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“TOMAR", DE JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA (II)
“Discutido foi também o nome do rio: Nabanus, que deu verosimilmente Nabância, local senão região que, como Namba, parece vir de Nava, nome do território ou pagus por ali definido e documentado, quando da delimitação (divísio) dos bispados de Coimbra, Lisboa e Guarda (aliás, então, Idanha), em famoso documento do século VII, em topónimo pré-romano («talvez etrusco»), aventou-se); ou Tomar, por imaginosa origem árabe, que estaria em «Tamaramá», significando água com gosto de tâmara, doce por consequência.
É ideia, ao que parece, do Pe. Carvalho da Costa em sua Corografia… de 1712, apoiando-se na citação de terras «entre os rios Zêzere, Tomar (que seria, provavelmente, “de Tomar”) e ribeira de Bezelga» e em outros documentos de leitura incerta; e também um «portu(m) de Thomar» surge num documento já de 1159 que tanto pode referir curso de água como local de terra à sua beira.
Mas como local é iniludivelmente designado, quatro anos mais tarde, por D. Gualdim Pais ao dar foro aos povoadores pioneiros de um campo já certamente assim conhecido por ser referido na «Chronica Gothorum» da Portugaliae Monumenta Historica no passo que cita a derrota ali («in Thomar») sofrida pelos cristãos, em 1137. É de sítio de batalha e de povoação que, num caso e noutro, se trata – e não deixará de haver confusão entre o rio, documentado como Nabão pelo menos desde 1254, e a povoação fixada no nome de Thomar (Vieira Guimarães, 1927) – sem esquecer, porém, que, em 1465, um viajante estrangeiro, que Camilo traduziu, achou ser «anónimo» o rio que «regava» a vila, sendo apenas «o rio de Tomar».”
Tomar – «Thomar Revisited», José-Augusto França, Editorial Presença, 1994, p. 10