Archive for Maio, 2004
“AOS INDIGNADOS COM A EXCLUSÃO DE BAÍA”:
Já por várias vezes aqui teve oportunidade de expressar a minha satisfação com as proezas (europeias) do FC Porto, reconhecendo a inegável capacidade competitiva da equipa.
Já aqui escrevi e reafirmo: desejo sinceramente que o FC Porto seja Campeão Europeu; sem querer “apropriar-me” de algo que pertencerá com mais propriedade aos portistas, acho que todos os portugueses deveriam ficar felizes com essa vitória que ansiamos e esperamos… e em que (todos) acreditamos (desde a vitória frente ao Manchester United, e também perante os restantes resultados dessa eliminatória, escrevi que o FC Porto passava a ser o principal favorito).
Uma das coisas que aprendemos (nós, os benfiquistas) com a ausência de vitórias ao longo destes 8 anos foi a ser “tolerantes”…
É claro que reconheço o direito à indignação de quem, convictamente, acha que estamos perante uma situação injusta.
Sem pretender advogar a causa de Scolari, a minha interpretação dos factos é a seguinte: Scolari ficou impressionado com a exibição que Ricardo fez no Portugal-Brasil (antes do Campeonato do Mundo de 2002) e, logo aí, fixou-o como sendo o melhor guarda-redes português (tinha aliás feito toda a campanha de apuramento para o Mundial e o lugar de titular da selecção não era objecto de grande discussão). Ricardo viria a fazer uma nova boa época (a última no Boavista), que levou a que fosse pretendido pelo Benfica e – gorada a transferência para a Luz – pelo Sporting.
Com alguma naturalidade, Scolari começou a chamá-lo à Selecção e “atribui-lhe o lugar” de guarda-redes. De boa fé, quero crer que Scolari decidiu, na primeira convocatória, não chamar Vitor Baía porque o “seu” guarda-redes titular era Ricardo e não “faria sentido” chamar Baía para o “banco”.
A partir do momento em que começaram “as pressões”, Baía ficou irremediavelmente afastado de qualquer hipótese; Scolari não iria aceitar que a sua “autoridade” fosse questionada; tinha já dado o exemplo no Brasil, com Romário.
O problema foi que Ricardo faria uma época “sofrível” no Sporting, começando também a revelar uma (inesperada?) insegurança nos jogos da Selecção. E aí, acho que Scolari cometeu um erro ao não “rodar” mais outros guarda-redes; a aposta quase exclusiva em Ricardo deixou-o numa posição difícil, embora irreversível no que respeita a Baía; não lhe era possível “voltar atrás” sem “perder a face” (apesar de ter pretendido “defender-se” com a chamada de Maniche).
Em conclusão (que já vai longa esta “carta aberta”): Scolari cometeu um erro de avaliação; apostou tudo em Ricardo, que não tem estado à altura. E ficamos agora na contingência de saber como reagirá o guarda-redes à pressão, numa situação de “alta competição”.
Agora, o que não vamos concerteza é “deixar de ser portugueses” porque Baía não foi convocado! A convocatória está feita, não é alterável. A oportunidade da contestação esgotou-se. São estes os nossos jogadores. Vamos apoiá-los? Claro que sim!
(Depois das “fracas provas no processo de avaliação contínua” – nos jogos de preparação – a avaliação final e definitiva terá de ser feita no termo do Campeonato da Europa).
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HERDEIROS (IV)
No cinema, Francis Ford Copolla e a filha Sofia Copolla são casos de sucesso; a filha, depois de uma não muito bem sucedida experiência como actriz (entre outros, em “O Padrinho”, dirigido pelo pai), viria a afirmar-se como realizadora (“Virgens Suicidas” e “Lost in Translation”).
Contrariamente ao que se verifica no Automobilismo, e talvez de forma surpreendente, não serão tão frequentes os exemplos de futeblistas “famosos”, filhos de futebolistas.
Em Portugal, a dupla de maior êxito foi sem dúvida a formada por José Águas e Rui Águas. Também do Benfica, recordo os Mário Wilson pai e filho; os Simões; o jovem Veloso (integrante das selecções juniores de Portugal), filho de António Veloso; estará ainda por demonstrar a capacidade do filho de João Vieira Pinto. No Sporting, o caso de Morato. Na actualidade, o caso de maior sucesso é o de Ricardo Sousa, filho de António Sousa.
José Águas, nascido em Angola, seria contratado pelo Benfica em 1950, na sequência de uma digressão da equipa à então província ultramarina. Em 13 épocas ao serviço do Benfica, sagrou-se bi-Campeão Europeu (foi o capitão, que teve a honra de erguer a Taça), sendo também o melhor marcador da prova. Foi Campeão Nacional por 5 vezes, tendo ainda vencido 7 Taças de Portugal. Conquistou o título de melhor marcador no Campeonato por 5 vezes (um record… até à chegada de Eusébio); em 282 jogos, marcou 290 golos.
