Archive for Junho, 2008
EURO 2008 – 1/2 Finais – Alemanha – Turquia

3-2
3-2 a Portugal; 3-2 à Turquia; a Alemanha está na Final do EURO 2008!
Em mais uma partida de futebol repleta de emoções fortes, a Turquia entrou em campo de forma destemida, surpreendendo a Alemanha; no primeiro quarto de hora, três jogadas de perigo, por intermédio de Kazım Kazım (por duas vezes, na segunda delas com a bola a embater na trave) e por Hamit Altıntop… para, aos 22 minutos se consumar a surpresa, com o golo de Uğur Boral.
A equipa alemã reagiu de pronto, novamente por Schweinsteiger, que, apenas 4 minutos volvidos, restabelecia a igualdade.
Até final da primeira hora, o “sinal mais” continuava a ser dado pela Turquia, com a Alemanha a criar perigo apenas em contra-ataque, com Podolski a desperdiçar uma oportunidade aos 34 minutos.
Depois de uma primeira metade de grande intensidade, na segunda parte o jogo seria mais pausado, com ambas as equipas mais cautelosas. Não obstante, algum predomínio dos alemães seria concretizado aos 79 minutos, já depois de Hitzlsperger ter beneficiado de outra oportunidade, cerca de 5 minutos antes.
Com um enorme coração, os turcos conseguiriam ainda chegar ao empate, pelo inevitável Semih Şentürk. Com apenas 4 minutos para jogar, pensou-se novamente na hipótese de prolongamento… só que, desta vez, o golo no último minuto seria marcado pelos alemães, por intermédio de Philipp Lahm.
Tal como no jogo dos 1/4 Final frente a Portugal, a Alemanha mostrava grande eficácia… a par de respeito pelo adversário, encerrando o encontro com uma substituição aos 92 minutos, em ordem à preservação da decisiva vantagem, que lhe confere o apuramento para a Final da prova – a 6º no seu historial -, 12 anos depois do último título, conquistado em Inglaterra.
Jens Lehmann, Arne Friedrich, Per Mertesacker, Christoph Metzelder, Philipp Lahm, Thomas Hitzlsperger, Simon Rolfes (45m – Torsten Frings), Bastian Schweinsteiger, Michael Ballack, Lukas Podolski e Miroslav Klose (92m – Marcell Jansen)
Rüştü Reçber, Sabri Sarıoğlu, Mehmet Topal, Gökhan Zan, Hakan Balta, Mehmet Aurélio, Kazım Kazım (92m – Tümer Metin), Hamit Altıntop, Ayhan Akman (81m – Mevlüt Erdinç), Uğur Boral (84m – Gökdeniz Karadeniz) e Semih Şentürk
0-1 – Uğur Boral – 22m
1-1 – Bastian Schweinsteiger – 26m
2-1 – Miroslav Klose – 79m
2-2 – Semih Şentürk – 86m
3-2 – Philipp Lahm – 90m
“Melhor em campo” – Philipp Lahm
Amarelos – Semih Şentürk (53m) e Sabri Sarıoğlu (94m)
Árbitro – Massimo Busacca (Suíça)
Estádio St. Jakob-Park – Basileia (19h45)
Memória (VIII)
[…] afin que les travaux des siècles passés n’aient pas été inutiles pour les siècles qui succèderont; que nos neveux devenant plus instruits, deviennent en même temps plus vertueux et plus heureux; et que nous ne mourions pas sans avoir bien mérité du genre humain *



Conhecimento enciclopédico – L’Encyclopédie
Etimologicamente a palavra Enciclopédia significa encadeamento de conhecimentos – os quais têm por base a memória –, procurando concretizar a quimera de reunir e concentrar num único documento todo a sabedoria (dispersa) da humanidade, em múltiplas vertentes da cultura, artes e ciência, com o objectivo de a transmitir « aux hommes qui viendront après nous», às gerações vindouras.
No final do século XVIII, o movimento do Iluminismo, advogando uma nova concepção de sociedade, baseada na democracia e na liberdade de pensar e de questionar, com forte apetência pelo saber, visando favorecer a difusão dessa concepção, procurou levar o conhecimento até junto de todos, numa época que constituiu a “Idade de ouro” dos Dicionários.
