Archive for Fevereiro, 2005
MODERNISMO (I)
No início do século XX, começaram a surgir revistas culturais, principal fonte de divulgação da arte; em 1910, era lançada a revista “Águia”, dirigida por Teixeira de Pascoaes, tendo por objectivo a exaltação da Pátria, por via do saudosismo, ressurgindo então o mito do “Sebastianismo”. Seria ainda uma fase de “Pré-Modernismo”.
O “Modernismo” teria o seu início em Portugal por volta de 1915 com o lançamento, em Abril desse ano, da revista “Orpheu”, por um grupo de escritores e artistas plásticos, compreendendo nomeadamente Almada Negreiros, Fernando Pessoa, Mário de Sá-Carneiro, Raul Leal e Luís de Montalvor.
Este grupo era influenciado pelo “Futurismo” de Marinetti, assim como pelo existencialismo de Heidegger, que defendia o determinismo individual acima da determinação social, tendo como objectivo principal exaltar a modernidade e colocar Portugal “a par da Europa”.
Iniciava-se então em Portugal (desde Outubro de 1910) o período republicano, marcado por graves crises, que levou à criação de duas correntes opostas: a nacionalista (favorável ao governo) e a integralista (defendendo as ideias do nazi-fascismo então emergente na Europa).
A par de um período “revolucionário” de golpes e contra-golpes de Estado, nos primeiros anos da República, o contexto internacional era também muito conturbado, com a I Guerra Mundial (colocando em causa a posse das colónias portuguesas em África, o que obrigou à participação activa de Portugal, com corpos expedicionários em França) e, de seguida, a Revolução Russa de 1917.
[2098]
“A FRONTEIRA”
A ler, o artigo de Miguel Poiares Maduro, hoje no Diário de Notícias:
“[…] Comunicar. Mas talvez o maior impacto da Internet nas formas de comunicação e socialização esteja na (con)fusão entre o espaço privado e o espaço público que promove. Os blogues e o seu impacto são um bom exemplo. Misto de diários pessoais publicados e colunas de opinião, diluem a fronteira entre o público e o privado e alteram radicalmente a natureza do discurso público. A atracção da escrita dos blogues está na sua espontaneidade e liberdade. São reacções genuínas e algo “epidérmicas”, daquelas que temos numa conversa entre amigos. Mas a sua publicação dá-lhes a importância de uma mensagem pública. Ficamos prisioneiros de uma opinião que, frequentemente, não é totalmente reflectida. Uma coisa é uma reacção instantânea, outra é uma opinião de fundo. Nos blogues, os dois confundem-se. É aí que está o seu risco, mas também parte do seu interesse.
[…]”
[2097]
2 ANOS DE "MARRETAS"
Faz hoje 2 anos, o Animal, o Statler e o Waldorf começavam, a partir da Covilhã, a presentear-nos diariamente (várias vezes ao dia!) com as suas “marretadas” e, a brincar, falando de coisas sérias.
Por esta via, aqui constituo o Waldorf como fiel depositário de um grande abraço de parabéns aos três “Marretas“; continuem a “marretar até que a voz vos doa” (daqui a uns 198 anos…).
[2095]
FUTURISMO EM PORTUGAL
Portugal tomou contacto com o Futurismo por intermédio de intelectuais portugueses que se encontravam em Paris, Mário de Sá-Carneiro e o pintor Guilherme Santa-Rita, que encararia o movimento com grande entusiasmo, vindo a assumir-se como o seu líder em Portugal, o que, contudo, se consubstanciava apenas na publicação, no 2º volume da Revista Orpheu (Julho de 1915), de quatro “trabalhos futuristas”.
Mais vincadamente, seria através dos poetas que surgiriam composições poéticas de cariz futurista, em particular, a “Ode Triunfal” e a “Ode Marítima”, de Fernando Pessoa; “Manucure”, de Mário de Sá-Carneiro e o “Manifesto Anti-Dantas”, de Almada Negreiros.
Em Abril de 1917, seria realizado um espectáculo “futurista”, desenvolvido por Almada Negreiros e Santa-Rita, em que o primeiro leria o seu “Ultimatum Futurista às Gerações Portuguesas do Século XX” – em que declarava: “Eu não pertenço a nenhuma das gerações revolucionárias. Eu pertenço a uma geração construtiva. (…) É preciso criar a pátria portuguesa do século XX. O povo completo será aquele que tiver reunido no seu máximo todas as qualidades e todos os defeitos. Coragem Portugueses, só vos faltam as qualidades”, adiantando ainda que, para cumprir este objectivo, seria necessário combater o romantismo, o saudosismo, o sentimentalismo sebastianista, o amadorismo e o derrotismo.
