Archive for 9 Março, 2005

CARTA DE PÊRO VAZ DE CAMINHA (III)

“Metem-no pela parte de dentro do beiço e o que lhe fica entre o beiço e os dentes é feito como roque de xadrez; e em tal maneira o trazem ali encaixado, que lhes não dá paixão nem lhes estorva a fala, nem comer, nem beber.

Os cabelos seus são corredios e andavam tosquiados de tosquia alta mais que de sobre-pente, de boa grandura e rapados até por cima das orelhas.

E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte para detrás, uma maneira de cabeleira de penas d’ave amarela, que seria de comprimento dum coto, mui basta e mui çarrada que lhe cobria o toutiço e as orelhas, a qual andava pegada nos cabelos, pena e pena, com uma confecção branda como cera e não no era; de maneira que andava a cabeleira mui redonda e mui basta e mui igual, que não fazia mingua mais lavagem para a levantar.

O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d’ouro mui grande ao pescoço. E Sancho de Tovar e Simão de Miranda e Nicolau Coelho e Aires Correa e nós outros, que aqui na nau com ele imos, assentados no chão por essa alcatifa.

Acenderam tochas e entraram e não fizeram nenhuma menção de cortesia nem de falar ao capitão nem a ninguém. Um deles, porém, pôs olho no colar do capitão e começou d’acenar com a mão para a terra e despois para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro. E também viu um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e então para o castiçal, como que havia também prata. Mostraram-lhes um papagaio pardo, que aqui o capitão traz, tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como queos havia aí. Mostraram-lhes um carneiro, não fizeram dele menção. Mostraram-lhes uma galinha, (quase haviam medo dela e não lhe queriam por a mão e despois a tomaram como espantados).

Deram-lhes ali de comer pão e pescado cozido, confeitos, fartéis, mel e figos passados; não quiseram comer daquilo quase nada. E alguma cousa, se a provavam, lançavam-na fogo fora. Trouxeram-lhes vinho por uma taça, mal lhe puseram a boca e não gostaram dele nada nem o quiseram mais.

Trouxeram-lhes água por uma albarrada; tomou cada um deles um bocado dela e não beberam; somente lavaram as bocas e lançaram fora. Viu um deles umas contas de rosairo, brancas; acenou que lhas dessem e folgou muito com elas e lançou-as ao pescoço e despois tirou-as e embrulhou-as no braço; e acenava para a terra e então para as contas e para o colar do capitão, como que dariam ouro por aquilo.

Isto tomávamos nós assim por o desejarmos; mas, se ele queria dizer que levaria as contas e mais o colar, isto não queríamos nós entender, porque lhos não havíamos de dar. E despois tornou as contas a quem lhas deu. E então estiraram-se assim de costas na alcatifa, a dormir, sem ter nenhuma maneira de cobrirem suas vergonhas, as quais não eram fanadas e as cabeleiras delas bem rapadas e feitas. O capitão mandou pôr à cabeça de cada um deles um coxim e o da cabeleira procurava assaz por a não quebrar. E lançaram-lhes um manto em cima e eles consentiram e ficaram e dormiram.”

[2135]

9 Março, 2005 at 6:17 pm

"A SHORT HISTORY OF BLOGGING"

“The first use of the term weblog in relation to the delivery of content on a website comes from the delivery of a paper titled “Exploiting the World-Wide Web for Electronic Meeting Document Analysis and Management” by G. Raikundalia & M. Rees, two lecturers from Bond University on the Gold Coast, Australia made to a conference on August 14, 1995.”

Pode ler mais aqui.

(via Atrium, que tomou conhecimento pelo e-Cuaderno, que o descobriu aqui, que o tinha visto aqui).

P. S. Mais um estudo sobre os “blogues” (via Adufe).

[2134]

9 Março, 2005 at 12:33 pm

LÍNGUAS MINORITÁRIAS NA EUROPA (VIII)

“Os romanos chegan a Galicia (s. 1 d.C.) moito máis tarde que ó resto da península (s. III a.C.). Comeza así unha tardía romanización que conlevou a incorporación dos celtas (e outros pobos) á lingua e cultura dos conquistadores. O latín pasaba a se converter na lingua dos galegos, mais este proceso non se deu de contado, senón paseniñamente por mor de casamentos e de determinadas vantaxes administrativas como a cidadanía romana, o reparto das terras, etc.

O proceso de romanización tamén se deu noutros lugares, o que explica que da lingua utilizada por aquel entón, o latín vulgar, derivasen as chamadas linguas românicas.

A partir do s. V chegan a Galicia pobos de raza e lingua xermánica que non son quen de asimilaren lingüisticamente ós galego-romanos, outro tanto acontecería coa escasa presencia dos árabes no noso país e a chegada de novas vagas celtas de Bretaña. Destes contactos, o galego recibe un gran número de préstamos lingüísticos tanto xermánicos (laberca, espeto, roupa, etc) como árabes en menor medida e máis indirectamente (Mamede, laranxa, aceite, azucre…).

A transformación do latín en galego produciuse de maneira progresiva e imperceptible. É imposible dar unha data exacta desde a que o latín é galego. No s. VIII a lingua da igrexa e da administración era tan distante da falada que hai dous sistemas diferentes: o latín e o galego.

O documento literario máis antigo dos coñecidos, a cantiga satírica Ora faz ost’o senhor de Navarra de Joan Soares de Paiva, data do s. XII. Dos comezos do s. XIII son os primeiros documentos non literarios, Noticia de Torto e Testamento de Afonso III de Portugal.”

(continua)

Links a consultar:
http://pawley.blogalia.com/historias/26633
http://galego.org/historia5.html
http://galego.org/historia6.html
http://galego.org/historia7.html

[2133]

9 Março, 2005 at 8:21 am


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