 6 de Outubro, dá-se o “Caso Marcelo”, com a suspensão dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa na TVI, devido a alegadas pressões sofridas, também na sequência de críticas do Ministro dos Assuntos Parlamentares ao formato da sua intervenção televisiva, “sem contraditório”. A blogosfera – como se vinha tornando sua marca distintiva – reagiu de imediato (tal como destacado em artigo de Cristina Bernardo Silva no “Expresso online” [100]).

A crise política associada à dissolução do Parlamento passou também – inevitavelmente – pela blogosfera, conforme destaque no “Diário de Notícias” de 2 de Dezembro [101].

Não obstante a crescente notoriedade da blogosfera, os políticos apenas timidamente iam aderindo ao fenómeno; primeiro Manuel Alegre [102] (ainda em Julho de 2004), com o blogue de candidatura à liderança do Partido Socialista, e, mais tarde, já na fase de pré-campanha eleitoral, Helena Lopes da Costa [103] e Nuno Morais Sarmento [104] (ambos no final de 2004) e António José Seguro [105] (em Janeiro de 2005).

O ano de 2005 iniciava-se então com a chegada em força à blogosfera (embora de forma fugaz) dos principais políticos, com blogues de campanha. Na realidade, a explosão blogosférica de 2003 apenas teria um episódico paralelo, ao mais alto nível das figuras políticas nacionais, aquando da campanha eleitoral para as eleições de Fevereiro de 2005, surgindo então (por convite da plataforma de blogues do “Sapo”) os (efémeros) blogues de José Sócrates [106], Pedro Santana Lopes [107], Paulo Portas [108] e Jerónimo de Sousa [109].

Integrado numa página especial de acompanhamento das eleições legislativas, a SIC lançaria também o seu blogue de acompanhamento da campanha eleitoral: “Diário da Campanha” [110]; também a TVI criou uma página com formato de blogue para acompanhamento das eleições [111]. Por seu lado, Pedro Magalhães daria início ao Margens de Erro [112], acompanhando igualmente a evolução da campanha eleitoral, no que respeitava às tendências das sondagens.

Entretanto, no início de Fevereiro, o “Diário de Notícias” passava em revista os blogues dos candidatos [113], ao mesmo tempo que fazia eco [114] do estudo de João Canavilhas, “Blogues políticos em Portugal: O dispositivo criou novos actores?” [115], em que se conclui que “A passagem para a esfera pública parece continuar a depender do impulso dos media tradicionais, pelo que se poderia dizer que actualmente os blogues ainda não geram novos actores”, ressalvando contudo que “a Internet é um meio muito recente, pelo que ainda não entrou na fase de massificação”, sem esquecer os exemplos da passagem da blogosfera para a mediaesfera.

Na mesma altura, Pacheco Pereira fazia no Abrupto um exercício de comentário em tempo real ao debate televisivo entre José Sócrates e Pedro Santana Lopes. Na noite das eleições, acompanharia também a evolução dos resultados eleitorais no seu blogue.

Em meados de Maio, surgia um novo blogue na área política da blogosfera, o Bicho Carpinteiro [116], juntando Joana Amaral Dias, Medeiros Ferreira, Bettencourt Resendes e Maria João Regala.

Surgiam então na blogosfera movimentos visando um efectivo papel impulsionador do debate e reflexão sobre o referendo ao Tratado Constitucional Europeu, raramente vistos para além da fronteira dos blogues. A 18 de Maio, foi Pacheco Pereira a criar um blogue em defesa do “Não”: “Sítio do Não” [117]; seguiram-se nos dias imediatos “O Sítio do Sim” [118] e a “Comunidade de Blogs pelo Sim” [119] e ainda uma página de Marcelo Rebelo de Sousa (“É Sim” [120]). O debate viria a ser suspenso na sequência dos votos “Não” nos referendos francês e holandês que levaram a uma pausa no processo de ratificação do Tratado.

Já em Junho de 2005, Pacheco Pereira apresentava no Abrupto (artigo também publicado no “Público”) uma resenha dos 50 momentos mais importantes no pós-25 de Abril [121].

O fim do mês de Junho ficaria marcado pelo princípio do fim do Barnabé, um dos blogues mais visitados em Portugal, na sequência do abandono de Daniel Oliveira; o epílogo consumar-se-ia em 3 de Julho.