Em 1751, surgiam os dois primeiros tomos de L’Encyclopédie ou “Dictionnaire raisonné des sciences, des arts et des métiers”, o maior empreendimento editorial, filosófico e científico até à época, quer pelo seu volume, quer pelos recursos empregues. As suas origens remontam a 1745, decorrendo da iniciativa de tradução para francês do Dicionário Universal inglês (“Cyclopaedia” ou “Universal dictionary of arts and sciences”, de Ephraim Chambers, publicado em Londres a partir de 1728, objecto de sucessivas reedições), trabalho encarregue, em 1747, a Denis Diderot (Academia das Ciências e Belas Artes) e a Jean le Rond d’Alembert (Academia Real das Ciências).
A obra, prevendo compreender inicialmente 10 volumes, atingiria, no seu termo, um total de 28 volumes – 17 de texto (com mais de 70 000 artigos) e 11 de imagens (quase 3 000 ilustrações) – ao longo de mais de 25 anos de trabalho, constituindo-se como uma recolha crítica dos saberes, da sua elaboração e da sua transmissão, e, sobretudo crítica dos dogmas, vindo consequentemente a ter fortes repercussões sociais, que levariam inclusivamente à sua vigilância, censura e, mesmo, à sua interdição em 1752. Os 10 últimos volumes de texto apenas seriam publicados em 1765, enquanto que os volumes de imagens seriam finalizados em 1772.
Como marcas distintivas em relação aos anteriores Dicionários Universais, destacavam-se:
- o facto de se tratar de um projecto colectivo (elaborada por uma “sociedade de gente de letras”), envolvendo mais de 150 colaboradores, recorrendo a especialistas em diversas matérias (e não apenas a compilações do passado): Diderot assegurava a parte de história da filosofia; d’Alembert ocupou-se da componente da Matemática e Física, Buffon das Ciências da natureza, Daubenton da História Natural, Barthez, Bordeau e Tronchin da Medicina, Quesnay e Turgor da Economia, Jean-Jacques Rousseau da Música e da Teoria Política, para além de outros nomes famosos como os de Montesquieu e Voltaire
- beneficiava já de um sistema de reencaminhamento entre artigos, antecipando a interactividade (hoje potenciada com o uso do hipertexto), organizados em três grandes categorias ou ramos do conhecimento – História/Memória, Filosofia/Razão e Poesia/Imaginação – permitindo uma legibilidade transversal
- integrava também as “artes mecânicas” no círculo do conhecimento
- compreendia 11 volumes de imagens, entendidos como uma forma de enriquecimento dos conteúdos textuais.
O projecto ARTFL da Universidade de Chicago desenvolveu na Internet uma versão da primeira edição de L’Encyclopédie ou Dictionnaire Raisonné des Sciences, des Arts et des Métiers, de Diderot e d’Alembert.
* Denis Diderot, “L’Encyclopédie”
Biblioteca Nacional divulga 29 cadernos de Pessoa na Internet
A Biblioteca Nacional colocará amanhã online uma colecção de 29 cadernos de Fernando Pessoa, incluindo manuscritos de poemas em português e inglês, para além de significativo número de textos e apontamentos de natureza diversa, listagens de livros e notas de leitura, assim como projectos de obras ou horóscopos.
Miudagem
Miudagem é um novo blogue integrante da rede TubarãoEsquilo, da autoria de Margarida Ferra e Paula Almeida Lapa, visando dar azo à sua “imensa vontade de continuar a partilhar algumas das nossas opiniões sobre os miúdos e a maternidade“, mas de modo diferente:
«Ao parar de anunciar ao mundo quais são os percentis da mais velha ou as comichões do mais novo, vamos convidar amigos conhecidos e autores reconhecidos a ajudarem-nos na reflexão sobre a reportagem lida no fim-de-semana ou a partilhar com todos qual o site que a família não larga lá em casa».
Contingências – Blogue de Manuel Maria Carrilho
Manuel Maria Carrilho é o autor, desde 15 de Junho, de um novo blogue, denominado Contingências.
Memória (VII)
Depósitos da memória



O papel fundamental desempenhado pela escrita na conservação da memória era já claramente percebido na época medieval, o que era expresso de forma eloquente nos preâmbulos (arengas) com que se iniciavam muitos dos documentos, nos quais se louvava a escrita como remédio para obviar à fragilidade da memória humana (vidé artigos anteriores desta série).