O filho, Rui Águas, “carregando a pesada herança” do nome, acabaria contudo por conseguir adquirir dreito a ser conhecido pelo nome próprio e não como o “filho de…”. Os seus golos reconduziriam o Benfica à final da Taça dos Campeões Europeus, em 1988 (20 anos depois da anterior presença), sagrando-se também – tal como o pai – melhor marcador da prova. Seria também o melhor marcador do Campeonato em 1991. Foi 3 vezes Campeão Nacional, vencendo também 3 Taças de Portugal.
Em actividade actualmente, Ricardo Sousa, uma espécie de “Platini português”, é um exímio marcador de livres (o que resultará da tal “genética”, ou então das aulas que o pai lhe deu…). Passou pelas camadas jovens do FC Porto. Viveu a glória com a conquista da Taça de Portugal ao serviço do Beira-Mar (treinado pelo pai!), regressou ao FC Porto, onde não foi feliz, sendo emprestado ao Belenenses; voltaria a afirmar-se este ano no Boavista, em que foi considerado um dos melhores jogadores do Campeonato. O pai, António Sousa foi “só” Campeão Europeu, pelo FC Porto, em 1987.
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EURO 2004 (XXXVIII) – 1992
GRUPO 3
URSS – Noruega . 2-0 / 1-0
Noruega – Hungria . 0-0 / 0-0
Hungria – Itália . 1-1 / 1-3
Hungria – Chipre . 4-2 / 2-0
Itália – URSS . 0-0 / 0-0
Chipre – Noruega . 0-3 / 0-3
Chipre – Itália . 0-4 / 0-2
Hungria – URSS . 0-1 / 2-2
URSS – Chipre . 4-0 / 3-0
Noruega – Itália . 2-0 / 1-1
1º URSS (13); 2º Itália (10); 3º Noruega (9); 4º Hungria (3); 5º Chipre (0)
GRUPO 4
I. Norte – Jugoslávia . 0-2 / 1-4
I. Feroé – Áustria . 1-0 / 0-3
Dinamarca – I. Feroé . 4-1 / 4-0
I. Norte – Dinamarca . 1-1 / 1-2
Jugoslávia – Áustria . 4-1 / 2-0
Dinamarca – Jugoslávia . 0-2 / 2-1
Áustria – I. Norte . 0-0 / 1-2
I. Norte – I. Feroé . 1-1 / 5-0
Jugoslávia – I. Feroé . 7-0 / 2-0
Dinamarca – Áustria . 2-1 / 3-0
1º Jugoslávia (14); 2º Dinamarca (13); I. Norte (7); 4º Áustria (3); 5º I. Feroé (5)
GRUPO 5
P. Gales – Bélgica . 3-1 / 1-1
Luxemburgo – Alemanha . 2-3 / 0-4
Luxemburgo – P- Gales . 0-1 / 0-1
Bélgica – Luxemburgo . 3-0 / 2-0
Alemanha – Bélgica . 1-0 / 1-0
P. Gales – Alemanha . 1-0 / 1-4
1º Alemanha (10); 2º P. Gales (9); 3º Bélgica (5); 4º Luxemburgo (0)
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HERDEIROS (III)
No que à música respeita, os exemplos que aqui recordo são: Julio Iglesias e os filhos Enrique e Julio; Paul McCartney e a filha Stella McCartney; Elis Regina e Maria Rita; e Ravi Shankar e Norah Jones.
Enrique e Julio Iglesias Jr. não terão tido também facilidades em se “libertar” da presença “tutelar” do pai (principalmente o segundo, com um estilo de música similar). E, no entanto, Enrique e o pai “competem” hoje, chegando a “defrontar-se” em tournées simultâneas, tornados “rivais à força” pelos seus agentes promotores de espectáculos, em Espanha e na comunidade hispânica de Miami. Isto, claro, sem esquecer os respectivos “públicos-alvo”, um pouco à imagem das respectivas idades. Julio Jr., com uma carreira mais “oscilante” não terá conseguido ainda impor-se definitivamente pelo que realmente é, sem o estigma de assinar com o mesmo nome do pai.
No caso da filha de Paul McCartney, Stella McCartney, uma forma de “tornear” as dificuldades em “saír da sombra do pai”, poderá ter sido a opção por uma carreira noutra área. Aos 31 anos, Stella impôs o seu nome no mundo da moda, sendo hoje uma famosa estilista, com uma marca reconhecida.
