Archive for 23 Novembro, 2004
MOZART (II)
No final de 1764, ainda em Londres, Mozart, com 8 anos, começou a escrever a sua primeira sinfonia: a Sinfonia N.1 em Mi bemol Maior K.16.
Regressado a Salzburgo em 1766, Mozart, que fizera notáveis progressos na ópera, compôs a primeira parte de Die Schuldigkeit des ersten Gebots K.35. Partiria novamente para Viena, em Setembro de 1767; grassava na altura uma epidemia e, apesar de terem desviado o seu rumo para Brno, os irmãos contraíram varíola, apenas regressando a Viena, após um período de recuperação, no início de 1768.
A proposta do Imperador, Mozart, então com 12 anos, começou a escrever uma ópera: La finta semplice K.51/46ª. Levantou-se alguma contestação, pelos instrumentistas e cantores, ao facto de uma criança com 12 anos reger a orquestra, o que levou ao cancelamento da produção e ao regresso a Salzburgo, em Janeiro de 1769, onde seria então estreada a ópera.
O pai de Mozart começava a planear o triunfo na ópera italiana, centrada em Milão, para onde se dirigiram no final de 1769. Mozart daria o seu primeiro concerto em Itália, em Verona, a 5 de Janeiro de 1770, com grande sucesso; chegariam a Milão a 23 de Janeiro.
Aí tiveram como protector o Conde Karl Joseph Firmian, natural de Salzburgo, que os recomendou a importantes figuras de Bolonha, Florença e Roma. Em Fevereiro e Março de 1770, Mozart daria concertos de grande êxito, com a assistência da nobreza de Milão, originando a encomenda da primeira ópera da temporada seguinte: Mitridate, rè di Ponto K.87/74a.
Mozart seria recebido pelo Papa Clemente XIV em 8 de Julho, seguindo depois para Bolonha, chegando a Milão em Outubro de 1770, começando a escrever os recitativos da ópera Mitridate K.87/74a, a qual viria a ser um sucesso, estreando a 26 de Dezembro de 1770.
[1868]
ANTÓNIO E HANNA DAMÁSIO
António e Hanna Damásio foram recentemente distinguidos, em Paris, com o prémio Jean-Louis Signoret para as Neurociências Cognitivas, sublinhando o contributo do trabalho deste casal de investigadores para os estudos sobre a cognição social.
[1867]
“A FILHA DO CAPITÃO" (III)
Na minha opinião, José Rodrigues dos Santos arriscou e ganhou.
Ganhou pela diversidade que caracteriza a sua obra, desbravando novos caminhos, enriquecendo o panorama literário português, colocando também a fasquia a um nível bastante elevado.
O seu romance, embora abrangendo um período temporal que intersecta a época tratada por Miguel Sousa Tavares em “Equador” (o reinado de D. Carlos), acaba por ter nesse período o ponto de partida para uma acção que se centra sobretudo na Flandres nos anos de 1917/1918, culminando com o comovente regresso a França em 1928, à (re)descoberta do seu passado.
A envolvente é diferente, assumindo a crueza da guerra de trincheiras um papel fulcral na narrativa, também com um intenso trabalho de reconstituição histórica.
E, não obstante tivesse por “matéria-prima” de trabalho, não o “calor tropical” do Equador, mas antes o frio gélido do Inverno da Flandres, a história não deixa de ser empolgante.
Através de Afonso e dos seus companheiros de armas, superiores hierárquicos e subordinados, é também um retrato de Portugal – de então, como de hoje… – que é esboçado, não deixando sem referência o laxismo, a ausência de orientação estratégica, de liderança e de organização, o alheamento ou desmotivação, o improviso, mas também o voluntarismo e a generosidade.
[1866]