Na actualidade, o quadro legislativo português, datado de 2001, inclui entre o património a proteger “todos os bens (…) portadores de interesse cultural relevante” e que reflectem “valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade, singularidade ou exemplaridade”.
No ano de 1992, a UNESCO, preocupada com a preservação, criação e manutenção das diferentes instituições de memória e dos seus acervos, decidira já criar o Programa “Memória do Mundo”, propondo a intensificação dos esforços visando a preservação de documentos e arquivos históricos, de que a face mais publicamente visível é o “Memory of the World Register” (lista de património documental de reconhecido significado mundial), criado em 1995.
Um reflexo do reconhecimento de que as fontes escritas constituem um património a preservar, valorizar e explorar, considerado como “mirror of the world and its memory”… mas uma memória frágil, da qual, a cada dia, partes insubstituíveis desaparecem para sempre.
O Programa “Memória do Mundo” tem como valores fundamentais a noção de que o património documental é pertença da humanidade (de todos nós!), e, como tal, deverá ser integralmente preservado e protegido… para que seja acessível de forma permanente e universal.
Para além de ter começado por estabelecer uma relação de bibliotecas e arquivos em risco, e promovido o uso das novas tecnologias para a preservação e conservação de documentos, encorajando a produção de cópias e catálogos digitalizados, disponibilizados para consulta na Internet, assim como a publicação e distribuição de livros, CD’s, DVD’s e outros produtos, possibilitando a mais vasta divulgação, foram admitidas, até à data, cerca de 160 inscrições no Registo “Memory of the World”.
Em 2007, Portugal viu serem inscritos neste registo, como bens do património documental, o Tratado de Tordesilhas (datado de 1494, pelo qual Portugal e Espanha partilharam o mundo a descobrir – na sequência de candidatura conjunta dos dois países, os quais conservam, cada qual, o seu original do documento, escrito sobre pergaminho), tal como o “Corpo Cronológico” (colecção que reúne mais de 80 mil documentos em papel e pergaminho, datados desde 1161, mas principalmente dos séculos XV e XVI, na Torre do Tombo, em Lisboa), juntando-se à Carta de Pêro Vaz de Caminha, escrita já em papel, dirigida em 1500 ao Rei D. Manuel I, dando-lhe conta do achamento do Brasil.
A colecção “Corpo Cronológico” foi formada sob a iniciativa de Manuel da Maia, guarda-mor da Torre do Tombo – que recebeu a sua denominação no século XVIII, depois do Terramoto de 1755, que fez ruir a torre do castelo de S. Jorge, em Lisboa, onde se conservava o arquivo régio – durante o período de 1756 a 1764, tendo organizado a documentação com base em critérios cronológicos, do que decorre a sua designação.
A documentação que o integra contém fontes da maior relevância para o conhecimento da História da Europa, da África, da Ásia e da América do Sul, particularmente do Brasil: tratados de paz entre Portugal e outros países, doações régias, documentos sobre a administração do Reino e do Ultramar, correspondência sobre acontecimentos e política ultramarina (ocorrências em todas as possessões atlânticas e índicas), correspondência diplomática europeia (sobre assuntos da Espanha, França, Inglaterra, Alemanha, Itália, Europa Central, Europa Oriental e do Império Turco) e ultramarina, para além de alguns diplomas pontifícios.
No âmbito do Projecto “TT Online” foram digitalizados e disponibilizados online cerca de 45 300 documentos, correspondentes a mais de 300 000 imagens, em regime de plena acessibilidade.
Portugal conserva um elevado número de outros documentos que urge preservar – não apenas na Torre do Tombo, mas dispersos por todo o país -, em alguns casos esperando ainda a constituição de arquivos, guardados por ora sem cuidados e, em muitos casos, sem que se saiba sequer qual o material existente. Um desafio que requer uma resposta consentânea com a sua relevância, enquanto parte essencial da memória colectiva portuguesa.
