“TOMAR", DE JOSÉ-AUGUSTO FRANÇA (I)
29 Maio, 2006 at 8:44 am Deixe um comentário
“Nascida cristã de Reconquista junto do rio Nabão e tendo memória de um sítio romano de anterior designação, com passagem e estada de bárbaros, Tomar tem em sua história precedente três situações sabidas da ocupação do território muito disputado da Lusitânia, entre o Mondego e o Tejo.
Certo é que no conventus scalabitanus da jurisdição romana e junto e a meio do troço da estrada entre Olisipo e Bracara, que ligava Scalabis a Conimbriga, existia, mencionado no itinerário de Antonino, do século III, o município de Sellium, com «prova evidente» (J. Alarcão, 1987) de importantes achados arqueológicos (uma das três cabeças de Augusto encontradas em Portugal), além da Igreja de Santa Maria do Olival, junto ao sítio de Marmelais, na margem esquerda do rio. Mais do que villae rusticae, um fórum aponta para local proto-urbano de relevo.
Nabância, fundada primordialmente pelos Túrdulos em 480 a. C. e, seiscentos anos depois, pelos romanos de Trajano, na ideia simplista transmitida por Pinho Leal em 1873, foi, porém, nome que, tirado da designação do rio, perdurou na mitologia local, muito estimada (Vieira Guimarães, 1927), sobrepondo-se ao de Sellium, Sélio já, dos Suevos de c. 570, e mais ou menos usado pelos Visigodos que dominaram aqueles, poucos anos depois – afinal a mesma povoação com dois nomes diferentes, em diferentes e sucessivas épocas, com datas de fundação e denominação de impossível acerto. Tem sido isso tema de longa discussão mais ou menos erudita, que hoje pode considerar-se fixada.”
Tomar – «Thomar Revisited», José-Augusto França, Editorial Presença, 1994, p. 9
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