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Blogosfera em 2008 – Agradecimentos

A todos, os votos de um Bom Ano de 2009!

31 Dezembro, 2008 at 10:20 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXVIII)

O mês de Dezembro iniciou-se com uma cacha de O Insurgente: o anúncio, em “primeira mão”, da demissão de António Sampaio e Mello, do cargo de direcção do Gabinete de Estudos do PSD; antecipando uma notícia que apenas seria publicada na comunicação social nos dias seguintes.

A 3 de Dezembro começava o blogue “República das Badanas“, de Alexandre Honrado (que, no Rádio Clube, mantém programa em que a blogosfera e os seus autores marcam presença).

No dia 10 – celebrando os 60 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos – Fernando Nobre (fundador e presidente da AMI) lançava o blogue “Contra a Indiferença“: «A razão deste blog é muito simples: ser um espaço de liberdade onde exprimirei livremente, sem constrangimentos nem rodeios e intermediários, os meus pensamentos e reflexões sobre todos os temas que me interpelam, ou que o venham a fazer, e que me fazem, ou farão, gritar contra a indiferença que, como a intolerância e a ganância, considero ser uma das doenças mais mortíferas da Humanidade.»

Entretanto, durante vários dias, a Grécia viveu em grande tumulto, que foi também objecto de análise na blogosfera portuguesa: desde o Atlântico a O Tempo das Cerejas, passando pelo Corta-Fitas, Câmara de Comuns, ou por A Natureza do Mal.

Já na aproximação do final do ano, uma iniciativa que poderá vir a ter reflexos no espectro político português em 2009, com o “Fórum das Esquerdas” a ser lido sob diferentes ópticas, de que recupero também alguns exemplos: Vox Pop, Causa Nossa, Jugular, Corta-Fitas, Hoje Há Conquilhas Amanhã Não Sabemos, Blasfémias, Câmara de Comuns, ou Pedro Rolo Duarte.

A 17 de Dezembro, a SIC lançava um blogue para acompanhamento, em directo, de debate no Parlamento – Parlamento Global/SIC -, possibilitando a interacção com os leitores, porém não isenta de queixas

No dia seguinte tinha início o K7 Pirata, «um blog dedicado à divulgação de música que pode ser livremente partilhada», mantido por Bruno Miguel.

Pouco antes do Natal, o Corta-Fitas expandia-se, anunciando – quase diariamente – novos reforços: Tiago Moreira Ramalho, João Tordo, Bruno Pires, Miguel Somsen, Ana Garcia Martins e Nilton.

«Que ocasião melhor que o dia de Natal para iniciar um blogue?», interroga-se/(nos) Tiago de Oliveira Cavaco no novíssimo “Estremeceu no Ventre“.

E, claro, o final do ano é sinónimo de tempo de balanço(s), como apresentado também, nomeadamente, no A Origem das EspéciesAbrupto (I), Arrastão (I, II, III, IV, V, VI), Chez 0.3, ContraFactos & ArgumentosControversa Maresia (I, II), Corta-Fitas (I, II, III, IV, V, VI), Da Literatura, Estado Civil (I, II), French Kissin’, Innersmile (I, II, III, IV), Miniscente, n’O Amigo do Povo (I, II), ou no Risco Contínuo.

P. S. Já mesmo no encerramento de 2008, o dia 31 de Dezembro ficará assinalado pelo termo do Estado Civil, de Pedro Mexia…

30 Dezembro, 2008 at 12:03 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXVII)

Ainda a 16 de Novembro, dava-se o regresso do “Les Canards Libertaires“, com Tiago Ivo Cruz, Natasha Nunes, Mariana Mortágua, José Reis Santos, Rosa Félix e Ana Bastos.

Até que, a 18, a Presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite proferiria uma equívoca declaração -a propósito das reformas que o Governo tem procurado concretizar nas áreas da justiça, saúde e educação – questionando(-se) se «não seria bom haver seis meses sem democracia» para «pôr tudo na ordem». A reacção blogosférica seria implacável, ultrapassando largamente a centena de blogues; apenas alguns exemplos: O Insurgente5 Dias, Sorumbático, Câmara de Comuns, Corta-Fitas, Da LiteraturaBlasfémias, Atlântico, Nem Tanto ao Mar…, Portugal dos Pequeninos e Vox Pop.