Memória (VI)
É um costume reconhecido que, para que as coisas e os feitos se não percam no esquecimento, sejam confiados à fé das escrituras, porque tudo o que piedosamente for feito pelos bons, a não ser que seja passado a escrito, poderá vir a ser destruído pelos vindouros, quando não a cupidez os faça rebeldes às obras de caridade dos padres precedentes *



Memória do Português escrito
A escrita em português tem os seus antecedentes em textos latino-portugueses, prévios inclusivamente à própria fundação da nacionalidade, provenientes do mosteiro de São Cristóvão de Rio Tinto, datados de 1101 e 1125.
As manifestações iniciais do português escrito serão observáveis apenas a partir da segunda metade do século XII, constituindo-se porventura como textos mais antigos: a “Notícia de Fiadores de Paio Soares Romeu” (datado de 1175); e a “anotação de despesas de Pedro Parada” e o “Pacto entre Gomes Pais e Ramiro Pais” – estes não datados, mas presumivelmente escritos também em data aproximada.
Porém, esta classificação não está isenta de discórdia, em particular quanto ao atributo de “escritos em português” de certos textos, havendo quem advogue que o texto mais antigo que poderá merecer tal qualificativo dataria apenas de 1214 (“Notícia de Torto”) – opinião, ainda assim, não consensual, dado poder também considerar-se um documento “híbrido latino-português”.
Por outro lado, também o mais antigo documento régio escrito em português data de 1214, correspondendo ao testamento de D. Afonso II.
No período de 80 anos que decorre entre 1175 e 1255 (data dos mais antigos documentos em português produzidos na chancelaria do rei D. Afonso III), foram identificados cerca de 30 textos escritos em português – “produção primitiva”, constituída por documentos particulares, de carácter notarial –, levantando-se, também neste caso, alguma controvérsia, por um lado quanto ao qualificativo sobre a língua de escrita, por outro lado, quanto à (não) datação de alguns desses documentos.
Esses documentos correspondiam essencialmente a “notícias” (respeitando efectivamente a listas ou inventários), género diplomático que tinha por finalidade o registo de determinados factos, em ordem à preservação da sua memória.
Apenas o rei D. Dinis, a partir de 1279, determinaria o uso generalizado do português na chancelaria régia, de que decorreria um acréscimo relevante da produção documental em português no último decénio do século XIII, que só na centúria seguinte viria a assumir primazia face ao latim.
Não obstante, pode afirmar-se com elevado grau de certeza que, ainda antes do termo do século XII, o português escrito não era exclusivo da produção notarial, sendo já utilizado também a nível literário (arte poética dos trovadores, em folhas soltas, depois reunidas em cancioneiros), a qual se alargaria à prosa a partir de meados do século XIII, surgindo D. Afonso III como introdutor em Portugal do romance de cavalaria.
Numa época em que o digital ganha terreno ao texto impresso em papel, ainda uma pequena curiosidade a propósito do mais antigo texto conhecido escrito em papel em Portugal, datado de 1268, conforme documento em arquivo na Torre do Tombo, em Lisboa.
(Para saber mais, pode consultar o texto de base bibliográfica a este artigo: “O primeiro século do português escrito“, Ana Maria Martins)
* Soeiro, presbítero, Alcobaça, 1190 – Instituto dos Arquivos Nacionais – Torre do Tombo – Mosteiro de Alcobaça, 1ª incorp., Documentos Particulares, M.º 2, Doc. 12 – citado por Saul António Gomes, “Entre memória e história: os primeiros tempos da Abadia de Santa Maria de Alcobaça (1152-1215)”
EURO 2008 – 1/4 Final – Espanha – Itália

0-0 (4-2 g.p.)
Um jogo bastante táctico, com a Itália concedendo a iniciativa à Espanha, parecendo jogar sempre na expectativa do erro do adversário.
A Espanha, sem deixar de se precaver para os perigosos contra-ataques italianos (que obrigaram Casillas a duas difíceis intervenções), ainda tentou criar algumas oportunidades de golo… mas este jogo cedo indiciou que dificilmente o resultado final deixaria de ser um nulo no marcador.
Pela quarta vez, a Espanha decidia, no desempate por remates da marca de grande penalidade, num dia 22 de Junho, os 1/4 Final de uma grande competição internacional de futebol!