No mês de Julho, a blogosfera (por via de um conjunto de mais de 70 blogues) chamaria de novo a si uma responsabilidade social (um papel de “watchdog”, mobilizando a opinião pública), reclamando o esclarecimento governamental sobre os alegados estudos relativos à decisão de construção de um novo aeroporto na Ota, numa iniciativa que, partindo dos blogues, se alargaria aos “media” tradicionais, obrigando mesmo o Ministro das Obras Públicas a “sair a terreiro” [122]. Tal como sucedera com a questão do referendo ao Tratado Constitucional Europeu, a blogosfera vinha reafirmar que o exclusivo da “agenda política” em Portugal não pertence já, nos dias de hoje, aos “media” tradicionais.

Porém, já em Agosto, o segmento político da blogosfera seria novamente empobrecido, com o anúncio do termo do Jaquinzinhos [123]… tendo entretanto o autor (João Caetano Dias) regressado, já em Outubro, como colaborador do Blasfémias.

A propósito, o “Diário de Notícias” publicava, em 14 de Agosto, um controverso artigo em que, referindo a quebra de audiências verificada desde Junho de 2005, afirma que os “Blogues políticos deixam de ser motores da blogosfera nacional” [124], no que terá constituído, não obstante, apenas um breve “compasso de espera”, num mais alargado processo de maturação da blogosfera.

Com a aproximação das eleições autárquicas, surgiria, em particular, no mês de Setembro, uma nova vaga de “blogues de campanha”.

Por fim, a mais recente “micro-causa” seria lançada em 3 de Outubro por Paulo Gorjão no Bloguitica: “Pode o jornal “Público” sff esclarecer com quem é que Fátima Felgueiras manteve contactos no Secretariado Nacional do PS? Quando é que esses contactos tiveram lugar? Quem é que informou Jaime Gama previamente da libertação de Fátima Felgueiras?”, culminando com o Director do jornal – em programa na televisão, no canal 2: – remetendo mais informações para uma oportunidade futura.

8. FUTURO

A realidade é que é ainda demasiado prematuro fazer a “história da blogosfera”, assim como para avaliar a extensão das mutações que a explosão dos blogues veio trazer a nível da comunicação; é verdade que a blogosfera não adquiriu ainda a “massa crítica” suficiente.

Não obstante o mediatismo de que beneficiou desde 2003, não é ainda familiar à generalidade dos portugueses; mesmo nos EUA, o “grande público” apenas a descobriu aquando da última campanha presidencial (um estudo recente anunciava que apenas 16 % dos americanos serão leitores de blogues). Para se avaliar do estado ainda “quase embrionário” da blogosfera, apenas no final de 2004, a ABC News elegeu como “Homem do Ano” a comunidade de bloggers, enquanto que Merriam-Webster, um dos editores de dicionários de referência no mundo destacava o termo “blog” como palavra do ano.

Uma plataforma que é dirigida a todos – o Technorati rastreava, no início de Agosto de 2005, mais de 14 milhões de blogues –, desde particulares, associações, colectividades locais, escolas, empresas e que permite uma multiplicidade de variantes, passando pelos blogues pessoais, diarísticos, de viagens, de fotos, políticos, jornalísticos, de gestão de projectos, de partilha de conhecimentos, beneficiando de características como a mobilidade, o espírito comunitário, a instantaneidade, e o multimédia, parece ter hoje ainda um largo potencial de desenvolvimento futuro.

Ainda muito centrados nos conteúdos de texto, são inúmeras as possibilidades por explorar; tendencialmente, os blogues integrarão todos os conteúdos multimédia disponíveis, partindo das já bastante utilizadas fotos (fotologs), prosseguindo pelos conteúdos áudio (tendência que tem vindo a acentuar-se, com a disponibilização de “música de fundo”), chegando até ao vídeo e à partilha de aplicações.

A sindicância de conteúdos proporcionada pela norma RSS será também um dos pilares de desenvolvimento, informando os leitores, em tempo real, das actualizações dos seus blogues favoritos.

