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PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (IV)

PACabralSeguiria para Cochim, onde, chegado a 24 de Dezembro, seria recebido pacificamente, estabelecendo uma feitoria e alcançando uma aliança com o Samorim, carregando de especiarias (pimenta, canela e gengibre) os porões das naus, iniciando o regresso a Lisboa a 16 de Janeiro de 1501.

Chegaria a Lisboa a 23 de Julho de 1501, no termo de uma expedição não muito bem sucedida, em particular, pela incapacidade em submeter o Samorim de Calecut, apesar dos ricos carregamentos que transportara.

No ano seguinte, chegou a ser escolhido para comando da expedição no regresso à Índia, o que não se viria contudo a concretizar, vindo a ser substituído por Vasco da Gama.

Para honrar a palavra do Rei e a pedido deste, Cabral desistiu da capitania da sua segunda armada à Índia. D. Manuel agradeceu-lhe e prometeu que lhe daria o comando de outras armadas.

Porém, Pedro Álvares Cabral acabaria por se retirar da corte, fixando-se nas suas propriedades próximo de Santarém, onde viveu até 1520, tendo sido entretanto agraciado com a comenda da Ordem de Cristo.

Tinha dado ao sonhado Império Português a sua maior dimensão, desde as terras da América abrangidas pela linha de Tordesilhas até ao Oriente. Estranhamente, nem o Rei D. Manuel I, nem os seus conselheiros, perceberam que este navegador trouxera também a notícia de uma terra de rara beleza e riqueza.

Apenas em 1514 seria agraciado com uma tença de 200 mil reais anuais. Só a partir de cerca de 1530, a Terra de Santa Cruz começaria a ser colonizada e, apenas em 1540, adquiria o seu nome definitivo, Brasil (com origem na madeira pau-brasil).

P. S. A propósito de Pedro Álvares Cabral, visite-se a excelente página da C. M. Belmonte, uma das fontes para as notas aqui apresentadas nos últimos dias.

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3 Março, 2005 at 6:04 pm

PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (III)

PACabralDe qualquer forma, Pedro Álvares Cabral apenas permaneceria em terra (na actual Baía Cabrália, na costa da Bahia) durante cerca de 10 dias, em que estabeleceu contactos com os índios, tendo sido também celebradas algumas missas.

Contudo, antes de retomar caminho para Oriente, via Cabo da Boa Esperança, a 2 de Maio, mandou erguer um padrão de pedra, tendo entretanto despachado um navio para Portugal (a nau de Gaspar Lemos) com a importante notícia do descobrimento (“achamento”) do Brasil, uma carta escrita por Pêro Vaz de Caminha.

Durante o percurso até à Índia, a armada perde mais cinco navios devido a uma tormenta de vinte dias ao largo do cabo da Boa Esperança, com furiosos vendavais e um mar agitado: quatro deles naufragaram, tendo perecido todos os tripulantes, incluindo Bartolomeu Dias, o primeiro a ter realizado o feito de “dobrar” esse cabo (em 1487); enquanto que uma nau se afastou, apenas se vindo a juntar novamente a Pedro Álvares Cabral em Cabo Verde, já aquando do regresso.

Depois de se deter algumas vezes na costa leste de África (em Sofala, Moçambique e Melinde), apenas seis naus avistariam Calecut, a 13 de Setembro de 1500.

Pedro Álvares Cabral procurava estabelecer uma feitoria em terra; contudo, muitos dos seus ocupantes portugueses acabariam por ser massacrados. O capitão português retaliou, queimando as embarcações muçulmanas que se encontravam no porto e bombardeando a cidade, sem conseguir contudo submeter o Samorim.

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2 Março, 2005 at 6:23 pm 2 comentários

PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (II)

PACabralDepois dos preparativos, no Domingo de 8 de Março, a viagem iniciou-se a 9 de Março de 1500, partindo do Restelo, transpondo a barra do Tejo e entrando nas águas do Atlântico.

Seguindo as instruções náuticas de Vasco da Gama, começou por passar no arquipélago de Cabo Verde, tendo depois, devido aos ventos e correntes, de alargar a rota para Sudoeste, pelo Atlântico Sul.

