Archive for 17 Novembro, 2004
"OS LUSÍADAS" (X)
A epopeia finaliza com o Canto X, com o banquete no palácio de Tétis, na Ilha dos Amores, em que é apresentada a Vasco da Gama, no cume de um monte, a “máquina do mundo”: a descrição do universo e da Terra, com indicação dos lugares até onde chegará o império português. Os portugueses partem de regresso a Portugal. Após o lamento do poeta por se sentir incompreendido, o poema conclui-se com a invocação final a D. Sebastião, incentivando-o a prosseguir o trilho da glória.
“Fazei, Senhor, que nunca os admirados
Alemães, Galos, Ítalos e Ingleses,
Possam dizer que são pera mandados,
Mais que pera mandar, os Portugueses.
Tomai conselho só d’ exprimentados,
Que viram largos anos, largos meses,
Que, posto que em cientes muito cabe,
Mais em particular o experto sabe.
De Formião, filósofo elegante,
Vereis como Anibal escarnecia,
Quando das artes bélicas, diante
Dele, com larga voz tratava e lia.
A disciplina militar prestante
Não se aprende, Senhor, na fantasia,
Sonhando, imaginando ou estudando,
Senão vendo, tratando e pelejando.
Mas eu que falo, humilde, baxo e rudo,
De vós não conhecido nem sonhado?
Da boca dos pequenos sei, contudo,
Que o louvor sai às vezes acabado.
Nem me falta na vida honesto estudo,
Com longa experiência misturado,
Nem engenho, que aqui vereis presente,
Cousas que juntas se acham raramente.
Pera servir-vos, braço às armas feito,
Pera cantar-vos, mente às Musas dada;
Só me falece ser a vós aceito,
De quem virtude deve ser prezada.
Se me isto o Céu concede, e o vosso peito
Dina empresa tomar de ser cantada,
Como a pres[s]aga mente vaticina
Olhando a vossa inclinação divina,
Ou fazendo que, mais que a de Medusa,
A vista vossa tema o monte Atlante,
Ou rompendo nos campos de Ampelusa
Os muros de Marrocos e Trudante,
A minha já estimada e leda Musa
Fico que em todo o mundo de vós cante,
De sorte que Alexandro em vós se veja,
Sem à dita de Aquiles ter enveja.”
[1853]
BARNABÉ / OUTRO, EU / I, CLAUDIUS
Três notas mais ou menos avulsas para destacar três situações a merecer especial referência:
– o “primeiro milhão” de visitantes do Barnabé, um “marco na história da blogosfera”, o justo prémio pelo excelente trabalho desenvolvido;
– o regresso de Carlos Vaz Marques ao Outro, eu, pelo qual, estou certo, muitos de nós ansiávamos e agora saudamos.
– a nota que o Mário Pires nos deixa sobre a edição em DVD de um pack da série “I, Claudius“, uma das melhores séries que já passou pela nossa televisão, absolutamente a não perder!
[1852]
"A NOITE DO ORÁCULO" (II)
A trama inicia-se com a descoberta pelo protagonista, o escritor Sidney Orr, de uma papelaria de Brooklin, onde encontra um misterioso bloco de notas azul de fabrico português.
Este caderno constitui o ponto de partida para a escrita de uma história paralela («Tudo o que precisas é de encontrar uma história adequada a esse ponto de partida»), que nos conduz a Nick Bowen, personificando a parábola do homem que – num momento de corte, proporcionado pela extrema proximidade da morte – abandona a vida que leva e desaparece, em busca de uma “nova vida”, partindo do zero.
É a exploração de uma ideia associada à “efemeridade” da vida convencional, quando Nick, saído de casa por cinco minutos para colocar umas cartas no marco do correio, se dá subitamente conta que, ao escapar ileso de um acidente, a sua “velha vida acabou”, sendo-lhe conferida uma “nova vida”; apanha um táxi para o aeroporto e compra um bilhete só de ida para o primeiro voo, sem se preocupar com o destino.
Que o transporta até Kansas City, onde é o último cliente da carreira profissional de 34 anos de um curioso taxista, com um estranho hobby a que dedicou grande parte da sua vida, o “Departamento de Preservação Histórica”, a quem Nick, repentinamente descobrindo que a mulher – após tomar consciência do seu misterioso desaparecimento – lhe cancelara os cartões bancários, tem de recorrer como “empregador”.
Há 1 ano no Memória Virtual – Novos membros da União Europeia – Hungria (I)
[1851]