1º "POST" – PONTO E VÍRGULA – 08.05.2003
“A importância de ser ponto.
Sou um ponto. Final, quando usado por si (mim) só, expectante quando em grupos de três, exemplificativo se estiver em pares e ao alto. O meu papel no mundo gramatical é, indubitavelmente, primordial. Apesar da importância que me é reconhecida, nem sempre me sinto respeitado. Escritores de craveira internacional e lóbulos da orelha bem lusos têm-me prestado as mais lisonjeiras homenagens, usando e abusando de mim em frases de alto gabarito:
Só. Sinto-me só. Porra. Porque é que ninguém me compreende. Afinal, sou um homem.
E os homens precisam de sexo. Porra. Muito sexo. Compreensão. Foda-se, onde é que eu pus a minha cerveja?
Por outro lado, há quem receba nóbeis (leia-se “nó-beich”) e me ignore, pura e simplesmente, optando por narrar momentos de intensidade dramática, como o acasalamento do pardal de bico pardo, em cinco páginas sem qualquer tipo de pontuação. Mas como me sinto melhor é mesmo acompanhado pela minha melhor amiga, a vírgula. Oh, quando nos juntamos os dois é um fartote, uma barrigada! Partimos textos por tudo e por nada, não o conseguimos evitar… às vezes, parecemos o “Boletim Paroquial do Salesianos”, com tanta ideia encadeada.
Sou um ponto, sem final, e estou à espera da vírgula para poder partir este texto. Vírgula?”
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