Maria Rita nunca quis cantar uma música de Elis. Talvez porque a voz da filha seja a voz da mãe; a genética a ditar as suas leis… (Maria Rita é também filha do pianista César Camargo Mariano). Mas, inegavelmente, o talento de Maria Rita pertence-lhe por inteiro; apesar de, com 26 anos, estar ainda na fase de lançamento da carreira (um único disco editado), não será difícil augurar-lhe “altos voos”. Até porque Elis é um “mito”, sempre presente na sua “ausência” (desde os 4 anos da filha), o que pode de alguma forma facilitar o percurso próprio e autónomo de Maria Rita.
Também Norah Jones poderá de alguma forma beneficiar de, tendo o pai Ravi Shankar no mundo da música (aos 83 anos, um dos maiores “músicos” dos tempos modernos), “não competir directamente com ele”, afirmando-se na sua “independência”, por via dos 5 Grammy Awards que conquistou já, numa evolução para o mundo do jazz, à margem da herança da música clássica indiana. Na cena musical, encontra-se igualmente a irmã Anoushka Shankar, partilhando mais estreitamente o palco com o pai.
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EURO 2004 – “OS 23”
Sobre a convocatória de Luís Filipe Scolari: sem grandes surpresas, manteve a coerência com o que tinha afirmado sobre o 3º guarda-redes (seria um jovem, daí a opção “natural” por Moreira – apesar de ter chegado a “garantir” que quem fosse ao Europeu de Esperanças não iria à selecção principal…); a única alteração de relevo é a chamada de Maniche, em detrimento de Boa Morte. A partir de agora, estes 23 deverão passar a ser “a nossa equipa”; devemos dar-lhes um claro voto de confiança e todo o nosso apoio!
Moreira, Quim e Ricardo; Paulo Ferreira, Miguel, Fernando Couto, Ricardo Carvalho, Jorge Andrade, Beto, Nuno Valente e Rui Jorge; Costinha, Maniche, Petit, Tiago, Figo, Cristiano Ronaldo, Deco, Rui Costa e Simão; Hélder Postiga, Nuno Gomes e Pauleta: todos pertencem a um único clube… têm a responsabilidade de defender até à exaustão as cores de Portugal. Vamos a isso “rapazes”!
Como escreve Manuel Queiró hoje no “Público”: “[…] é sobretudo um jogo que é um fenómeno mundial, e não há sociedades saudáveis sem uma dimensão lúdica. Em Portugal é das poucas actividades em que somos verdadeiramente competitivos. E faz pela imagem do país e pela nossa auto-estima o que nenhuma política ou campanha conseguirá fazer.”
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“A TERRA VISTA DO CÉU”
A não perder também uma magnífica exposição fotográfica, ao ar livre (24 horas por dia!), em plena Praça do Comércio!
“A Terra Vista do Céu – Um retrato aéreo do nosso planeta”, por Yann Arthus-Bertrand: 120 fotografias de grandes dimensões (tiradas a partir de um helicóptero em voo, entre 30 e 3 000 metros de altitude), num trabalho desenvolvido ao longo de 12 anos, em mais de 100 países.
Como suporte à exposição, um mapa-mundo em “tamanho gigante”, estendido no chão (sobre o qual podemos “passear”), com indicação de cada ponto do mapa a que cada uma das fotos respeita (com uma réplica “miniatura” no próprio mapa!).
Soberbo!
E, mais uma vez, tenho de questionar: “porque não se divulgam mais eventos desta natureza?” (em lugar de se perder tempo a discutir tantas questões estéreis, sem efectivo interesse para ninguém…).
[1323]
MUSEUS
Ontem, 18 de Maio, comemorou-se o “Dia Internacional dos Museus”.
Em Portugal, ontem, os Museus tinham entrada grátis.
Por um feliz “acaso de circunstância” (ter o dia “livre”…), passei uma parte da tarde revisitando o “principal museu do país” (Museu Nacional de Arte Antiga) e o Museu Nacional dos Coches.
Têm (ambos) coisas belíssimas, extraordinárias mesmo:
– o Museu Nacional de Arte Antiga, percorrendo a história da arte portuguesa desde o século XII até ao início do século XIX (pintura, desenho, escultura, mobiliário, cerâmica e ourivesaria);
– o Museu Nacional dos Coches, reunindo uma colecção única no mundo de viaturas de gala e de passeio dos séculos XVII a XIX, provenientes principalmente da Casa Real portuguesa.
E, no entanto, entre os visitantes, praticamente só se ouvia falar línguas estrangeiras… Em cerca de 3 horas, apenas me “cruzei” com uma “visita de estudo com meia dúzia de miúdos”! Seria bom se não fossem “desperdiçadas” oportunidades assim de levar os jovens ao encontro da cultura…
Valem a pena a visita! (ontem era grátis, mas, nos restantes dias, o preço de 3 € é também uma “oferta” que não devemos perder…).
