ESTADO SOBREVIVE AO DECLÍNIO DA NAÇÃO (V)
.Mesmo depois desta multiplicação de estados, há povos, ou comunidades sociais baptizadas como tais, que procuram uma forma de organização política própria que lhes assegure a sua individualidade, a sua autonomia, a sua afirmação nacional e internacional. Hoje distinguem-se os kosovares, os tutsis, os tibetanos, os chechenos, os curdos, os timorenses, como ontem se referiam os magiares, os ruténios, os checos, os gregos, os angolanos, os argelinos, os judeus e os árabes. Ou, ao contrário, povos separados que se uniram recentemente, como os alemães e os vietnamitas. É a história que não pára e prepara o fôlego para o novo milénio..
O futuro do Estado-Nação é, no entanto, menos promissor do que a sua história nos últimos cinco séculos. No próximo milénio, a justaposição de vários planos, sub e sobrenacionais, exigirá ao Estado-Nação uma grande capacidade de adaptação: processos de regionalização, relações interestaduais, integração em grandes espaços económico-estratégicos, eis dinamismos que não deixarão o plano nacional em repouso. No futuro, a nação será uma comunidade que os cidadãos escolhem e não uma identidade que lhes é imposta. O Estado, nascido de um contrato constitucional democrático, como pretendiam os enciclopedistas, terá mais condições de afirmação, no novo milénio, do que a nação, entidade prévia à vontade dos cidadãos e instância subordinadora destes. O plano do Estado-Nação é ainda o mais adequado para a conquista e o exercício das liberdades públicas e individuais..
.Estado sobrevive ao declínio da nação. (José Medeiros Ferreira) . Notícias do Milénio
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