FESTA DOS TABULEIROS (III)
16 Junho, 2006 at 8:45 am Deixe um comentário
“Sellium ou Nabância ou Tâmara, foram, neste contexto, além de notáveis aglomerados populacionais romanos, godos e árabes fixados em terras de grande fertilidade do Vale do Nabão, pontos de passagem e locais de cruzamento de vias e de gentes com contactos frequentes de ideias e de crenças em que, na sobreposição de domínios e de ocupações, não obstante, se manteve como constante presente e permanente, a herança vetusta do culto da Natureza centrado na terra, nas águas e na fertilidade, ausentes que estavam do Vale do Nabão as montanhas e as florestas para as quais pudesse derivar o culto dos indígenas.
Na esperança das sementeiras e na alegria das fartas colheitas, na realização da fecundidade reprodutiva e na fartura das águas a espraiarem-se pelos campos ubérrimos, no halo fresco da terra, na alacridade das flores, na sombra dos verdes arvoredos, no viço da erva tenra e orvalhada, se reviam e louvavam as famílias primitivas dos vizinhos, herdeiras dos celtas e dos lusitanos, descendentes de todos os encontros e cruzamentos com fenícios, gregos e cartagineses e assim os encontrou a nova fé cristã recém chegada a uma Sellium ou Nabância, já dominada pelos romanos.
A chegada das legiões de Roma, longe de fazer ruir as crenças primitivas baseadas na Natureza e nas suas manifestações, limitou-se a acrescentar-lhe deuses que, se por um lado patrocinavam a guerra como Marte, também por outro protegiam as colheitas como Ceres, fomentavam as artes como Apolo, consagravam o prazer como Baco, ou o amor como Vénus.”
“Como começaram as Festas dos Tabuleiros”, J. A. Godinho Granada, “O Templário”, 12.05.05
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