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“TOMAR", DE JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA (III)
“Rio e cabeço fronteiro foram certamente razões que determinaram D. Gualdim Pais a escolher o sítio para nele finalmente sediar a Ordem dos Templários, de que era o 4º ou 6º Mestre nacional, conforme a contagem, após ter sido comendador dela em Braga, e de nas suas hostes se ter batido na Palestina, durante cinco ou nove anos (discute-se o prazo) – rico – homem de Entre-Douro-e-Minho, da nobre estirpe dos Ramirões, criado junto do próprio rei, ao que se julga, e por ele armado cavaleiro em Ourique, como se julga também.
A opção de Tomar veio depois de o Mestre ter recebido as ruínas do castelo de Ceras (Castrum Caesaris, se supõe), junto à ribeira deste nome e, depois, do lugar de Alviobeira, a duas léguas para norte-nordeste. Impunha-se fundar ali, ou por ali, um forte castelo que, com outros em vizinhança, na Cardiga ou no ilhéu de Almourol, defendesse o acesso de Coimbra, pelo vale que subia de Santarém: seria ele em Ceras ou em Tomar, considerado seu território, por razões exactas que se ignoram, mas nas quais o rio muito provavelmente terá influído. Outras não deixam, todavia, de ser evocadas, de muito diferente categoria, ligadas à vida lendária do Templo.
E seria assim que o sítio de Tomar se verifica ser ponto de cruzamento de acreditadas forças telúricas, caras aos Templários, e encontra-se na linha que, em relação ao Meridiano de Paris, forma um ângulo de 34º, significativo nos esquemas das construções da Ordem, correspondendo à diagonal da relação 2/3 que se observa na constelação de Gémeos, signo templário por excelência.”
Tomar – «Thomar Revisited», José-Augusto França, Editorial Presença, 1994, pp. 11, 12