Archive for 16 Julho, 2003
"LEVIATHAN"
“É talvez o livro mais sedutor de Paul Auster. Nele o autor renova de forma cativante … o tema do eu-sombra, do Outro. Quando Peter Aaron, o narrador da história, lê a notícia de que um homem não identificado explodiu numa estrada do Norte do Wisconsin, sabe tratar-se de Benjamim Sachs, o seu melhor amigo e um promissor romancista. A partir desse momento Aaron impõe-se a si próprio a árdua missão de desvendar o mistério que envolve a vida e morte de Sachs, empreendendo uma jornada que é, simultaneamente, uma autodescoberta. Com o objectivo único de repor a verdade e dizê-la, revive a amizade que o ligara ao amigo ao longo de quinze anos. Leviathan é uma história sobre a amizade, a traição, o desejo, as incursões do imprevisto no quotidiano, mas é, sobretudo, uma história audaciosa pela complexidade dos mundos criados, pelo intrincado dos enredos, pelas coincidências bizarras, pelas perturbantes ambiguidades. Um romance onde Auster dá asas à sua arte exemplar de criar ambientes densos, labirínticos e sedutoramente envolventes.”
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JACINTA
10 000 discos vendidos (“Disco de Prata”) de “A Tribute to Bessie Smith”!
O jazz na voz (portuguesa) de um novo talento que se começa a afirmar.
Jacinta estará hoje na FNAC Norte Shopping.
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A REVOLUÇÃO NA "BLOGOSFERA"
Mais um texto magnífico de Pacheco Pereira (Abrupto) sobre o diagnóstico do state of the art actual da “Blogosfera”:
“O que se está a dar é a democratização da blogosfera com a entrada de muita gente no duplo sentido: novos blogues e novos leitores. Por outro lado, a exposição exterior dos blogues introduziu diferentes critérios de avaliação que não coincidiam com os dominantes no seu interior.
Este efeito acabou com a blogosfera cosy , fortemente estratificada entre blogues a quem ninguém ligava nenhuma e blogues que através de um permanente diálogo, do auto-elogio, de um espírito de elite que ultrapassava claramente qualquer barreira ideológica, se apresentavam como primus inter pares.
…
Era também natural que a maioria das pessoas se conhecessem umas às outras e fossem amigos. Quando, num meio de comunicação qualquer, todos se conhecem, ou todos tem a mesma idade, ou todos tem a mesma formação, ou todos lêem os mesmos livros, ou frequentam todos os mesmos restaurantes, é porque esse meio está na infância.
Tudo isto gera muitas tensões e uma certa irritação era inevitável (“os “de cima” não podem continuar vivendo à moda antiga”). Nalguns blogues mais antigos há uma clara evolução do blogue-optimismo para o blogue-cepticismo, que nada justifica, porque só um cego é que pensa que a blogosfera está pior porque não é um clube de vinte amigos. É natural que tenham vontade de migrar e para isso, por razões psicológicas, desvalorizam o que deixam para trás.
Um dos aspectos mais saudáveis da democratização da blogosfera é que hoje é mais difícil “competir” (tomem a palavra com a latitude que quiserem), ter influência, já há muitas vozes qualificadas, muito saber em muitas áreas, uma diversificação temática, de opiniões e de escritas, que a capacidade para se afirmar já não depende do elogio mútuo, mas de se ter ou não uma voz própria e persistência. Este último factor é o que mais falta na blogosfera, onde um mês é um século e se chega a conclusões taxativas lendo cinco ou seis blogues de um dia para o outro.
Eu sou liberal no sentido antigo, prezo a chuva e o mau tempo, a fúria e a calma das discussões, e gosto de ouvir muitas vozes diferentes. Como já disse e repito, na blogosfera, a “mão invisível” está dentro da cacofonia e para exercer o seu efeito positivo é suposto ser mesmo “invisível”. A blogosfera portuguesa passou de ter uma mão “visível” para ter uma “invisível” e foi, em primeiro lugar, o número que provocou esse efeito. Mais gente, mais vozes, tudo mais árduo. Esta é a revolução.”
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