Archive for 5 Novembro, 2004
"OS LUSÍADAS" (II)
No Canto II, com a chegada a Mombaça (Quénia), Baco continua a sua acção, instigando os mouros contra os portugueses. Seriam salvos por Vénus, afastando a armada, e intercedendo junto de Júpiter, profeta de feitos gloriosos dos portugueses no Oriente, aparecendo Mercúrio num sonho a Vasco da Gama e aconselhando-o a dirigir-se a Melinde, onde seria bem recebido.
“Já neste tempo o lúcido Planeta
Que as horas vai do dia distinguindo,
Chegava à desejada e lenta meta,
A luz celeste às gentes encobrindo;
E da casa marítima secreta
Lhe estava o Deus Nocturno a porta abrindo,
Quando as infidas gentes se chegaram
Às naus, que pouco havia que ancoraram.
Dantre eles um, que traz encomendado
O mortífero engano, assi dizia:
– «Capitão valeroso, que cortado
Tens de Neptuno o reino e salsa via,
O Rei que manda esta Ilha, alvoraçado
Da vinda tua, tem tanta alegria
Que não deseja mais que agasalhar-te,
Ver-te e do necessário reformar-te.
«E porque está em extremo desejoso
De te ver, como cousa nomeada,
Te roga que, de nada receoso,
Entres a barra, tu com toda armada;
E porque do caminho trabalhoso
Trarás a gente débil e cansada,
Diz que na terra podes reformá-la,
Que a natureza obriga a desejá-la.
«E se buscando vás mercadoria
Que produze o aurífero Levante,
Canela, cravo, ardente especiaria
Ou droga salutífera e prestante;
Ou se queres luzente pedraria,
O rubi fino, o rígido diamante,
Daqui levarás tudo tão sobejo
Com que faças o fim a teu desejo.»”
[1830]
"FEEDBACK E MASLOW"
“Pegando” em mais um excelente “post” do Bruno, nos dias de hoje, de comunicação “instantânea” entre as partes mais remotas do mundo, via mail ou sms, Maslow teria possivelmente de rever a sua pirâmide das necessidades…
A necessidade de feedback (a resposta que aguardamos a um mail, sms, o comentário no “blogue”…) tornou-se tão premente, qual necessidade básica como a alimentação.
Quem não experimentou já momentos (mesmo que apenas se passem alguns “segundos” entre a emissão e a recepção de resposta à comunicação) de “angústia”, incerteza, dúvida?
E alguém, minimamente envolvido numa relação (amorosa, de amizade, seja qual o seu carácter) consegue mesmo alcançar o tal “nirvana” de esquecer que está à espera de feedback?
Mais especificamente, a “dependência aguda” do telemóvel traduz-se numa verdadeira revolução social; como pensar em viver hoje sem aquele pequeno objecto (praticamente “desconhecido” há 10 anos!) que nos “liga ao resto do mundo”?
Há 1 ano no Memória Virtual – Debate sobre a “Constituição Europeia” (II)
[1829]