No mesmo dia, iniciava-se o Red Light District, de Sérgio de Azevedo.

A 20, o inevitável fim da Byblos (maior livraria do país, inaugurada há menos de um ano) era também comentado na blogosfera: Da Literatura, Bibliotecário de Babel (também aqui), Irmão Lúcia e Abrupto.

No mesmo dia (25 de Novembro), contribuindo para a sistemática renovação da blogosfera, tinham início:

Risco Contínuo – com a participação de alguns bloggers já experimentados, integrando Alexandra Marques, Duarte Calvão, José Abrantes, José Mendonça da Cruz, João Eduardo Severino, João Távora, MissangaAzul, Paulo Cunha Porto, Tiago Salazar e Vasco M. Rosa;

Outubro – reunindo também um vasto conjunto de bloggers: Ana Catarina Mendes, António Correia de Campos, António Costa e Silva, Antonio Dornelas, Carlos Farinha Rodrigues, Domingos Farinho, Elisio Estanque, Filipe Nunes, Graça Fonseca, Helena Carreiras, Hugo Mendes, João Jesus Caetano, José Vera Jardim, Manuela de Melo, Maria Helena André, Miguel Cabrita, Patricia Cadeiras, Paulo Pedroso, Paulo Trigo Pereira, Rui Pena Pires, Tiago Barbosa Ribeiro e Vital Moreira; definindo-se como «um blogue de reflexão política no campo do socialismo democrático, do trabalhismo e da social-democracia».

Ao invés, era anunciado o final do “Bem Pelo Contrário“, de José Gomes André, que assim prosseguia a sua presença blogosférica apenas no “Era Uma Vez na América“.

29 Dezembro, 2008 at 12:02 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXVI)

Numa blogosfera que chega ao fim, quatro novos blogues começavam então a ensaiar os primeiros passos:

Casa Branca – Um novo espaço, criado por Germano Almeida (com início a 10 de Novembro), visando acompanhar, desde o seu início, a Administração Obama.

Soft Asylum – Principiado também a 10 de Novembro.

Irmandade do Éter – Mais um blogue (iniciado a 11 de Novembro) tendo por temática a rádio, desejando «devolver à arte radiofónica (?) a sua pureza e honestidade anteriores», contando com a colaboração de um conjunto de radialistas que escreviam já em blogues relacionados com a rádio: Francisco Amaral (Íntima Fracção), Francisco Mateus (Rádio Crítica), Hugo Pinto (Miss Tapes), Nídio Amado (O Cubo), Pedro Esteves (Lado B), Ricardo Mariano (Vidro Azul) e Zito C. (Bitsounds).

Webismo – Blogue de Sérgio Bastos, que nasce (a 16) com o «propósito de analisar as novas formas de comunicar via Web, no país (Portugal) e no mundo».

Também a 11 de Novembro, fora criado blogue em apoio de Joana Morais Varela, suspensa das funções de Directora da revista Colóquio/Letras, da Fundação Calouste Gulbenkian, e também alvo de processo disciplinar. A blogosfera reagiria também a este despedimento: Eduardo Pitta, no “Da Literatura“; “Almocreve das Petas“, “Portugal dos Pequeninos“, Ali-Se, ou “Ideias Soltas“, são apenas alguns dos exemplos.

Ainda nesse mesmo dia, seria lançada – numa edição da Quetzal – a obra “Amor e Ódio”, da autoria de Filipe Nunes Vicente, correspondendo à versão impressa («revista e aumentada») da série Odi et Amo, publicada no Mar Salgado.

A 13, a Antena1 anunciava o blogue “Os Dias da Rádio“, animado por Nuno Lupi, dando conta dos bastidores da rádio, mostrando quem são as pessoas que diariamente comunicam com os ouvintes.

