Archive for 8 Julho, 2003
CARLOS
Há certas coisas que fazem parte da “intimidade” pessoal de cada um e não são para divulgar ao mundo… Constituem uma zona de reserva intransponível. Portanto, não entrarei em grandes detalhes.
O Carlos foi uma das primeiras pessoas com quem me cruzei no primeiro dia de aulas na faculdade (já lá vão quase 20 anos…). Depois, ao longo dos 5 anos do curso, a sua simplicidade e espírito de entreajuda fizeram dele um amigo “sempre às ordens”; no final de cada “sessão nocturna” (de trabalho, ou de diversão), era sempre o Carlos (que, então, era um dos poucos que tinha disponível para utilização um carro… do pai) que, madrugada dentro, fazia a “distribuição porta-a-porta”.
Concluído o curso, o Carlos foi o primeiro da turma a casar; teve filhos; gostava do que fazia; manteve a ligação à faculdade: de aluno passou a professor; nos anos imediatos, era o elo de ligação que “fazia a ponte” entre todos nós.
Com o decurso dos anos, as ocupações “sempre muito absorventes”, tornando o tempo disponível um bem muito escasso, provocaram algum afastamento (no essencial, passámos a encontrar-nos nos jantares de aniversário de um ou outro colega, de tempos a tempos).
A notícia, como sempre, surgiu de uma forma brutal: hoje, sem explicação conhecida, o Carlos cansou-se de viver…
E deixa-nos sem palavras…
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“A TRETA CONTINUA”
(Com os “impagáveis” António Feio e José Pedro Gomes) – no Coliseu, em Lisboa, a partir de hoje. Só para lembrar…
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OS BLOGUES E A DIALÉCTICA AUTOR/LEITOR
Diz Pacheco Pereira no Abrupto: “…Como este monstro está sempre com fome …”.
Julgo compreender: no sentido em que os textos escritos são “consumidos” de uma forma instantânea; que exigem que a actualização seja permanente; que solicitam um desdobramento do “autor”, no sentido de encontrar temas não só interessantes, mas, sobretudo, novos …
Deparamo-nos, também aqui, com uma dialéctica porventura interessante …
Enquanto “leitor”, sinto-me como que “defraudado” quando visito os “meus blogues favoritos” e, afinal – desde a visita anterior – não houve nenhuma actualização. O autor do blogue fica então numa posição de “devedor”; fica-me em dívida perante o “post” que “já devia ter escrito e ainda não escreveu”. E porquê? O que terá ele andado a fazer nas últimas horas? Porque não está a “cumprir com as suas obrigações” perante nós, seus fiéis leitores?
Enquanto “autor”, recordo-me (e recordo agora todos os leitores …) que as pessoas que escrevem blogues têm as suas ocupações, têm as suas profissões, têm os seus compromissos. A escrita de blogues é uma “ocupação paralela”, é um “escape” que, inevitavelmente, vai roubar tempo a outras actividades e que tal só será “legítimo” enquanto houver prazer no acto da escrita, acto esse que não poderá nunca transformar-se em “obrigação”.
Mas talvez já chegue de “conversa de treta” (ver post seguinte – que, por acaso, se o leitor iniciou a leitura de hoje pelo topo da página, foi o anterior …; este é outro aspecto curioso: quem chega pela primeira vez a uma página de blogue, terá a tendência natural de começar por ler os textos mais recentes (que, muitas vezes, remetem para posts mais antigos, aos quais, contudo, o leitor apenas chegará posteriormente … se chegar).
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