Archive for 19 Novembro, 2004
CAMÕES – LÍRICA
A primeira edição da Lírica apenas seria publicada em 1595 (“Rimas”, compilação a partir de cancioneiros manuscritos).
A obra lírica de Camões é constituída por: Redondilhas; Sonetos (composições poéticas de 14 versos, distribuídas em dois quartetos e dois tercetos); Éclogas (poesia em forma de diálogo, com tema pastoril); Odes; Elegias (composições que expressam tristeza); Canções (composições curtas); Oitavas (poemas com estrofes de 8 versos); Sextinas (poemas com estrofes de 6 versos).
Descalça vai para a fonte
“Descalça vai para a fonte
Lianor, pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
Leva na cabeça o pote,
Os textos nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Sainho de chamalote;
Trás a vasquinha de cote,
Mais Branco que a neve pura;
Vai fermosa, e não segura.
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro o entrançado,
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura:
Vai fermosa, e não segura.”
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades
“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferente em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto
E, afora esta mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de amor espanto,
Que não se muda já como soía.”
[1859]
MEGA FERREIRA
No Bloguitica, Paulo Gorjão classificou António Mega Ferreira, enquanto putativo candidato à Câmara de Lisboa, como “uma boa escolha”.
Ontem, voltando ao tema, Paulo Gorjão fala da “dança dos nomes” dos possíveis candidatos do PS à Câmara Municipal de Lisboa, desde António Costa, passando por António José Seguro, António Mega Ferreira, Ferro Rodrigues, Jorge Coelho e Manuel Maria Carrilho, reafirmando a sua preferência.
Junto-me ao Paulo, para dizer que considero Mega Ferreira não só “uma boa escolha”, mas “a melhor escolha” (até numa perspectiva que extravasa as fronteiras partidárias), pelo seu perfil, imagem de competência, querer e vontade de fazer e ideias para mudar a cidade de Lisboa (aliás, já aqui o tinha deixado “subentendido”, há precisamente 7 meses).
A finalizar, o Paulo coloca, como habitualmente, pertinentes questões sobre a estratégia a definir, o concorrer isoladamente ou em coligação (e com quem) e quais os temas a eleger para “a primeira linha”.
Espero que seja possível ao “aparelho” do PS perceber que, para lá do maior ou menor peso político de cada eventual candidato, deverá privilegiar-se a competência e o projecto de transformação da cidade e que seja possível avançar efectivamente com a candidatura de Mega Ferreira. Não tenho dúvidas que ele saberá dar as melhores respostas às questões anteriores.
P. S. O Luís Tito também aborda a questão, no Tugir.
[1858]
"A NOITE DO ORÁCULO" (IV)
Regressando à história “principal”, a do escritor Sidney Orr, recentemente recuperado de uma grave doença, e da sua esposa Grace, o autor conduz-nos aos meandros da respectiva relação, perturbada pelo tradicional triângulo amoroso.
Durante os nove dias em que procurou escrever – no caderno português – algo que pudesse dar forma a um novo livro, Orr descobre que Grace está grávida, o que seria uma magnífica notícia… não fora o caso de a própria mãe não saber exactamente quem é o pai, o que a leva a colocar a hipótese do aborto.
Até que, ao nono dia – pouco depois de Orr rasgar as folhas do bloco de notas português e o deitar a um contentor de lixo -, o seu melhor amigo acaba por sucumbir e, paralelamente, o filho deste espancava Grace, destruindo a semente que germinava no seu ventre.
Um final de alguma forma inesperado, numa espécie de fuga ao “beco sem saída” em que findara a história que Orr desesperadamente tentara escrever no bloco de notas azul.
Há 1 ano no Memória Virtual – Grupos de pertença
[1857]