Archive for 26 Junho, 2008

Memória (IX)

Conhecimento enciclopédico – Wikipedia

Das origens de “L’Encyclopédie” até ao surgimento da Wikipedia – «a enciclopédia livre que todos podem editar» – decorreram exactamente 250 anos, mas a motivação continua a ser a mesma, a de reunião e acumulação de uma base de conhecimento universal, concentrada num meio virtualmente à disposição de todos, de acesso gratuito.

A Wikipedia, uma enciclopédia online, foi criada em Janeiro de 2001, como um projecto paralelo à Nupedia, enciclopédia com filosofia análoga, iniciada em 2000, e que – devido ao complexo processo de validação da fiabilidade e qualidade das suas entradas – acabaria por ter o seu fim em 2003.

À semelhança da Enciclopédia idealizada por Diderot e d’Alembert, a Wikipedia é um empreendimento colectivo – necessariamente, em muito maior escala –, colaborativo (recorrendo à tecnologia wiki, aplicação de gestão de conteúdos adaptada a portais colaborativos) e voluntário, operando em rede, em que qualquer pessoa pode adicionar ou alterar artigos, sendo também os seus conteúdos de acesso livre.

A versão original, em inglês, compreende mais de 1 500 000 artigos, dispondo a versão em português de cerca de 200 000 entradas (8ª maior versão), números que crescem diariamente. Este projecto abrange já cerca de 250 idiomas, com um número global de artigos (em todos os idiomas) que ultrapassou – há precisamente três meses – os 10 000 000.

Constitui-se assim no mais completo arquivo de informação estruturada alguma vez elaborado pela humanidade – tendo por base a acção colectiva e a interacção online –, de actualização permanente e praticamente instantânea, elevando à máxima potência imaginável o conceito de “arquivo da memória”.

Em 2005, o “Seigenthaler incident” suscitaria – com particular acuidade – a questão do grau de precisão, fiabilidade e credibilidade da Wikipedia; não obstante, num estudo da Nature, tendo por termo de comparação a Encyclopedia Britannica, a enciclopédia online, não obstante o seu carácter de “obra a milhares de mãos”, não se sairia mal.

Inquestionável será a apreciação de que a sua qualidade é, necessariamente, bastante desigual, oscilando entre artigos de grande rigor e outras entradas com numerosos erros ou falhas, o que impossibilita a sua aceitação generalizada nos meios académico e científico.

Os seus críticos, de que é exemplo José Pacheco Pereira, autor que tem publicado reflexões sobre o tema – que, não obstante reconhecer tratar-se de uma grande realização da Rede, refere não existir forma de «escapar ao problema da validação científica no julgamento da Wikipedia» –, apontam que a forma de desenvolvimento deste projecto, sem revisão e sem edição, acaba por se traduzir num produto final repleto de «erros, incorrecções, artigos doutrinários passando por entradas enciclopédicas, que a tornam imprestável para qualquer trabalho sério», tendendo a «tornar-se o maior problema da pesquisa em linha para trabalhos escolares, académicos e jornalísticos».

Sendo inegáveis as suas virtualidades, tal como noutras áreas, decisiva será a obrigatória confrontação e cruzamento de fontes, devendo recorrer-se à Wikipedia com o necessário grau de cepticismo e reserva, e, preferencialmente, como forma de obter um primeiro e rápido (instantâneo) “aperçu” sobre o tema em causa – lançando pistas, apontando caminhos para desenvolvimento das pesquisas -, o qual carecerá imperativamente, para efeitos de maior rigor, de ser complementado pela consulta de fontes cientificamente idóneas.

Para saber mais, pode consultar as seguintes referências, também à guiza de pistas para início de exploração:

– “The Early History of Nupedia and Wikipedia: A Memoir
– “Wikipedia: 10 milhões de artigos
– “A política portuguesa na Wikipedia
– “Para o debate sobre a Wikipedia
– “O problema da Wikipedia: os erros do artigo “Partido Comunista Português”

26 Junho, 2008 at 11:35 pm Deixe um comentário

EURO 2008 – 1/2 Finais – Rússia – Espanha

RússiaEspanha0-3

Repetindo a vitória da primeira jornada da Fase de Grupos – e, tal como nesse jogo, por números eloquentes -, a Espanha garantiu o apuramento para a Final do Campeonato da Europa de Futebol, pela terceira vez na sua história, depois do triunfo de 1964 e da final perdida de 1984.

Na partida desta noite – e depois de uma primeira parte de contenção e expectativa, com ambas as equipas avessas ao risco, repartindo o tempo de posse de bola – a Espanha praticamente (re)entrou em vantagem, inaugurando o marcador logo aos 5 minutos do segundo tempo.

Paradoxalmente, a lesão de David Villa – o “herói” do primeiro jogo -, e o reforço do meio-campo, com a entrada de Cesc Fábregas, contribuiria para o desequilibrar da luta na zona fulcral do terreno a favor dos espanhóis, invertendo o que parecia ser a vantagem russa de uma aparente maior frescura física denotada pelos seus jogadores até então.

A partir do golo, conseguindo sempre anular os pontos fortes da equipa da Rússia, com Andrei Arshavin e Roman Pavlyuchenko a não terem possibilidade de se evidenciar, a Espanha assumiria definitivamente o controlo do jogo, acabando por surgir com naturalidade o segundo golo.

Guus Hiddink teria então de procurar arriscar o “tudo ou nada”; a equipa da Rússia acabaria por se desorganizar, com a Espanha a aproveitar o desequilíbrio da estrutura defensiva do adversário para ampliar o marcador para 3-0.

Até final, os russos mais não desejariam já então senão que o suplício terminasse o mais rapidamente possível… A sua surpreendente carreira quedava-se pelas 1/2 Finais da prova e pelo consequente 3º lugar.

No domingo, em Viena, Alemanha e Espanha têm “encontro marcado com a história”, na Final do EURO 2008.

Rússia Igor Akinfeev, Aleksandr Anyukov, Vasili Berezutski, Sergei Ignashevich, Yuri Zhirkov, Sergei Semak, Konstantin Zyrianov, Igor Semshov (56m – Diniyar Bilyaletdinov), Ivan Saenko (57m – Dmitri Sychev), Andrei Arshavin e Roman Pavlyuchenko

Espanha Iker Casillas, Sergio Ramos, Carlos Marchena, Carles Puyol, Joan Capdevila, Andrés Iniesta, Marcos Senna, Xavi Hernández (69m – Xabi Alonso), David Silva, David Villa (34m – Cesc Fábregas) e Fernando Torres (69m – Daniel Güiza)

0-1 – Xavi Hernández – 50m
0-2 – Daniel Güiza – 73m
0-3 – David Silva – 82m

“Melhor em campo” – Andrés Iniesta

Amarelos – Yuri Zhirkov (56m), Diniyar Bilyaletdinov (60m)

Árbitro – Frank de Bleeckere (Bélgica)

Estádio Ernst Happel – Viena (19h45)

26 Junho, 2008 at 9:37 pm Deixe um comentário


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