Ao mesmo tempo que se realizava (a 14 e 15 de Novembro), na Universidade Católica, em Lisboa, o IV Encontro de Blogues, sob o lema “Blogues e Cultura”, cuja súmula de intervenções pode ser vista aqui, estando igualmente disponíveis para consulta online as apresentações de:

Jose Luis Orihuela (“Cultura Bloguer“)

Paulo Querido (“O Fim da Blogosfera“)

Mário Pires (“Cultura de Colaboração em Rede“)

Elisabete Barbosa (“Os Profissionais Portugueses de Comunicação na Blogosfera: Temáticas e Propósitos“).

28 Dezembro, 2008 at 12:01 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXV)

No dia seguinte, a 9 de Novembro, também no Público, era destacado o papel dos blogues no debate sobre as cidades:

Blogues estão a (re)acender debate sobre as cidades
09.11.2008, Alice Barcellos

Os assuntos ligados a cidades são cada vez mais comuns na blogosfera do país. São intervenções que contribuem para a participação cívica e promovem a reflexão

Há uns anos, um cidadão que quisesse participar de forma activa na vida da sua cidade tinha poucas hipóteses de ser ouvido. Se a vocação fosse muita, poderia tentar entrar no mundo político; se não fosse este o caso, sobravam as hipóteses de recorrer às reuniões da câmara municipal ou tentar entrar em contacto com algum dirigente. Hoje, quem tem algo a dizer sobre a cidade onde vive pode criar um blogue. E já são muitos os que fazem isto.

Os blogues que dedicam as suas páginas e posts sobre assuntos relacionados com uma cidade são cada vez mais frequentes em Portugal. Com mais ou menos qualidade e credibilidade, é possível encontrar na blogosfera portuguesa espaços que discutem o país de norte a sul à distância de um clique.

Até que ponto estes blogues são uma nova ferramenta de participação cívica ou constituem um local de difamação e crítica do sistema político estabelecido? João Canavilhas, professor de comunicação na Universidade da Beira Interior e investigador no Labcom (Laboratório de Comunicação Online), considera que a resposta para esta questão centra-se “nos objectivos de quem administra o blogue”.

“Um blogue genuinamente produzido por um cidadão, ou um grupo de cidadãos, sem interesses políticos é uma excelente forma de participação cívica”, diz o investigador, realçando que “muitos destes blogues nascem da impossibilidade do comum cidadão publicar nos jornais regionais”. Por outro lado, João Canavilhas não se esquece de referir a outra face de blogues urbanos: “Há blogues que são apenas mais um palco para as oposições e blogues anónimos que servem apenas para achincalhar os autarcas” (ver texto na página ano lado).

Da discussão cívica…

Os blogues “permitem a qualquer cidadão ter voz na sua comunidade”, apesar de ainda estarem dependentes da “amplificação da imprensa tradicional” para ganharem mais reconhecimento público, defende João Canavilhas. “Estes blogues continuam a ganhar terreno e penso que nas próximas autárquicas já serão um importante espaço de debate”, completa o investigador.

Entre os administradores dos principais blogues urbanos do país, a opinião é quase unânime: os blogues surgiram para colmatar a falta de discussão pública sobre os assuntos locais e tentar melhorar aquilo que está mal. Um exemplo já conhecido é o blogue A Baixa do Porto. Surge em 2004 na sequência do encerramento de um fórum on-line criado pela Câmara do Porto para discutir a revisão do Plano Director Municipal.

“Quando esse espaço fechou, os seus frequentadores habituais ficaram “sem abrigo” e eu resolvi lançar uma alternativa que mantivesse a característica de praça pública, ou seja, de um local onde qualquer pessoa pudesse se exprimir”, conta ao PÚBLICO o criador e administrador do A Baixa do Porto, Tiago Azevedo Fernandes, também conhecido pelas iniciais T.A.F.

“Verifiquei que havia muitas cabeças a pensar, mas não estavam, na altura, disponíveis ferramentas adequadas para permitir a troca eficaz de ideias nem para a formação sustentada e construtiva de opinião”, recorda-se. Hoje, o A Baixa do Porto recebe cerca de 1000 visitas diárias e conta com textos de membros do “executivo e da oposição autárquica”, além de outros especialistas.