Seriam ainda apresentados o “Manifesto Futurista da Luxúria”, de Mme. de Saint-Point, e o texto “Music-Hall et Tuons le Clair de Lune”, de Marinetti. Esta apresentação não viria contudo a ter grande adesão.
Surgiria ainda, de seguida, a Revista “Portugal Futurista”, que seria todavia apreendida pela polícia.
O “Futurismo” teria consequentemente uma vida muito curta em Portugal, de pouco mais de 6 meses, sem prejuízo de ter deixado importantes influências particularmente em Almada Negreiros (poeta, dramaturgo, romancista, caricaturista, coreógrafo e… futurista), recorrendo nomeadamente ao “escândalo” (de que constitui melhor exemplo o “Manifesto Anti-Dantas”), o que levaria a que fosse considerado “louco”.
[2094]
"FREE MOJTABA AND ARASH"

“The global web blog community is being called into action to lend support to two imprisoned Iranian bloggers.” (ver mais aqui)
(Mojtaba e Arash são dois “bloggers” iranianos, que se encontram na prisão… por escreverem em “blogues”!).
(via Paulo Querido)
[2093]
FUTURISMO – "MANIFESTO FUTURISTA"
O Futurismo revelou-se como uma vertente do Modernismo, tendo sido introduzido em 1909 por Filippo Marinetti, com o seu “Manifesto Futurista”, caracterizando-se pela exaltação da velocidade, energia e da força, a par de uma inquestionável crença no progresso científico-tecnológico, anunciando paralelamente uma nova concepção estética, simbolizada por exemplo no automóvel, projectando-se no futuro.
MANIFESTO FUTURISTA (Publicado em 20 de Fevereiro de 1909, no “Le Figaro”)
1. Nós queremos cantar o amor ao perigo, o hábito da energia e da temeridade.
2. A coragem, a audácia, a rebelião serão elementos essenciais de nossa poesia.
3. A literatura exaltou até hoje a imobilidade pensativa, o êxtase, o sono. Nós queremos exaltar o movimento agressivo, a insónia febril, o passo de corrida, o salto mortal, o bofetão e o soco.
4. Nós afirmamos que a magnificência do mundo se enriqueceu de uma beleza nova: a beleza da velocidade. Um automóvel de corrida com o seu cofre enfeitado com tubos grossos, semelhantes a serpentes de hálito explosivo… um automóvel rugidor, que parece correr sobre a metralha, é mais bonito que a Vitória de Samotrácia.
5. Nós queremos glorificar o homem que segura o volante, cuja haste ideal atravessa a Terra, lançada também numa corrida sobre o circuito da sua órbita.
6. É preciso que o poeta prodigalize com ardor, esforço e liberdade, para aumentar o entusiástico fervor dos elementos primordiais.
7. Não há mais beleza, a não ser na luta. Nenhuma obra que não tenha um carácter agressivo pode ser uma obra-prima. A poesia deve ser concebida como um violento assalto contra as forças desconhecidas, para obrigá-las a prostrar-se diante do homem.
8. Nós estamos no promontório extremo dos séculos!… Por que haveríamos de olhar para trás, se queremos arrombar as misteriosas portas do Impossível? O Tempo e o Espaço morreram ontem. Já estamos vivendo no absoluto, pois já criamos a eterna velocidade omnipotente.
9. Queremos glorificar a guerra – única higiene do mundo –, o militarismo, o patriotismo, o gesto destruidor dos libertários, as belas ideias pelas quais se morre e o desprezo pela mulher.
10. Queremos destruir os museus, as bibliotecas, as academias de toda a natureza, e combater o moralismo, o feminismo e toda a vileza oportunista e utilitária.
11. Cantaremos as grandes multidões agitadas pelo trabalho, pelo prazer ou pela sublevação; cantaremos as marés multicores e polifónicas das revoluções nas capitais modernas; cantaremos o vibrante fervor nocturno dos arsenais e dos estaleiros incendiados por violentas lutas eléctricas; as estações esganadas, devoradoras de serpentes que fumam; as fábricas penduradas nas nuvens pelos fios contorcidos de suas fumaças; as pontes, semelhantes a ginastas gigantes que cavalgam os rios, faiscantes ao sol com um luzir de facas; os piróscafos aventurosos que farejam o horizonte, as locomotivas de largo peito, que pateiam sobre os trilhos, como enormes cavalos de aço enleados de carros; e o voo rasante dos aviões, cuja hélice freme ao vento, como uma bandeira, e parece aplaudir como uma multidão entusiasta.
