PROPINAS (II)
Relativamente às greves e outras .manifestações. em curso, a ideia com que fico é que, de facto, se tratará (possivelmente) de uma minoria de estudantes, cuja motivação primordial não será o valor das propinas, que pretenderão principalmente contestar o .sistema. em termos gerais, numa .luta. cuja análise .custo-benefício. será questionável.
Defendem que se trata de um .esforço conjunto para resolver os problemas que afectam o Ensino Superior; sobretudo a questão das propinas, a Lei de Bases, as prescrições, a perda de representatividade dos estudantes nos órgãos …
Talvez uma amálgama de causas cuja lógica de coerência global não será de fácil percepção. Concerteza, uma opção (de .luta.) que não será a mais apropriada.
.As greves são mesmo para causar transtorno.. mas, no imediato, o resultado que se está a conseguir atingir é o de bloquear o curso normal das aulas; são portanto os alunos os primeiros .perdedores. com estas greves.
No que respeita à questão específica das propinas, em minha opinião – tal como no caso das portagens -, deverão ser os primeiros e directos beneficiários do serviço público de educação a suportar uma parte dos seus custos (convirá não esquecer que o custo real de um estudante universitário é, ainda assim, financiado em larga medida por todos os contribuintes), sem prejuízo do necessário apoio que os estudantes comprovadamente mais carenciados (eu sei que é difícil essa comprovação.) devam vir a ter.
Parece-me portanto que .recusar. o pagamento de propinas é lutar por uma causa pouco .justa., que obrigaria todos os contribuintes a comparticipar (ainda mais) nos custos do ensino superior.Tecnicamente, trata-se da diferença entre .Taxa. (tendo implícita a prestação de uma contrapartida directa por parte do Estado) e .Imposto. (do qual o contribuinte não percepciona um benefício imediato, mas apenas de forma mediata e genérica).
Não seria mais pertinente e, porventura, proveitoso, se os estudantes lutassem por outro tipo de causas, nomeadamente: (i) definição de critérios de atribuição de Bolsas de estudo; (ii) melhoria das formas de avaliação; (iii) aumento das residências universitárias e das suas condições; (iv) implementação de regras de apreciação do comportamento dos professores, sancionando os maus profissionais; (v) mais e melhor investigação académica ?
Nesta apreciação, não é, claro, equacionada a questão da qualidade do ensino, que seria matéria para outro grande debate.
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