O futuro passará provavelmente pela dinamização dos moblogs (actualização dos blogues a partir de terminais móveis, para além do acesso wireless), do audioblogging, do videoblogging (com o aperfeiçoamento de hardware e software, permitindo uma nova expressão da criatividade individual, com “vídeos caseiros” complementando o sistema tradicional de comunicação por imagem, eliminando a necessidade de downloads – tendo a “vlogosfera” sido já objecto de artigo na revista “Pública” [125], suplemento do “Público”, de 21 de Agosto de 2005), eventualmente associados a uma intensificação da inserção publicitária (“blogvertising”) – assumindo o papel de um novo suporte publicitário, como o foram, por exemplo, as caixas Multibanco ou, noutro género, a exposição de marcas em programas televisivos), num veículo que favorece a segmentação do público-alvo, com especificidades próprias, consumido preferencialmente por potenciais “opinion makers”, beneficiando de uma “humanização das mensagens” proporcionada por um canal que assegura uma relação directa com os consumidores – e, no limite, com o nascimento dos “bloggers profissionais”.

Uma interrogação subsiste também sobre o futuro dos blogues no ensino, na literatura e na ciência.

E, concluindo, com a “final frontier”, a do espaço, tendo uma empresa norte-americana (MindComet) começado já a enviar blogues para o espaço (“Blog In Space” [126]), na expectativa de poder vir a estabelecer contacto com outras formas de vida inteligente…

Mas, em boa verdade, o futuro passará mesmo é por aqui: pelos protagonistas dos “babyblogs”!…[127]

Leonel Vicente, 15.10.2005

(Comunicação apresentada no II Encontro de Weblogs, na Universidade da Beira Interior, Covilhã)

