Archive for 12 Dezembro, 2003
2003 – ANO DOS "BLOGUES" (XIII)
A 18 de Junho, os “blogues” chegavam à rádio, pela mão de Francisco José Viegas, na Antena 1, no programa “Escrita em Dia”, num debate com a participação de José Mário Silva (do Blog de Esquerda), Nuno Costa Santos (do Desejo Casar), Pedro Lomba (ex-A Coluna Infame) e Pedro Mexia (Dicionário do Diabo).
Nuno Costa Santos começou por afirmar ser um “novo-rico da blogosfera”, dada a recente chegada, enquanto Pedro Lomba divulgou o seu novo “blogue” e Pedro Mexia anunciou o Dicionário do Diabo, com maior abrangência para além do campo político.
Francisco José Viegas lançou a questão colocada pelo Abrupto sobre o “umbiguismo na blogosfera”, tendo José Mário Silva defendido que os «blogues são um media alternativo, são diários…. e que se trata de “blogues de personalidades”»
Pedro Lomba relativizou a importância do fenómeno: “A Coluna tinha 500 ou 700 leitores diários, não é importante…”. Não obstante, afirmou que podem ser “um incentivo para os jornais melhorarem”.
Sobre o seu papel pioneiro nos “blogues”, José Mário Silva referiu o “desprezo inicial do jornalismo clássico” perante o fenómeno, situação invertida com a chegada de muitos jornalistas, assim como a de Pacheco Pereira.
Pedro Mexia recordou o contexto do aparecimento dos “blogues políticos em Portugal, na altura da guerra do Iraque”, reflectindo posições políticas de direita ou de esquerda, num “momento muito politizado”.
José Mário Silva concluiu sublinhando ainda a «surpreendente qualidade de alguns textos editados nos “blogues.“»
P. S. Este resumo é baseado no texto de Pedro Fonseca, no Contra Factos e Argumentos, a quem devo desculpas por não ter sido expressa e previamente citado. Conforme referido na primeira entrada desta série (“2003 – Ano dos “Blogues” (0)”), de 30 de Novembro (nº 646), no levantamento de textos que apresentarei até ao final do ano, socorri-me principalmente dos blogues de António Granado (Ponto Média) e Pedro Fonseca (Contra Factos e Argumentos) -particularmente no que respeita à “pré-história da blogosfera” -, sendo também de referência obrigatória o Blog Clipping (de Elisabete Barbosa) e Metablogue (inicialmente de Joaquim Paulo Nogueira e de João L. Nogueira).
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1º "POST" – ALMOCREVE DAS PETAS – 17.05.2003
“SAUDAÇÃO aos Manos da Blogosfera. Aqui estamos, respeitosamente, a apresentar a carta de alforria a todos vós, manos inteligentes e cultos, patriarcas das letras e da coisa pública.
O Almocreve é uma palavra com mil letras. Conhecemos bem as nove primeiras mas serão escritas como a libido nos permitir. Seremos brutais na boçalidade dos vossos desejos. O Almocreve será terrível e não faz propaganda. Carregamos o fardo de todos vós e a herança de poucos. Somos como lobos em deserto puro. Estranha maldição a de todos vós. Graças senhor!
Minhas senhoras e meus senhores é entrar é participar para distrair a mente serem luminosos em prosas de merecida estimação e quando à noite vos deitardes levareis reflexão intensa um estágio económico-político com liberdade de expressão ao fundo iniciações cabalísticas por jornalistas encartados dvd’s eróticos para colunas infames consultas poéticas em antiquário discurso varonil F-16 para liberais não masoquistas uma rifa de S. Paulo da Moderna petas verdadeiras postas a circular por peixeiras inteligentes uma subida a S. Bento com paragem no Almarjão e egrégias virtudes de vida de cão que o Mondego é aqui. Basta de mau gosto! Sois encantadores!”
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MONGÓLIA – BERNARDO CARVALHO
“As estradas da Mongólia na realidade são pistas que o motorista tem que decifrar entre dezenas de outras, são marcas de pneus em campos de pedras, desertos e estepes”; esta é uma frase de “Mongólia”, novo romance de Bernardo Carvalho, resultado de dois meses que o escritor brasileiro passou naquele país e de 5 000 quilómetros de viagem, com uma bolsa oferecida pela editora portuguesa “Livros Cotovia” e pela Fundação Oriente.
Num estilo que mistura o “suspense” dos policiais às narrativas de viagem, o autor cruza as histórias de três personagens: o narrador principal, ex-embaixador brasileiro na China, relatando, a partir dos diários que lhe foram entregues, a viagem feita por um diplomata (“O Ocidental”), na procura de “O Desaparecido”, um fotógrafo desaparecido nos Montes Altaj, na Mongólia.