Tiago Azevedo Fernandes acredita que a diversidade de opiniões é um dos factores para o reconhecimento do blogue, ao qual também se juntam “a necessidade que a sociedade civil sente em agir” e a existência de “regras claras de participação”. No A Baixa do Porto, os textos publicados devem ter “impacto na vida” da cidade e cumprir “regras mínimas de civismo”, “para que haja uma utilização responsável da liberdade de expressão”, explica o administrador do blogue.

… à força da imagem

Para dar mais credibilidade ao seu blogue, Paulo Morgado, criador e administrador do bracarense Avenida Central, optou por identificar-se, contrariando a tendência do anonimato presente em outros espaços virtuais. “Eu penso que a participação deve fazer-se com rosto”, afirma o blogger.

O Avenida Central, que aparece em 2006, tem como “principal objectivo estimular a reflexão e o debate sobre a cidade e a região, sem deixar de ter um olhar atento à actualidade nacional e internacional”, explica Pedro Morgado, que considera “que o número de blogues locais com qualidade ainda é baixo, mas que tenderá a crescer”.

O administrador vê o Avenida Central, que tem 800 a 1000 visitantes diários, como “mais uma forma de fazer cidadania”, justificando que “em Braga a discussão pública é muito rara”. Como facto mais mediático lançado pelo blogue, Pedro Morgado destaca “a Petição pelo Regresso do Eléctrico que resultou em várias iniciativas e tomadas de posição tanto na Assembleia Municipal de Braga como no próprio executivo municipal”.

Quando a discussão virtual tem repercussões na vida real, o objectivo de certos blogues é concretizado. Aconteceu com o Avenida Central, com o A Baixa do Porto e acontece com o recente, mas já bastante conhecido, Lisboa S.O.S. Preocupado com o “estado de degradação” da capital, o Lisboa S.O.S. aposta, sobretudo, no impacto da imagem.

“As pessoas estão cansadas de muito texto”, explica um dos criadores e administradores do blogue que prefere manter o anonimato, realçando que o faz “não para esconder mas para que o blogue seja de todos e não seja de ninguém”. “Não queremos ligar o blogue a nenhum nome”, diz o administrador.

Terreiro do Paço, Jardim Botânico, Mosteiro dos Jerónimos e outros locais emblemáticos de Lisboa já foram alvo das lentes atentas dos cinco participantes do blogue, que também se preocupa com problemas de certas freguesias ou bairros. O Lisboa S.O.S. conta com oito colaboradores que mandam fotografias, mas, todos os dias, recebem centenas de comentários e e-mails, que vão desde o apoio pelo trabalho feito no blogue até a denuncia de outras situações.

“Sabemos que a câmara e as juntas de freguesia vêem o blogue”, conta um dos administradores, afirmando que “o blogue tem mais actuação a nível de micro-situações e alerta para problemas ‘macro'”. Além do trabalho de denúncia, o blogue também mostra o lado positivo de certos factos, por exemplo, quando as situações problemáticas ou degradadas são arranjadas.

Também através de fotografias, o blogue A Cidade Surpreendente pretende mostrar o lado belo e contemplativo do Porto. O criador e administrador, Carlos Romão, vê no blogue “um acto de devoção com o Porto e uma prova de amor pela cidade”. E como a degradação do património não passa despercebida, Carlos Romão decidiu criar o blogue A Outra Face da Cidade Surpreendente, porque não era justo mostrar só a parte bela da cidade”, explica.

27 Dezembro, 2008 at 1:20 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXIV)

O mês de Novembro assinala – logo a 2 – o regresso do Melancómico, de Nuno Costa Santos: «Este melancómico vai ser menos conceptual do que o anterior. Venho como quase toda a gente: para publicar o que me apetecer, às horas que me apetecer.»

No dia seguinte, uma iniciativa original, a de reeditar a memória do jornal “Blitz”. Antecipando o 24º aniversário do início da publicação do jornal, surgia o blogue “O Velho Blitz – Edições do ano I do Jornal Blitz“, como forma de «tributo a esse jornal».

A 4, João Gomes apresentava-nos “O Amor nos Tempos da Blogosfera“, antecipando o lançamento (a 16 de Dezembro) do seu livro “Mulheres 2.0 – O amor nos tempos da blogosfera”.