[2092]
ERRO DE PREVISÃO
Aqui o tinha escrito na Sexta-feira: no cenário actual, qualquer exercício de previsão estaria inevitavelmente propenso ao erro.
Em relação às estimativas que aqui tinha apresentado, a principal falha foi a da votação do CDS-PP, que havia sobrestimado (10 %, face a uma votação efectiva de 7,3 %).
Depois, relativamente ao PSD, para uma previsão de 30 %, a votação real quedou-se pelos 28,7 %. Desvios que terão sido parcialmente justificados pela redução do nível de abstenção.
Já no que respeita aos partidos de esquerda, quase acertava nas votações do PS (45,0 %, face a uma previsão de 44,5 %) e da CDU (7,6 %, em relação a uma previsão de 7 %). Finalmente, alguma surpresa na expressão do crescimento do peso eleitoral do BE (6,4 %, face a uma previsão de 5,5 %).
A nível de mandatos, o PS (com os actuais 120 eleitos, que poderão ainda subir entre 1 a 3 deputados, na emigração) supera a minha previsão mais optimista (117 eleitos); inversamente, face a uma estimativa mínima de 79 deputados para o PSD, os eleitos são apenas de 72 (podendo ainda subir entre 1 a 3 deputados).
No que respeita à CDU, tinha apontado um intervalo entre 10 a 12, aquém do resultado efectivo (14 eleitos).
O CDS-PP, para o qual tinha estimado um intervalo entre 14 e 20, quedou-se pelos 12 eleitos.
Finalmente, o BE, com os seus 8 eleitos, a situar-se no limite máximo do intervalo que tinha previsto (6 a 8 deputados).
As principais variações a nível distrital face às minhas previsões foram as seguintes:
– Aveiro – PS elegendo um 8º deputado, em detrimento do CDS-PP
– Braga – CDU a conseguir eleger o seu “cabeça-de-lista”
– C. Branco – PS, conquistando o 4º deputado, em desfavor do PSD
– Faro – Tinha uma previsão entre 4 e 5 deputados para o PS, que atingiu os 6, em prejuízo do PSD e do CDS
– Lisboa – CDU a conquistar um deputado (o seu 5º) ao PSD
– Porto – CDU não chegou ao 3º eleito, empatando a 2 com o CDS e BE
– Santarém – PS elegendo o 6º deputado, em detrimento do CDS
– Vila Real – Previsão de 3/2 para o PSD, com o resultado a inverter-se a favor do PS
– Madeira – PS a eleger o 3º deputado, em prejuízo do PSD
[2091]
"ESTADO DE GRAÇA"
José Sócrates já o deveria saber, mas as intervenções de ontem à noite de responsáveis da CDU, do Bloco de Esquerda e de comentadores como Marcelo Rebelo de Sousa ou António Barreto, não deixam grandes margens para dúvidas…
O “estado de graça” do futuro Governo será muito limitado, devendo esgotar-se praticamente no imediato. Terá sobre si “os olhos”, não só de toda a oposição e dos analistas políticos, mas também dos mais de 2,5 milhões de portugueses que ontem votaram PS.
Numa conjuntura que não se apresenta fácil, é um grande desafio o que se coloca a José Sócrates, o de ser capaz de se fazer rodear de ministros competentes, com capacidade de decisão, fugindo à lógica “aparelhística”, não hesitando em recorrer a independentes quando tal for o mais indicado. Para lá disto, nomes como o de António Vitorino são absolutamente indispensáveis para conferir credibilidade ao futuro Governo.
Terá Sócrates a capacidade de nos surpreender?
[2090]
RESULTADOS ELEITORAIS (PROV.)
Votos % Dep. PS 2.573.311 45,05 120 PSD 1.639.020 28,69 72 CDU 432.130 7,57 14 CDS-PP 414.813 7,26 12 BE 364.296 6,38 8 PCTP/MRPP 47.745 0,84 - PND 39.987 0,70 - PH 16.866 0,30 - PNR 9.362 0,16 - POUS 5.572 0,10 - PDA 1.604 0,03 -
Votantes – 5.712.026 – 65,02 %
Abstenção – 3.073.201 – 34,98 %
Brancos – 103.555 – 1,81%
Nulos – 63.765 – 1,12%
(via http://www.legislativas1.mj.pt/index.html)
[2089]



