HERDEIROS (II)
18 Maio, 2004 at 8:28 am 2 comentários
Começando pelo início… no caso, pela letra “A”, de Automobilismo, que “factor genético” leva a que filhos de grandes campeões tenham também sucesso, tornando-se no desporto de características mais “dinásticas”?
Uma justificação imediata será: começam a conduzir mal acabam de dar os primeiros passos… Mas será isso suficiente para singrar?
Outra justificação: dispõem de meios financeiros para investir numa carreira dispendiosa, em que, numa primeira fase, é necessário “pagar para correr” (até conseguir um bom contrato numa boa equipa), apenas mais tarde sendo “pagos para correr” (e a peso de ouro…).
Mas a questão mantém-se: “Será isto o bastante para que possam ter êxito”?
Mais uma justificação: habituados a ver os pais ter o “perigo por profissão”, encaram o risco com uma perspectiva diferente do comum (?).
Os factos aí estão – em dois “níveis”:
– Jacques Villeneuve e Damon Hill pouco mais eram do que crianças quando perderam os pais (Gilles Villeneuve e Graham Hill) em acidentes; respectivamente cerca de 15 e 20 anos depois, sagravam-se Campeões do Mundo de Fórmula 1.
– Os também Campeões do Mundo de Fórmula 1 Nelson Piquet, Keke Rosberg e Niki Lauda têm hoje os filhos (Nelson Angelo Piquet, Nico Rosberg e Mathias Lauda) a iniciar o longo percurso da conquista da glória.
Passados 20 anos dos títulos mundiais de Piquet e Rosberg, os filhos respectivos, ambos com 18 anos, depois do clássico início nos karts, passaram já pelas provas de monolugares e aprestam-se para fazer os primeiros treinos com os Williams (que os pais também pilotaram).
Nelson Angelo venceu já o Campeonato Sul-Americano de Fórmula 3, tendo ficado em 3º lugar no Campeonato da Grã-Bretanha. Nico participou já em cerca de 450 provas e é o Campeão de Fórmula BMW da Alemanha, participando agora no Campeonato de Fórmula 3 Euro Series. Mathias Lauda “debuta” ainda nos World Series Light da Nissan.
Possivelmente, o grande desafio que estes jovens terão em comum com todos os outros “filhos de peixe”, será o de procurar superar os progenitores; não será fácil conseguir passar de um “patamar” de “ser filho de”, para passar a uma situação em que se diga dos antigos campeões, que são eles os pais dos agora “jovens lobos”; é o vencer a “sombra” que lhes é imposta pelos pais.
O que nos leva à clássica questão final: “ser filho de…” facilita ou dificulta a progressão na carreira?
[1319]
Entry filed under: Tema livre.
1.
Carlos P Costa | 18 Maio, 2004 às 2:33 pm
Bom, Leonel, na minha modesta opinião, acho que na maior parte das vezes atrapalha. É sempre uma sombra, um peso, que paira sobre a cabeça das gerações mais novas. Terão mesmo de ser muito bons para se libertarem desse peso. É sempre um modelo de comparação a ser imposto.
2.
c. a. p. | 18 Maio, 2004 às 11:23 pm
Pode ser uma vantagem para o lançamento da carreira, mas o peso da responsabilidade aumenta com o evoluir da mesma. Estes casos não foram, decerto, os únicos a tentar, mas os únicos a singrar até um patamar de alguma visibilidade.