E, a 5 de Novembro, José anunciava a sua saída da Grande Loja do Queijo Limiano, retomando a escrita no “Porta da Loja” (que criara em Novembro de 2003, entretanto suspenso desde Novembro de 2006). Com este abandono, a “Grande Loja do Queijo Limiano” parece ter perdido parte significativo do seu “fôlego”.

Para, a 7, e a pretexto do lançamento do mais recente livro do escritor estado-unidense Paul Auster (“Homem na Escuridão”) ser criado o blogue “Paul Auster“.

No mesmo dia em que a TSF apresentava o “Governo Sombra“, blogue associado ao programa do mesmo nome, com João Miguel Tavares, Pedro Mexia e Ricardo Araújo Pereira, sob a coordenação de Carlos Vaz Marques – «Querem, podem, mas não mandam».

A 8 de Novembro, a propósito de nova grande manifestação de professores em protesto contra o sistema de avaliação preconizado pelo Governo, o blogue “A Educação do Meu Umbigo“, da autoria de Paulo Guinote – um caso paradigmático de extraordinário sucesso entre a classe, congregando a atenção e opiniões dos docentes -, seria objecto de destaque no Público:

A força do blogue Educação do Meu Umbigo
08.11.2008, Isabel Leiria

Com uma média de 18 mil visitas diárias, o blogue de Paulo Guinote, professor do ensino básico, é actualmente um dos mais lidos.

Durante praticamente toda a carreira, Paulo Guinote, de 43 anos, foi apenas mais um professor “raso”, anónimo como a esmagadora maioria dos seus colegas. Hoje é lido diariamente na Internet por milhares de pessoas, solicitado por jornais e televisões, e sim, tem consciência, que o que escreve e comenta tem alguma influência.

“Passei a ter acesso a algumas informações que não tinha antigamente, recebi algumas pressões indirectas. Às vezes escrevia alguma coisa e 15 minutos depois estava a receber um SMS”, conta.

Quando Paulo Guinote, professor do 2.º ciclo de História e Língua Portuguesa no Agrupamento de Escolas Mouzinho da Silveira, na Baixa da Banheira, decidiu criar um blogue, a que deu o nome de Educação do Meu Umbigo, estava longe de imaginar a popularidade que viria a ter. “Era uma coisa mais para os amigos, onde ia pondo textos relacionados com o doutoramento que tinha concluído [em História da Educação]”. Em Abril de 2006, o contador do Google registava umas modestas 200 visitas mensais.

As políticas educativas em curso levaram-no a mudar o objecto dos seus posts. O Estatuto da Escravidão Docente, escrito a propósito das alterações à carreira dos professores, marcou o início da mudança. Gradualmente, cada vez mais docentes assumiram o hábito diário de ler e comentar o blogue de Guinote.

Dois anos depois, em Março de 2008, o mês em que mais de cem mil professores saíram à rua, disparou para as 550 mil visitas, fazendo da Educação do Meu Umbigo um dos blogues mais lidos em Portugal. Actualmente, tem uma média diária de 18 mil visitas, contabiliza o professor.

“Não sou uma figura pública. A educação é uma área para um nicho de mercado que não estava explorado [na blogosfera], mas que, teoricamente, não tinha grande potencial”, diz. Os números vieram provar o contrário. “A certa altura tornou-se estranho receber e-mails de pessoas que não conhecia a pedir opiniões, a apresentar casos…”

100 a 150 mails por dia

Agora, ler e seleccionar os 100 a 150 mails que recebe todos os dias é só mais uma das suas tarefas diárias. “São sobretudo moções aprovadas contra a avaliação [de desempenho dos professores], fichas e grelhas, sugestões de acções de luta”. É a consequência dos apelos que faz no seu blogue e que merecem resposta quase imediata dos docentes.

“Os professores habituaram-se a funcionar em circuito fechado. A escola fecha-se sobre si mesmo. Os blogues permitiram disponibilizar informação sobre o que se passava noutras escolas do país, partilhar experiências. Muitos dizem aí o que têm receio de dizer na sua sala de professores. É uma forma de evasão e até de terapia para situações de frustração a nível da escola e do quotidiano. Vão lá [ao blogue] como se fossem falar com os amigos. Depois geram-
-se minitertúlias. Uns ficam a falar de BD, de música [os vídeos retirados do You Tube são um dos posts obrigatórios]”, descreve Paulo Guinote.