A trama narrativa serve também de pretexto para descrever paisagens e mosteiros budistas, registando ainda aspectos da cultura de um povo distante, num país “diferente”, resultado de uma complexa combinação de nomadismo, budismo e comunismo, alternando tempestades de areia e de neve, desertos e estepes; ao mesmo tempo, vai “aguçando” a curiosidade do leitor que, apenas no final, pode compreender a relação que liga os três homens.
“A repetição é a condição de sobrevivência. É essa também a cultura dos nómadas. Apesar da aparência de deslocamento e de uma vida em movimento, fazem sempre os mesmos percursos, voltam sempre aos mesmos lugares, repetem sempre os mesmos hábitos”.
A determinada altura, “O Ocidental” desespera: “Não sei o que estou a fazer aqui. Não faço a menor ideia de como poderei encontrar o rapaz. É como se estivesse a procurar no planeta errado”.
O autor procura explorar a ambiguidade na relação entre ficção e realidade, integrando no livro experiências pessoais da sua viagem, assim como amplas “dissertações” sobre a história e religião do país.
Um livro admirável!
P. S. Bernardo Carvalho nasceu em 1960 no Rio de Janeiro, é escritor e jornalista, tendo sido editor do suplemento de ensaios “Folhetim” e correspondente, em Paris e em Nova York, da “Folha de S. Paulo”; destacam-se as seguintes obras: “Aberração”, “Onze”, “Os Bêbados e os Sonâmbulos”, “Teatro”, “As Iniciais”, “Medo de Sade” e “Nove Noites”.
P. S. 2 – É importante assinalar que cheguei até este livro (e até Bernardo Carvalho) “pela mão” do Carlos Vaz Marques e do seu excelente programa “Pessoal… e Transmissível“, numa magnífica entrevista ao autor Bernardo Carvalho – é impressionante a preparação que faz nas suas entrevistas, com um enorme “trabalho de casa”, que as transforma em “conversas intimistas”, possibilitando uma “libertação” total da parte do entrevistado. Este sim, é um verdadeiro “serviço público”, divulgando o que de melhor vai surgindo em Portugal e no Mundo! Vale a pena sintonizar a TSF, de Segunda a Sexta, ao fim da tarde, depois das notícias das 19 horas!
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SOLIDARIEDADE – VOLUNTARIADO – AJUDA HUMANITÁRIA
Durante o ano de 2003, mais de 300 voluntários portugueses partiram para países em vias de desenvolvimento, integrados em projectos de apoio social, sendo os principais países de destino Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, S. Tomé e Príncipe e Timor.
Os apoios sociais consistem nomeadamente em acções de sensibilização para cuidados de higiene e saúde, dinamização de bibliotecas e escolas, assim como apoio a doetes, em hospitais, ou em campos de refugiados.
As ONG – Organizações Não-Governamentais são associações da sociedade civil, sem fins lucrativos, com especificidades que as diferenciam do Estado e de outras organizações e/ou instituições privadas.
As ONGD – Organizações Não-Governamentais de Desenvolvimento têm como áreas fundamentais de intervenção: a Cooperação para o Desenvolvimento, a Educação para o Desenvolvimento, a Ajuda Humanitária e de Emergência.
A Ajuda Humanitária e de Emergência tem por objectivo, sem qualquer discriminação e por meios pacíficos, a preservação da vida dentro do respeito pela dignidade humana e a recolocação do Homem face às suas capacidades de escolha.
Através da Ajuda Humanitária, é possível minorar o sofrimento e a miséria de milhões de seres humanos, vítimas da fome, das guerras, das injustiças e de outras catástrofes humanas e naturais.
No caso das acções de Ajuda de Emergência, estas visam responder rapidamente a situações pontuais, após acontecimentos que não são previsíveis. A sua planificação e execução realiza-se no curto prazo, com uma breve análise das causas e das necessidades mais imediatas.
Mas, para as ONGD humanitárias e de emergência, a sua actuação tem sentido enquanto primeiro passo num processo contínuo, que vai da urgência ao desenvolvimento, passando pela fase da reabilitação.
Saiba mais sobre a FEC, a Plataforma ONGD e o Voluntariado Jovem…
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1986 – TRANSPLANTE
“Queirós de Melo realiza, com êxito, o primeiro transplante cardíaco em Portugal. Eva Pinto, de 54 anos, é a paciente com coração novo”.
P. S. Novos agradecimentos especiais, ao Luís Ene e ao Blogue de Esquerda.
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1986 – ACIDENTES NUCLEARES
“Explode um reactor na central soviética de Chernobyl (Ucrânia). A poluição radioactiva atinge países vizinhos. É o maior acidente nuclear civil, depois do ocorrido em 1971 na central americana de Three Mile Island, que obriga à evacuação parcial da região”.
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1986 – "CHALLENGER"
“O vaivém norte-americano “Challenger” explode após a descolagem, vitimando os sete membros da tripulação. O programa espacial dos EUA é suspenso, depois de um inquérito revelar graves negligências da NASA”.
“Notícias do Milénio”, publicação dos jornais do “Grupo Lusomundo”, Julho de 1999
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