"OUTONO NA BLOGOSFERA"
27 Novembro, 2003 at 6:07 pm 3 comentários
No espaço de dois dias, dois “blogues” de relevo (Cataláxia e Espigas ao Vento) anunciaram o seu fim
Diz o Cataláxia:
“Estava há muito decidido terminar este blogue, assim ele registasse 20.000 visitas, o que hoje sucedeu.
Esta decisão, do conhecimento de alguns poucos amigos, foi difícil, dolorosa, mas necessária. Porque, como com qualquer paixão e vício, terminar um blogue faz pena. Aqui, ao longo dos últimos quatro meses, fomos debitando, a ritmo quase diário, opiniões, confissões, efabulações, chateando uns, implicando com outros, embora sempre tentando evitar ataques pessoais a quem quer que fosse. Mas, um homem livre deve combater o vício e dominar as paixões. E é, precisamente, o que estamos a tentar fazer”.
E, hoje, o Espigas ao Vento:
“O “Espigas ao Vento” surgiu a 4 de Fevereiro de 2003. O seu período de vida não chegou aos dez meses, mas serviu para tomar o pulso a um mundo excitante. O dos blogs.
…
Entretanto, o tempo começou cada vez mais a escassear, a vontade de dialogar com outros blogs desvaneceu-se, e o espigas transformou-se num apêndice das críticas que escrevo para o c7nema, com mais um ou outro post para disfarçar um aspecto que agora se tornou claro para mim: não sinto mais aquela vontade de blogar, aquela excitação dos primeiros tempos, as discussões de idéias. Logo, não faz sentido continuar um blog em piloto automático, copy-paste dos meus textos para outros sítios”.
Breve reflexão sobre o tema:
“Isto” é de facto muito exigente em termos psicológicos.
É um vício “tramado”: começamos – como sempre – na brincadeira, depois “tomamos-lhe o gosto” (começam a vir os links, as palavras simpáticas de incentivo, cada vez mais visitantes, …, uma autêntica bola de neve) e, sem darmos por isso, perdemos o “controlo”: o “blogue” deixa de “nos pertencer”, porque, inevitavelmente, experimentamos um condicionamento por sabermos que somos lidos e – não é possível negá-lo, sejamos sinceros… – acabamos, em maior ou menor escala, por ser conduzidos a escrever sobre “temas de interesse” (não necessária ou prioritariamente para nós, mas também para os outros) e, naturalmente, gera-se um cansaço…
Tudo isto já sem falar das exigências de disponibilidade de tempo para escrever e para ler “blogues”; é que é preciso não esquecer que “isto” não passa de um “hobby”, à margem / em “sobreposição” da / à nossa “vida real” de todos os dias (que estava – já antes dos “blogues” – “atarefadíssima” e “completamente preenchida”).
Uma solução “menos radical” será a de reduzir a intensidade: escrever apenas e exclusivamente “se e quando me apetecer”, sem constrangimentos de calendário ou “agenda” temática. Será uma opção exequível?
P. S. Entretanto, acabo de descobrir que o Martin Pawley pretende acabar também com o Dias Estranhos! (Neste caso, devido a comentários menos “próprios” sobre ideias defendidas pelo autor relativamente à sua terra-mãe). Mas, o que é que está a acontecer? “Não posso ficar sem a minha janela para a Galiza!…”
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1.
Martin Pawley | 27 Novembro, 2003 às 10:57 pm
Amigo Leonel, a xanela antes ou despois acabará por abrirse de novo. E non tardará moito, seguro. Trátase só dunha pequena mudanza, un simples cambio de bairro blogosférico na procura de algo de tranquilidade e sosego.
E ademais, sempre teremos o correo, o IRC, esas cousas…
2.
Mário | 27 Novembro, 2003 às 11:04 pm
O Martin tem razão Leonel, quando se criam laços, há sempre os telefones, o e-mail, o msn, muitas hipoteses de contacto.
Já blogo há práticamente 2 anos, nunca sei se um dia deixo de ter vontade de fazer entradas….
3.
vmar | 27 Novembro, 2003 às 11:45 pm
O que começou como uma brincadeira torna-se sério: correctíssimo.
Essa bola de neve que vai engrossando um dia rebenta: Inevitável!
Mas o vírus fica adormecido.
Um dia volta. È como o tabaco, muito difícil de largar.
Mas os amigos que nasceram dessas ligações permanecerão firmes.
Os que falharem a ligação não eram amigos, mas sim conhecidos.