Archive for 3 Março, 2005
PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (IV)
Seguiria para Cochim, onde, chegado a 24 de Dezembro, seria recebido pacificamente, estabelecendo uma feitoria e alcançando uma aliança com o Samorim, carregando de especiarias (pimenta, canela e gengibre) os porões das naus, iniciando o regresso a Lisboa a 16 de Janeiro de 1501.
Chegaria a Lisboa a 23 de Julho de 1501, no termo de uma expedição não muito bem sucedida, em particular, pela incapacidade em submeter o Samorim de Calecut, apesar dos ricos carregamentos que transportara.
No ano seguinte, chegou a ser escolhido para comando da expedição no regresso à Índia, o que não se viria contudo a concretizar, vindo a ser substituído por Vasco da Gama.
Para honrar a palavra do Rei e a pedido deste, Cabral desistiu da capitania da sua segunda armada à Índia. D. Manuel agradeceu-lhe e prometeu que lhe daria o comando de outras armadas.
Porém, Pedro Álvares Cabral acabaria por se retirar da corte, fixando-se nas suas propriedades próximo de Santarém, onde viveu até 1520, tendo sido entretanto agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.
Tinha dado ao sonhado Império Português a sua maior dimensão, desde as terras da América abrangidas pela linha de Tordesilhas até ao Oriente. Estranhamente, nem o Rei D. Manuel I, nem os seus conselheiros, perceberam que este navegador trouxera também a notícia de uma terra de rara beleza e riqueza.
Apenas em 1514 seria agraciado com uma tença de 200 mil reais anuais. Só a partir de cerca de 1530, a Terra de Santa Cruz começaria a ser colonizada e, apenas em 1540, adquiria o seu nome definitivo, Brasil (com origem na madeira pau-brasil).
P. S. A propósito de Pedro Álvares Cabral, visite-se a excelente página da C. M. Belmonte, uma das fontes para as notas aqui apresentadas nos últimos dias.
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LÍNGUAS MINORITÁRIAS NA EUROPA (IV)
A Lei de “Reconhecimento dos direitos linguísticos da Comunidade Mirandesa” foi inicialmente apresentada na Assembleia da República como projecto (pelo Partido Socialista, então no Governo), em 17 de Setembro de 1998, com o seguinte texto de apresentação (que nos conta que a doce língua mirandesa não é de ontem, nem de anteontem, contando já oito séculos de existência; que, sem se sobrepor à língua fidalga que é o português, é tão nobre como ela ou qualquer outra; ganhando agora uma nova vida, saindo do esquecimento em que viveu tantos anos; finalmente, livre, podendo já cantar e afirmar-se, a par do português, como língua de Portugal):
“La Lhéngua Mirandesa, doce cumo ua meligrana, guapa i capechana, nun yê de onte, detrasdonte ou trasdontonte mas cunta cun uito séclos de eijistência.
Sien se subreponer a la “lhéngua fidalga i grabe” l Pertués, yê tan nobre cumo eilha ou outra qualquiêra.
Hoije recebiu bida nuôba.
Saliu de l absedo i de l cenceinho an que bibiu tantos anhos. Deixou de s’acrucar, znudou-se de la bargonha, ampimponou-se para, assi, poder bolar, strebolar i çcampar l probenir.
Agarrou l ranhadeiro para abibar l lhume de l’alma i l sangre dun cuôrpo bien sano.
Chena de proua, abriu la puôrta de la sue priêça de casa, puso fincones ne l sou ser, saliu pa las ourriêtas i preinadas.
Lhibre, cumo l reoxenhor i la chelubrina, yá puôde cantar, yá se puôde afirmar.
A la par de l Pertués, a partir de hoije, yê lhuç de Miranda, lhuç de Pertual.”
Uma Convenção Ortográfica da Língua Mirandesa encontra-se disponível aqui.
Links a consultar:
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/origem.html
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/espaco.html
http://www.eb2-miranda-douro.rcts.pt/mirandes/biblio.html
http://www.instituto-camoes.pt/arquivos/lingua/mirandes.htm
http://www.ps.parlamento.pt/?menu=iniciativas&id=271
http://www.ciberkiosk.pt/arquivo/ciberkiosk4/ensaios/mirandes.html
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