Por vezes, geram-se ondas de solidariedade entre pessoas que apenas se conhecem no espaço virtual. Quando Guinote se viu a braços com uma ameaça de processo judicial por parte do presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais, Albino Almeida, foram muitos os mails enviados por professores a disponibilizarem-se para o que fosse preciso e até para abrir contas bancárias, recorda.

Paulo Guinote assegura que o que leva a dedicar três horas por dia ao blogue – passar a deitar-se bem mais tarde é a mudança mais visível na sua rotina – não é qualquer agenda política. Nunca se filiou num partido, nunca se sindicalizou, nem pensa fazê-lo. “Não gosto de organizações. Cartões só tenho o de dador de sangue”, garante.

“Sou um professor raso, que dá aulas há 20 anos e que estava cansado de ver publicadas coisas escritas por pessoas que não andam pelas escolas. Dois anos depois, escrever no Educação do Meu Umbigo tornou-se quase uma “obrigação”. Mas tornou-se também num “vício”, explica sentado à frente do computador, entre pilhas de revistas, livros e recortes de jornais que se amontoam à sua volta. […]

26 Dezembro, 2008 at 12:01 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXIII)

Ainda a 27 de Outubro, era criado o blogue “Estão a Roubar-nos o Tejo“, com o seguinte manifesto:

Lisboa prepara-se para observar a sua frente ribeirinha sofrer a mais grave agressão de sempre.

Opera-se uma revolução na zona ribeirinha do Tejo. Nos últimos meses, a um rítmo invulgar, anuncia-se a criação de uma sociedade para gerir a frente ribeirinha, a suspensão do plano director municipal de Lisboa para construir a sede da fundação Champalimaud em Pedrouços, a construção de um gigantesco terminal de cruzeiros em Santa Apolónia, a elaboração de um plano de urbanização para Alcântara ou o aumento do terminal de contentores para o triplo da actual capacidade, entregue por mais 27 anos sem concurso.

Seria expectável o envolvimento e o papel determinante da câmara de Lisboa na concretização destas pretensões. Seria desejável a discussão pública sobre todas as intervenções planeadas para a zona ribeirinha de Lisboa.

No entanto tudo está a ser concretizado com o irresponsável alheamento da câmara municipal de Lisboa e nas costas dos lisboetas. Sem a adequada divulgação, sem debate, sem discussão, sem respeito pela cidade e pelos cidadãos.

Não vamos deixar que nos roubem o Tejo!

Já a concluir o mês de Outubro, a SEDES – Associação para o Desenvolvimento Económico e Social dava início a um blogue, visando aprofundar as «suas formas de intervenção cívica, numa perspectiva de maior regularidade e de incremento das contribuições de todos – sócios e não sócios – para a discussão da actualidade económica e social». A intenção anunciada para o blogue é a de funcionar com «um painel rotativo de comentadores, parcialmente renovado em cada três meses, como forma de garantir uma participação alargada e visões diferenciadas sobre Portugal».

E, ainda a tempo de acompanhar o “Dia D” das eleições presidenciais estado-unidenses, mas com um âmbito mais abrangente, José Gomes André apresentava o “Era Uma Vez na América“: «Espero transformá-lo num espaço de reflexão e informação sobre a política norte-americana, quer na sua dimensão histórico-filosófica, quer em relação aos principais eventos da actualidade».

Preparando as Jornadas Parlamentares do PSD, realizadas a 3 e 4 de Novembro, foi criado um blogue específico – de muito curta duração… esgotando-se com a conclusão da referida reunião – associado a este evento.

23 Dezembro, 2008 at 12:01 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXII)

A 26 de Outubro, em artigo no Público – sob o título “Inspecção das Finanças leu emails de funcionários para tentar detectar fugas de informação” – anunciava-se que:

[…] No âmbito das investigações, foram ainda detectadas várias situações anómalas dentro da Direcção-geral dos Impostos (DGCI), como o desaparecimento de documentos ou a existência de programas para decifrar as password dos funcionários. O DIAP tentou ainda saber quem é o autor, ou os autores, do Jumento, um blogue que se dedica, essencialmente, a escrever sobre situações passadas na DG.

