"RETENÇÃO" vs. "PROMOÇÃO AUTOMÁTICA" – Comentários
Para além dos comentários directos no Memória Virtual, recebi adicionalmente alguns comentários via mail, dos quais saliento o do Fumaças e d’O Carimbo.
Diz o Fumaças a propósito do tema em debate:
“Muito sucintamente, acho que o facto de quase não existir possibilidade de reprovação é uma das principais causas da degradação do sistema de ensino.
Quer pelo facto de os alunos se desleixarem, quer pelos professores os deixarem passar por ser difícil, moroso e penalizador para eles chumbar um aluno (quase que necessitam de “meter” requerimento ao ministro para este autorizar!)”.
O Carimbo preparou um longo mas pertinente comentário, de que procurarei referir as passagens que me pareceram mais relevantes:
“Quanto às suas reflexões sobre o trabalho, o “manager” e as promoções, parecem-me interessantes e lembro que já foquei algumas das questões que aborda: post 10 – sobre o cruzamento de informação (24/07/03); post 61 – sobre o desemprego (28/08/03); post 66 – sobre o desemprego (04/09/03) e post 97 – sobre a avaliação do desempenho (29/09/03).
Quanto à questão que me coloca sobre a aplicação ao ensino da confrontação retenção vs promoção automática – a nível escolar essa questão não se coloca. Só há uma opção: “conseguir aprovação em todas as disciplinas com a melhor nota possível”. A reprovação só é opção se o estudante não desejar terminar os seus estudos. A avaliação de um estudante baseia-se apenas no cumprimento de critérios que foram estabelecidos à priori pelo professor. Quem cumprir esses critérios obtém a nota correspondente e ponto final. Não há necessidade de comparar dois alunos com a mesma nota e estabelecer uma diferenciação em função de outros parâmetros, os quais, não estando definidos à priori, serão sempre injustos e, provavelmente, subjectivos.
…
Depois de os estudantes iniciarem uma licenciatura, já não têm limitações administrativas (leia-se: vagas) à sua progressão.
Essa situação só se altera quando o estudante termina ou abandona os estudos e procura um lugar no mercado de trabalho. Daqui em diante o limite de vagas passará a ser uma constante da sua vida profissional.
Assim, parece-me lógico que os patrões ou as chefias estipulem critérios de produtividade e qualidade no serviço e no relacionamento humano. Se existirem vários elementos a merecer a promoção, existem duas possibilidades. Se essa promoção corresponder apenas a uma regalia financeira, sem grande alteração do serviço que vinha sendo desempenhado pelo funcionário, poderá ser proposto pelo empregador uma distribuição dessa regalia (aquela que a empresa, pública ou privada, puder pagar) pelos empregados que mereceriam a promoção. Se a promoção corresponder à ascensão a um cargo (único) de direcção, torna-se necessário encontrar parâmetros de desempate.
…
No fundo, o que deve garantir as promoções nas carreiras profissionais deve ser o mérito, o qual deve ser avaliado em termos de produtividade, qualidade (do serviço e do relacionamento humano) e CAPACIDADE DE INICIATIVA”.
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