E, à quarta, foi de vez! Com o herói Iker Casillas a defender dois remates, a Espanha prossegue para as 1/2 Finais, em que defrontará, de novo… a Rússia (a quem bateu na 1ª jornada da Fase Grupos por 4-1). Os Campeões do Mundo são eliminados.
Iker Casillas, Sergio Ramos, Carlos Marchena, Carles Puyol, Joan Capdevila, Andrés Iniesta (59m – Santi Cazorla), Marcos Senna, Xavi Hernández (59m – Cesc Fábregas), David Silva, David Villa e Fernando Torres (85m – Daniel Güiza)
Gianluigi Buffon, Gianluca Zambrotta, Christian Panucci, Giorgio Chiellini, Fabio Grosso, Alberto Aquilani (108m – Alessandro Del Piero), Daniele De Rossi, Massimo Ambrosini, Simone Perrotta (58m – Mauro Camoranesi), Luca Toni e Antonio Cassano (75m – Antonio Di Natale)
Desempate da marca de grande penalidade
1-0 – David Villa
1-1 – Fabio Grosso
2-1 – Santi Cazorla
– Daniele De Rossi – permite a defesa a Iker Casillas
3-1 – Marcos Senna
3-2 – Mauro Camoranesi
– Daniel Güiza – permite a defesa a Gianluigi Buffon
– Antonio Di Natale – permite a defesa a Iker Casillas
4-2 – Cesc Fábregas
“Melhor em campo” – Iker Casillas
Amarelos – Andrés Iniesta (11m), David Villa (72m), Santi Cazorla (112m); Massimo Ambrosini (31m)
Árbitro – Herbert Fandel (Alemanha)
Estádio Ernst Happel – Viena (19h45)
Memória (V)
A escrita é guardiã fiel da memória. Deste modo ela torna presentes as coisas antigas, atesta as novas e, comprovando-as, delas dá testemunho a fim de que, no decurso dos tempos futuros, não caiam no esquecimento *



Com o final do Império romano do ocidente (final do século V d.C.), surge uma nova instituição, a Ordem monástica, assumindo o papel primordial a nível de transmissão da cultura, concentrando as tarefas de ensino e de escrita. Durante a Idade Média, os monges copistas, trabalhando no scriptorium de cada mosteiro e abadia, transcreviam ou copiavam textos, manuscritos, inicialmente sobre rolos de papiro e, mais tarde, em pergaminho, possibilitando o surgimento dos primeiros livros (“codex”).
Os rolos de papiro apresentavam vários inconvenientes, quer em termos de custo, quer pela sua fragilidade, assim como pelo facto de apenas serem utilizáveis de um dos lados, sendo, por outro lado, de difícil consulta e manuseamento.
Graças à sua resistência e grande capacidade de se manter inalterado ao longo de séculos, o pergaminho – feito a partir da pele de animais – constituir-se-ia como suporte básico de escrita durante toda a Idade Média, quer a nível de livros, quer de documentos. Tornaram-se então famosos os palimpsestos – etimologicamente, derivando das palavras gregas palin (“outra vez”) e psan (“raspar”) –, traduzindo que o pergaminho fora raspado (para apagar o texto inicial) e reescrito.
“Sabeis como procede o copista. Primeiro, começa por limpar a gordura do pergaminho com um raspador para retirar as maiores impurezas; depois, com a pedra-pomes, faz desaparecer completamente os pêlos e os ligamentos” (Hildeberto de Lavardin, início do século XII, citado por PERNOUD, Régine – La plume et le parchemin, Paris, Denoel, 1983, p. 76).
A pele dos animais (principalmente ovinos e caprinos) recebia ainda um banho de cal, sendo depois esticada em bastidores, onde, sob tensão, secava, após o que podia ser ainda polvilhada com cal, para que a tinta aderisse melhor, e, também, polida com pedra-pomes, para amaciar a sua superfície.
Só a partir do século XV o pergaminho perderia a primazia, perante a crescente utilização do papel, criado na China há cerca de 2000 anos, introduzido no Ocidente pelos árabes apenas cerca de 1150. Cânhamo, capim e palha foram também materiais para escrita utilizados pela humanidade.
Até ao século XIX produzia-se papel com base em trapos velhos (farrapos) lavados, deixados a apodrecer durante semanas, e depois desfeitos. A polpa assim obtida era então mergulhada em água e moldada em formas, sendo ainda prensada, banhada em cola e estendida para secagem.