Para, no dia imediato, no mesmo jornal, se desenvolver a questão relacionada com o blogue “O Jumento“, a propósito da solicitação de intervenção da Interpol:

O Jumento chegou à Interpol

27.10.2008

Autoridades pediram a congénere dos EUA que identificasse autor do blogue

A Polícia Judiciária pediu ao gabinete nacional da Interpol que tentasse saber junto da sua congénere nos Estados Unidos da América (EUA) quem é, ou quem são, os autores do Jumento, um blogue que se dedica essencialmente a relatar alegados acontecimentos ocorridos no interior da Direcção-Geral dos Impostos (DGCI).

A intervenção da Judiciária no processo decorre de uma queixa do anterior director-geral dos Impostos, Paulo Moita Macedo. O inquérito procurava detectar os autores de alegadas fugas de informação da DGCI e dele consta uma exposição enviada a Paulo Macedo em Outubro de 2005 pelo director distrital de Finanças de Lisboa. Nessa informação, o director distrital de Finanças queixava-se que os textos publicados no Jumento eram difamatórios e passíveis de denegrir a imagem dos funcionários da administração fiscal.

Em Novembro de 2005, a Polícia Judiciária pediu ao director do gabinete nacional da Interpol que efectuasse diligências junto da sua congénere nos Estados Unidos, já que o referido blogue era administrado por uma empresa com sede em Portland. O pedido enviado para Washington tinha por objectivo determinar quem era o autor do blogue ou apurar os registos de identidade que permitissem identificar o seu autor.

A resposta das autoridades norte-americanas chegou em Março de 2006, mas não foi positiva, uma vez que a legislação norte-americana protege as informações respeitantes a registos de transmissões electrónicas, ou seja, seria necessário um pedido formal dirigido aos EUA nos termos do tratado de assistência mútua.

Perante estes factos e depois de ter visionado o blogue durante algum tempo, o Departamento de Investigação e Acção Penal de Lisboa concluiu que nada foi encontrado que consubstanciasse violação do dever do segredo dos funcionários e, como tal, arquivou a queixa.

V. C.

A reacção a esta notícia viria não apenas d’O Jumento, mas de uma pluralidade de vozes por essa blogosfera fora, de aqui recupero apenas alguns exemplos: Xadrezismo, Hoje Há Conquilhas Amanhã Não Sabemos (também aqui), Corta-Fitas, Tomar Partido. O caso teria ainda repercussão na mediasfera, aqui, no Jornal de Negócios.

22 Dezembro, 2008 at 12:12 am Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XXI)

A 17 de Outubro, num atribulado movimento blogosférico, Ana Matos Pires, Fernanda Câncio, Inês Menezes, João Galamba, João Pinto e Castro, Maria João Pires, Palmira F. Silva, Paulo Pinto e Rogério da Costa Pereira transferem-se em bloco do “5 Dias” para o “Jugular“, um novo conglomerado na blogosfera, no qual se reunem também Maria João Guardão, Miguel Vale de Almeida, Vasco M. Barreto e Paulo Côrte-Real. O “Jugular” recuperaria textos anteriormente publicados pelos seus autores noutros blogues.

Imediatamente antes, Nuno Ramos AlmeidaAntónio Figueira e Filipe Moura haviam anunciado a sua saída do “5 Dias”; na sequência do referido movimento de transferência em bloco, reconsiderariam a sua posição, regressando e assim integrando a nova formação do blogue, também reforçada com novos membros – nomeadamente Jorge Mateus, Emídio Fernando, Francisco Santos, João Branco, Paulo Jorge Vieira e Rui Curado Silva, também autor do Klepsýdra.

Em resposta a artigos publicados por Paulo Pinto Mascarenhas, Fernanda Câncio abordaria – em texto no Jugular – a questão da dissidência do “5 Dias”. E, entre os residentes no blogue inicial, também Filipe Moura replicaria a Paulo Pinto Mascarenhas…

Entretanto, precisamente no mesmo dia, noutro espaço da blogosfera, Paulo Cunha Porto protagonizava uma também agitada saída do Corta-Fitas (resultando igualmente no abandono de Duarte Calvão e João Távora);  regressaria, poucos dias depois, com “O Duro das Lamentações“.