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1 Winer, Dave, “The History of Weblogs” – http://newhome.weblogs.com/historyOfWeblogs
2 World Wide Web Consortium – http://www.w3.org/history/19921103-hypertext/hypertext/www/news/9201.html
3 What’s New – http://archive.ncsa.uiuc.edu/SDG/Software/Mosaic/Docs/old-whats-new/whats-new-0693.html
4 What’s New – http://home.mcom.com/home/whatsnew
5 The Blog Herald – http://www.blogherald.com/2005/03/06/a-short-history-of-blogging
6 Blood, Rebecca, “Weblogs: A History and Perspective” –http://www.rebeccablood.net/essays/weblog_history.html
7 24 Hours of Democracy – http://www.scripting.com/twentyfour
8 Scripting – http://www.scripting.com/frontier/admin/oldnewspages
9 Scripting News – http://www.scripting.com
10 Robot Wisdom – http://www.robotwisdom.com
11 Tomalak’s Realm – http://www.tomalak.org
12 CamWorld – http://www.camworld.com
13 Infosift – http://www.jjg.net/infosift/
14 Granado, António, “Público”, “Um fenómeno com seis anos”, 23 de Junho de 2003
15 Macacos Sem Galho – http://www.macacos.com
16 Gildot.org – http://www.gildot.org/articles/01/04/13/130211.shtml
17 Dee’s Life – http://www.dee-dee.net
18 Altas Doses de Cafeína – http://www.cafeina.org/artigos/8
19 Nónio.com – http://www.explicacoes.com/php_nuke/html/modules.php?name=Stories_Archive&sa=show_month&year=2000&month=08&month_l=Agosto
20 Velouria.org – http://velouria.org
21 Sonhos Virtuais – http://www.eternos.org/index.php?m=200011
22 Hiperbock – http://www.hiperbock.org
23 Granado, António, “Público”, “Um fenómeno com seis anos”, 23 de Junho de 2003
24 Ponto Media – http://ciberjornalismo.com/pontomedia.htm
25 Live Journal – http://www.livejournal.com
26 Jornalismo Digital – http://webjornalismo.blogspot.com
27 Jornalismo e Comunicação – http://www.webjornal.blogspot.com
28 ContraFactos & Argumentos – http://contrafactos.blogspot.com
29 Aula de Jornalismo – http://aulajornalismo.blogspot.com
30 A Coluna Infame – http://colunainfame.blogspot.com
31 Íntima Fracção – http://intima.blogspot.com
32 Blog de Esquerda – http://blog-de-esquerda.blogspot.com
33 Blogs em Pt – http://blogsempt.blogspot.com
34 Bloco-Notas – http://bloconotas.blogspot.com
35 Blogues no Sapo – http://blogues.no.sapo.pt
36 Blogo no Sapo – http://blogo.no.sapo.pt
37 Weblog.com.pt – http://weblog.com.pt
38 Blogs.sapo.pt – http://blogs.sapo.pt
39 Blogue dos Marretas – http://marretas.blogspot.com
40 Gato Fedorento – http://gatofedorento.blogspot.com
41 Abrupto – http://abrupto.blogspot.com
42 O Meu Pipi – http://omeupipi.blogspot.com
43 Almocreve das Petas – http://almocrevedaspetas.blogspot.com
44 Aviz – http://aviz.blogspot.com
45 A Origem das Espécies – http://origemdasespecies.blogspot.com
46 Socio[B]logue – http://socioblogue.blogspot.com
47 Avatares de um desejo – http://avatares-de-desejo.blogspot.com
48 Outro, eu – http://www.outro-eu.blogspot.com
49 Terras do Nunca – http://terrasdonunca.blogspot.com
50 Bloguitica – http://bloguitica.blogspot.com
51 Glória Fácil – http://gloriafacil.blogspot.com
52 Grande Loja do Queijo Limiano – http://www.grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com
53 Fonseca, Pedro, “Público”, “Escrever sim, discutir não”, 22 de Setembro de 2003
54 Mata-Mouros – http://matamouros.blogspot.com
55 Cataláxia – http://catalaxia.blogspot.com
56 Cidadão Livre – http://cidadaolivre.blogspot.com
57 Blasfémias – http://ablasfemia.blogspot.com
58 Liberdade de Expressão – http://liberdade-de-expressao.blogspot.com
59 Diário de um jornalista – http://diariodeumjornalista.blogspot.com/
60 Afixe – http://afixe.net
61 Causa Nossa – http://causa-nossa.blogspot.com
62 Fora do Mundo – http://foradomundo.blogspot.com
63 Estado Civil – http://www.estadocivil.blogspot.com
64 Barnabé – http://barnabe.weblog.com.pt
65 Mar Salgado – http://marsalgado.blogspot.com/
66 Grande Loja do Queijo Limiano – http://grandelojadoqueijolimiano.blogspot.com
67 Do Portugal Profundo – http://doportugalprofundo.blogspot.com/
68 Matos, Rodrigo de, “Correio da Manhã”, 28 de Outubro de 2004 – http://www.correiomanha.pt/noticia.asp?id=136546&idselect=9&idCanal=9&p=94
69 Janela Indiscreta – http://janela-indiscreta.blogspot.com
70 Valete Fratres! – http://valetefratres.blogspot.com
71 Ene Coisas – http://milmaisuma.leiturascom.net/
72 Modus Vivendi – http://amata.weblog.com.pt/
73 As Ruínas Circulares – http://asruinascirculares.weblog.com.pt/
74 Silva, José Mário, “Diário de Notícias”, 16 de Agosto de 2005 – http://dn.sapo.pt/2005/08/16/artes/a_blogosfera_modo_usar.html
75 O Acidental – http://oacidental.blogspot.com
76 Rititi – http://www.rititi.com
77 Murcon – http://www.murcon.blogspot.com