P. S. Tenciono regressar ao “tema Museus” proximamente…
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CATARINA – 100NADA
O 100nada é hoje uma .folha em branco….
De qualquer forma, não posso deixar de assinalar o 1º aniversário do .blogue. da Catarina.
Quem gosta dela, os seus amigos, sabem por onde a podem encontrar. Um beijinho de parabéns Catarina!
P. S. Agora mesmo na TV Galicia, os “Luar na Lubre”, com a participação de uma jovem portuguesa (Sara Vidal) que vale a pena ouvir cantar!
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EURO 2004 (XXXVII) – 1992
GRUPO 1
Islândia – Albânia . 2-0 / 0-1
Islândia – França . 1-2 / 1-3
Checoslováquia – Islândia . 1-0 / 1-0
Espanha – Islândia . 2-1 / 0-2
França – Checoslováquia . 2-1 / 2-1
Checoslováquia – Espanha . 3-2 / 1-2
Albânia – França . 0-1 / 0-5
Espanha – Albânia . 9-0 / 3-0 (jogo cancelado)
França – Espanha . 3-1 / 2-1
Albânia – Checoslováquia . 0-2 / 1-2
1º França (16); 2º Checoslováquia (10); 3º Espanha (8); 4º Islândia (4); 5º Albânia (2)
GRUPO 2
Suíça – Bulgária . 2-0 / 3-2
Escócia – Roménia . 2-1 / 0-1
Roménia – Bulgária . 0-3 / 1-1
Escócia – Suíça . 2-1 / 2-2
Bulgária – Escócia . 1-1 / 1-1
S. Marino – Suíça . 0-4 / 0-7
Roménia – S. Marino . 6-0 / 3-1
Suíça – Roménia . 0-0 / 0-1
S. Marino – Escócia . 0-2 / 0-4
S. Marino – Bulgária . 0-3 / 0-4
1º Escócia (11); 2º Suíça (10); 3º Roménia (10); 4º Bulgária (9); 5º S. Marino (0)
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HERDEIROS (II)
Começando pelo início… no caso, pela letra “A”, de Automobilismo, que “factor genético” leva a que filhos de grandes campeões tenham também sucesso, tornando-se no desporto de características mais “dinásticas”?
Uma justificação imediata será: começam a conduzir mal acabam de dar os primeiros passos… Mas será isso suficiente para singrar?
Outra justificação: dispõem de meios financeiros para investir numa carreira dispendiosa, em que, numa primeira fase, é necessário “pagar para correr” (até conseguir um bom contrato numa boa equipa), apenas mais tarde sendo “pagos para correr” (e a peso de ouro…).
Mas a questão mantém-se: “Será isto o bastante para que possam ter êxito”?
Mais uma justificação: habituados a ver os pais ter o “perigo por profissão”, encaram o risco com uma perspectiva diferente do comum (?).
Os factos aí estão – em dois “níveis”:
– Jacques Villeneuve e Damon Hill pouco mais eram do que crianças quando perderam os pais (Gilles Villeneuve e Graham Hill) em acidentes; respectivamente cerca de 15 e 20 anos depois, sagravam-se Campeões do Mundo de Fórmula 1.
– Os também Campeões do Mundo de Fórmula 1 Nelson Piquet, Keke Rosberg e Niki Lauda têm hoje os filhos (Nelson Angelo Piquet, Nico Rosberg e Mathias Lauda) a iniciar o longo percurso da conquista da glória.
Passados 20 anos dos títulos mundiais de Piquet e Rosberg, os filhos respectivos, ambos com 18 anos, depois do clássico início nos karts, passaram já pelas provas de monolugares e aprestam-se para fazer os primeiros treinos com os Williams (que os pais também pilotaram).
Nelson Angelo venceu já o Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3, tendo ficado em 3º lugar no Campeonato da Grã-Bretanha. Nico participou já em cerca de 450 provas e é o Campeão de Fórmula BMW da Alemanha, participando agora no Campeonato de Fórmula 3 Euro Series. Mathias Lauda “debuta” ainda nos World Series Light da Nissan.
Possivelmente, o grande desafio que estes jovens terão em comum com todos os outros “filhos de peixe”, será o de procurar superar os progenitores; não será fácil conseguir passar de um “patamar” de “ser filho de”, para passar a uma situação em que se diga dos antigos campeões, que são eles os pais dos agora “jovens lobos”; é o vencer a “sombra” que lhes é imposta pelos pais.
O que nos leva à clássica questão final: “ser filho de…” facilita ou dificulta a progressão na carreira?
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