E é nesse “desvio” de quase um mês, talvez ainda mais impulsionado para Oeste pelos fortes ventos alísios, que, dois dias depois da Páscoa, a 21 de Abril – não sendo definitivo se por mero acaso, ou se em resultado de uma iniciativa intencional pré-determinada de exploração de novas terras (eventualmente já antes descobertas, em 1498, por Duarte Pacheco Pereira –, se avista grande quantidade de algas no mar.

PACabral-Mapa.jpegNo dia seguinte, vêem-se aves no céu, indiciando a proximidade de terra firme. Quando, horas depois, nesse dia de 22 de Abril, a terra é avistada, é dado o nome de Monte Pascoal a uma elevação, chamando-se à terra, “Terra de Vera Cruz”.

Na manhã seguinte, a 23 de Abril de 1500, a armada aproxima-se da linha de costa, vindo Nicolau Coelho a desembarcar, vendo então os primeiros indígenas (índios Aymoré), que parecem ter uma atitude pacífica, não mostrando intenção de fazer uso dos arcos e setas que transportam.

No dia seguinte, toda a tripulação desembarcaria, 10 léguas a Norte, em Porto Seguro, ficando deslumbrados com o clima, paisagens, animais e com as gentes “pardos e todos nus”.

Mais tarde, saber-se-ia que Cabral não fora o primeiro europeu a chegar ao Brasil; anteriormente, já Américo Vespucci (em Julho de 1499) e o espanhol Vicente Yañez Pinzón, antigo tripulante da armada de Colombo (em Janeiro de 1500) haviam avistado essa nova terra.

O que nunca foi possível confirmar foi se os portugueses já conheceriam a sua existência antes e se tal teria sido o motivo de terem conseguido uma revisão da repartição original do mundo em duas zonas de exploração (Portuguesa e Espanhola), ajustando a linha de separação mais para ocidente, de forma a incluir o território do Brasil na zona portuguesa (Tratado de Tordesilhas de 1494), o que teria levado a que o mesmo não tivesse sido anteriormente explorado.

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1 Março, 2005 at 6:02 pm

PEDRO ÁLVARES CABRAL – A VIDA E A VIAGEM (I)

PACabralPedro Álvares Cabral nasceu em Belmonte, por volta de 1467-1468, nono filho de Fernão Cabral, alcaide-mor de Belmonte e regedor da justiça real na comarca da Beira e Ribacoa, e de Isabel Gouveia.

Embora não beneficiasse das honrarias (donatarias e senhorios) acordadas ao filho primogénito, cedo ingressou como moço fidalgo na corte de D. João II (1478), ainda com o sobrenome materno de Gouveia, com o objectivo de receber uma educação própria da sua condição social, incluindo a instrução literária, assim como o uso de armas.

Viria posteriormente a prestar serviço numa praça do Norte de África, após o que, ainda jovem, casaria com Isabel de Castro, sobrinha do que viria a ser o maior governante da Índia, Afonso de Albuquerque.

Após o regresso de Vasco da Gama da Índia no Outono de 1499, dando conta ao rei das dificuldades em comerciar com os povos orientais, em Fevereiro de 1500 D. Manuel nomeia Pedro Álvares Cabral capitão-mor de uma armada de 13 navios (10 naus e três caravelas – tendo também por capitães Nicolau Coelho, Bartolomeu Dias, Diogo Dias, Sancho de Tovar, Simão de Miranda de Azevedo, Aires Gomes da Silva, Pedro de Ataíde, Vasco de Ataíde, Simão de Pina, Nuno Leitão da Cunha, Gaspar de Lemos e Luís Pires e recorrendo aos experientes pilotos Pêro Escobar, Pêro de Alenquer e Afonso Lopes), para uma segunda expedição à Índia.

Foi-lhe confiada a missão de transportar 1 500 homens para terras do Oriente (a maior frota de sempre, comparando com apenas cerca de 170 homens na primeira expedição à Índia) e conseguir restabelecer relações de amizade e alianças de comércio com o Samorim de Calecut, de forma a assegurar o domínio da rota e do comércio de especiarias, por via do estabelecimento permanente no território, tendo ainda presente a intenção de difundir o cristianismo entre os povos do Oriente.

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28 Fevereiro, 2005 at 6:01 pm 1 comentário


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