78 “Diário de Notícias”, 29 de Março de 2005 – http://dn.sapo.pt/2005/03/29/tema/mais_70_blogues_criados_todos_dias_p.html
79 O céu sobre Lisboa – http://o-ceu-sobre-lisboa.blogspot.com/2005/07/permaneci-com-uma-dvida-inquietante.html
80 Blogouve-se – http://ouve-se.blogspot.com/
81 Meneses, João Paulo, “Guia Ético e Técnico para o blogue” – http://oquesepassa.no.sapo.pt/carta%20%E9tica%20e%20t%E9cnica.htm
82 Blogreporters – http://blog.lisbonlab.com/2005/06/22/blogreporters-algumas-ideias-chave
83 Silva, José Mário, “DNA – Diário de Notícias”, 1 de Março de 2003 – http://escrita-automatica.blogspot.com/2003_02_23_escrita-automatica_archive.html
84 Silva, José Mário, “DNA – Diário de Notícias”, 28 de Junho de 2003
85 Livro Aberto – http://livro-aberto.blogspot.com
86 Desejo Casar – http://desejocasar.blogspot.com
87 Viegas, Francisco José, “Jornal de Notícias”, 24 de Julho de 2003
88 Pina, Manuel António, “Visão”, 18 de Dezembro de 2003
89 “Expresso Online”, 14 de Maio de 2004 – http://online.expresso.pt/1pagina/artigo.asp?id=24744264
90 Pereira, José Pacheco, “Público”, 16 de Setembro de 2004
91 Mexia, Pedro, “Diário de Notícias”, 20 de Maio de 2005 – http://dn.sapo.pt/2005/05/20/artes/acesso_pago_e_blogosfera.html
92 Querido, Paulo, “Expresso” – “Única”, 20 de Agosto de 2005
93 Moreira, Vital, “Público”, 23 de Agosto de 2005
94 Barnabé – http://barnabe.weblog.com.pt
95 Quadratura do Círculo – http://quadraturadocirculo.blogs.sapo.pt
96 O Blog do Caldas – http://oblogdocaldas.blogspot.com
97 Casa dos Comuns – http://blogs.parlamento.pt/casadoscomuns/default.aspx
98 Ter Voz nas Europeias – http://ter-voz-nas-europeias.weblog.com.pt/
99 Tugir – http://tugir.blogspot.com
100 Silva, Cristina Bernardo, “Expresso online”, 11 de Outubro de 2004 – http://online.expresso.clix.pt/common/services/imprimir.asp?id=24747271
101 Almeida, Marina, “Diário de Notícias”, 2 de Dezembro de 2004 – http://dn.sapo.pt/2004/12/02/media/blogosfera_concorreu_sites_cobertura.html
102 Manuel Alegre – http://manuelalegre.weblog.com.pt/
103 Helena Lopes da Costa – http://www.helenalopescosta.blogspot.com/
104 Morais Sarmento – http://moraissarmento.blogspot.com/
105 António José Seguro – http://antoniojoseseguro.blogs.sapo.pt/
106 José Sócrates – http://josesocrates.blogs.sapo.pt/
107 Pedro Santana Lopes – http://pedrosantanalopes.blogs.sapo.pt/
108 Paulo Portas – http://pauloportas.blogs.sapo.pt/
109 Jerónimo de Sousa – http://jeronimodesousa.blogs.sapo.pt/
110 Diário da Campanha – http://diariodacampanha.blogs.sapo.pt/
111 TVI – Legislativas 2005 – http://forum.tvi.iol.pt/index.php?site=blogs&bn=blogs_legislativas2005
112 Margens de Erro – http://margensdeerro.blogspot.com
113 Correia, Pedro, “Diário de Notícias”, 3 de Fevereiro 2005 – http://dn.sapo.pt/2005/02/03/nacional/os_queridos_diarios_politicos.html
114 Silva, Martim, “Diário de Notícias”, 3 de Fevereiro de 2005 – http://dn.sapo.pt/2005/02/03/nacional/blogs_podem_mass_media.html
115 Canavilhas, João, “Blogues Políticos em Portugal: O dispositivo criou novos actores?” –http://www.bocc.ubi.pt/pag/_texto.php3?html2=canavilhas-joao-politica-e-weblogs.html
116 Bicho Carpinteiro – http://bichos-carpinteiros.blogspot.com
117 Sítio do Não – http://sitiodonao.weblog.com.pt/
118 O Sítio do Sim – http://ositiodosim.blogs.sapo.pt/
119 Comunidade de Blogs pelo Sim – http://sim.21publish.com/
120 É Sim – http://209.51.158.83/~esim/
121 Abrupto – http://abrupto.blogspot.com/2005_06_01_abrupto_archive.html#111848828181477853
122 Garrido, Helena – “Diário Económico”, 12 de Agosto de 2005 – http://www.diarioeconomico.com/edicion/noticia/0,2458,663152,00.html
123 Jaquinzinhos – http://jaquinzinhos.blogspot.com
124 Almeida, Marina e Gaspar, Miguel, “Diário de Notícias”, 14 de Agosto de 2005 –http://dn.sapo.pt//2005/08/14/media/blogues_politicos_deixam_ser_motores.html
125 Revista “Pública”, http://jornal.publico.clix.pt/default.asp?sid=3956
126 Blog in space – http://www.bloginspace.com/
127 Babyblogs – http://www.babyblogs1.blogspot.com

Outras referências bibliográficas

– “Blogs, podcasts and camera phones fill the airwaves”, The Guardian, 20 de Julho de 2005 – http://www.guardian.co.uk/business/story/0,,1531932,00.html

– “En direct du globe: les blogs – Nouvelle ère de l’internet ou nouvelle bulle?”, « Dossier de veille – Aquitaine Europe Communication », nº 15, 17.06.05

– Barbosa, Elisabete – Blog Clipping – http://blogclipping.blogspot.com/

– Nogueira, Joaquim Paulo e Nogueira, João L. – Metablogue – http://metablogue.weblog.com.pt/

– Querido, Paulo e Ene, Luís – Blogs (2003)

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