O papel produzido a partir da pasta de celulose apenas surgiria em meados desse século, passando então a madeira a ser a principal matéria-prima para fabrico de papel. Apenas a partir da década de 60 do século XX o eucalipto se tornou amplamente utilizado como principal fonte de fibra.
Eram diversos os instrumentos utilizados na escrita pelos escribas, desde o esquadro, régua, compasso e estilete (para marcação das margens e das linhas das folhas), passando pelos primordiais cálamo (caneta feita de cana fina e oca, utilizada desde a Antiguidade) e penas de ave, principalmente de ganso (usadas a partir do século IV d.C.) – que ditaria a sua lei até à Idade Contemporânea, com a invenção dos aparos de metal.
As tintas utilizadas, essencialmente metalo-gálicas – compostas por sal metálico (sulfato de cobre ou de ferro) e ácido gálico, de nozes de galha (excrecências formadas nas folhas ou ramos de carvalho) –, podiam ser de “cor” (destinadas à decoração dos manuscritos e às letras iniciais – obtidas a partir da adição de corantes), ou “negras” (efectivamente, com uma tonalidade variando entre o castanho amarelado e o preto, para escrita dos textos, quer em livros, quer em documentos). Nas iluminuras era também usada a folha de ouro, aplicada com minúcia sobre o pergaminho.
Bibliografia consultada
– “Monumentos de Escrita – 400 anos da história da Sé e da cidade de Viseu (1230 – 1639)”, Roteiro da Exposição, Maria do Rosário Barbosa Morujão e Anísio Miguel de Sousa Saraiva, pp. 17 a 19
– “A Informação escrita: do manuscrito ao texto virtual“, Rita de C. R. de Queiroz)
* Fr. Gonçalo, “Uisensis dictus episcopus”, Alcobaça, 1176 – Instituto dos Arquivos Nacionais – Torre do Tombo – Mosteiro de Alcobaça, 1ª incorp., Documentos Particulares, M.º 1, Doc. 13
EURO 2008 – 1/4 Final – Rússia – Holanda

1-3
Depois da exuberante primeira fase, uma irreconhecível Holanda foi esta noite amplamente dominada por uma bem organizada equipa da Rússia, em crescendo exibicional neste EURO 2008.
Beneficiando das várias oportunidades desperdiçadas pelos jogadores russos, a Holanda conseguiria ainda forçar o prolongamento. Mas, nos 30 minutos suplementares, foi avassaladora a supremacia russa, com dois golos marcados e mais uns quantos… que ficaram por marcar.
Depois de Portugal e Croácia, a Holanda é – até ao momento, com 3 jogos dos 1/4 Final já realizados – a terceira selecção vencedora de Grupo a ser eliminada por uma equipa que concluira a fase de Grupos em 2º lugar.
Edwin van der Sar, Khalid Boulahrouz (54m – John Heitinga), André Ooijer, Joris Mathijsen, Giovanni van Bronckhorst, Nigel de Jong, Orlando Engelaar (62m – Ibrahim Afellay), Dirk Kuyt (45m – Robin van Persie), Rafael van der Vaart, Wesley Sneijder e Ruud van Nistelrooy
Igor Akinfeev, Aleksandr Anyukov, Sergei Ignashevich, Denis Kolodin, Yuri Zhirkov, Sergei Semak, Konstantin Zyrianov, Igor Semshov (69m – Diniyar Bilyaletdinov), Ivan Saenko (81m – Dmitri Torbinskiy), Andrei Arshavin e Roman Pavlyuchenko (115m – Dmitri Sychev)
0-1 – Roman Pavlyuchenko – 56m
1-1 – Ruud van Nistelrooy – 86m
1-2 – Dmitri Torbinskiy – 112m
1-3 – Andrei Arshavin – 116m
“Melhor em campo” – Andrei Arshavin
Amarelos – Khalid Boulahrouz (50m), Robin van Persie (55m), Rafael van der Vaart (60m); Denis Kolodin (71m), Yuri Zhirkov (103m), Dmitri Torbinskiy (111m)
Árbitro – Luboš Michĕl (Eslováquia)
Estádio St. Jakob-Park – Basileia (19h45)



