Archive for 4 Novembro, 2004
"OS LUSÍADAS" (I)
A obra épica de Camões compreende dez partes, designadas por Cantos, cada um com um número variável de estâncias (sendo o maior o Canto X); as estrofes são oitavas, compostas portanto de oito versos, sempre com o mesmo esquema de rimas (rima cruzada nos seis primeiros versos e emparelhada nos dois últimos); cada verso é constituído por dez sílabas métricas.
O Canto I inicia-se com a “Proposição”, em que é apresentado o objectivo da obra, que, tratando-se de uma epopeia, é o de celebrar os feitos e conquistas lusitanos (vitórias em África e na Ásia, desde D. João a D. Manuel e as navegações no Oriente) – centrada portanto na celebração de uma viagem, na história de um povo, na vitória sobre “os deuses” –, logo seguida da “Invocação”, em que o poeta solicita às ninfas do Tejo (musas) que lhe dêem inspiração, a que se segue a “Dedicatória”, a oferenda do poema ao Rei D. Sebastião.
A narrativa apenas começa na estância 19, com a armada de Vasco da Gama já a meio da viagem, no Índico, a caminho de Moçambique, enquanto que o Concílio dos deuses aprecia se deverão ajudar (Júpiter e Vénus) ou impedir (Baco) os portugueses na sua ousada aventura; com a “vitória” da tendência apoiante, resta a Baco colocar obstáculos à empreitada dos portugueses no caminho até à Índia, recorrendo para tal às ciladas dos povos africanos (Rei de Moçambique).
“As armas e os barões assinalados
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca de antes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
E em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram;
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.”
[1828]
RESULTADOS DAS ELEIÇÕES AMERICANAS
Não sendo ainda conhecidos os resultados finais, Bush consegue atingir, desta vez, uma vitória mais expressiva, em número de votos (59 100 000 contra 55 550 000), em número de Estados (29 a 20) e, no que realmente “conta”, o número de “grandes eleitores” (274 a 252 – faltando ainda apurar os resultados finais de Iowa (7) e New Mexico (5), onde Bush leva também vantagem que lhe deverá igualmente proporcionar a vitória).
Conforme esperado, Bush conquistou o Alaska (3), Alabama (9), Arizona (10), Arkansas (6), Colorado (9), Georgia (15), Idaho (4), Indiana (11), Kansas (6), Kentucky (8), Louisiana (9), Mississippi (6), Missouri (11), Montana (3), Nebraska (5), Nevada (5), North Carolina (15), North Dakota (3), Oklahoma (7), South Carolina (8), South Dakota (3), Tennessee (11), Texas (34), Utah (5), Virginia (13), West Virginia (5), Wyoming (3). Ao conquistar também a Florida (27) e Ohio (20), atinge, para já, 274 “grandes eleitores”, o suficiente para assegurar a reeleição.
Desta forma, as vitórias de Kerry na California (55), Connecticut (7), Delaware (3), District of Columbia (3), Hawaii (4), Illinois (21), Maine (4), Maryland (10), Massachusetts (12), Michigan (17), Minnesota (10), New Hampshire (4), New Jersey (15), New York (31), Oregon (7), Pennsylvania (21), Rhode Island (4), Vermont (3), Washington (11) e Wisconsin (10), somando um total de 252 “grandes eleitores” não bastaram para atingir o objectivo, que acabou por ficar a “um único Estado de distância” (a Florida ou o Ohio…).
Uma vitória da América “profunda e rural” do interior e Sul face à América urbana das costas leste e oeste.
Há 1 ano no Memória Virtual – Debate sobre a “Constituição Europeia” (I)
[1827]