Também a 20 de Outubro, iniciava-se a actividade do “Nem Tanto ao Mar…“, com a participação de Joana Lopes Moreira, João Vacas, Jorge Ferreira Lima, Mafalda Miranda Barbosa, Nuno Pombo e Rui Castro, e com a seguinte “declaração de princípios”: «[…] Não duvidamos da necessidade de fazer abrandar o abraço sufocante do Estado mas desconfiamos dos que lhe querem cortar os braços. Ah, e estamos fartos de radicais, anti-clericais, engenheiros sociais e outros que tais!»

21 Dezembro, 2008 at 5:45 pm Deixe um comentário

Blogosfera em 2008 (XX)

Logo a abrir o mês de Outubro, como que numa reacção epidérmica, a blogosfera teria – uma vez mais – “muito a dizer”, neste caso a propósito das críticas veiculadas por António Costa e Pacheco Pereira no programa televisivo “Quadratura do Círculo”, culminadas com os qualificativos de “submundo” e “lixo”. Tantos poderiam ser os exemplos, que a maior dificuldade é a de seleccionar alguns, excluindo outros. Aqui fica uma pequena amostra:

– Tomás Vasques – Hoje há conquilhas amanhã não sabemos (aqui, aqui, aqui e aqui)
– Paulo Gorjão – Vox Pop (aqui e aqui)
– Rui Vasco Neto – Sete vidas como os gatos
– Pedro Correia – Corta-Fitas
ValupiAspirina B 
– Paulo Pinto Mascarenhas – Atlântico
– José Pimentel Teixeira – Ma-Schamba

A 4 de Outubro dá-se o regresso do “Bandeira ao Vento“, de José Bandeira – «Blogues são como ostras: eles abrem e fecham.»

Para, no dia imediato, ter o seu início o novo País Relativo, regressando à blogosfera três anos e meio após a suspensão do País Relativo original – com uma vasta equipa, formada por André Salgado, António M. Costa, Filipe Nunes, Hugo Mendes, João Jesus Caetano, João Pinto e Castro, Mariana Trigo Pereira, Mariana Vieira da Silva, Miguel Cabrita, Pedro Delgado Alves, Pedro Machado, Rui Branco, Sílvia Sousa e Tiago Barbosa Ribeiro (que, em paralelo, encerrava a publicação do Kontratempos).

No dia 7 surgia o “carrinho de choque, blog de um escritor que não gosta de conduzir“, de Hugo Gonçalves.

A 8, em crónica publicada no Correio da Manhã, o Juiz Desembargador Rui Rangel abordava a questão “O blogueiro anónimo” (uma réplica a este artigo na “Grande Loja do Queijo Limiano”, da autoria de “José”…):

Neste mundo global, ninguém questiona as virtualidades e as vantagens dos blogues, enquanto ferramenta multifuncional que promove uma nova forma de comunicação, uma forma de expressão completamente livre. De facto, quando o blogue é usado correctamente constitui um importante instrumento de debate público, de debate pertinente e sério, prestando um bom serviço ao exercício da Democracia.

Mas o blogue que permite que a grande maioria dos bloguistas se refugie no anonimato não é sério, nem presta um relevante serviço à sociedade. […] Mas também sei que esta característica específica dos blogues, assente no anonimato, tem servido para proteger gente cobarde e mesquinha, que se refugia nesta forma de comunicar para vinganças pessoais, para ofender a honra e o bom-nome das pessoas que dão a cara e que não têm medo de pôr a assinatura em tudo o que fazem. […]

O blogueiro anónimo é, infelizmente, também juiz. […]

…Que teria a sua tréplica aqui.

20 Dezembro, 2008 at 12:03 am Deixe um comentário

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Convicto da compreensão da inexistência de intenção de prejudicar terceiros, não obstante, agradeço antecipadamente a qualquer entidade que se sinta lesada pela apresentação de algum conteúdo o favor de me contactar via e-mail (ver no topo desta coluna), na sequência do que procederei à sua imediata remoção.

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