Archive for Março, 2004
"BLOGOSFERA REGIONAL" (XI)
E estamos já a terminar esta curta deslocação ao Algarve; concluindo com: NotaSoltas, SMS do Jornal do Algarve, Um Pouco Mais de Sul e Vialgarve.
P. S. Outros “blogues” algarvios ficaram concerteza por mencionar. Agradeço novas sugestões de referências…
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"A ARTE DE TER SEMPRE RAZÃO" – SCHOPENHAUER (III)
Começando, com o “Estratagema 1” – A extensão: “projectar” a afirmação do oponente para além dos seus limites naturais, interpretando-a da forma mais genérica possível, tomando-a no sentido mais lato possível ou exagerando-a; inversamente, reduzir a sua própria afirmação, da forma mais restrita possível (quanto mais uma afirmação se torna “geral”, mais ficará desprotegida face a ataques).
Exemplo – “A Inglaterra é a primeira nação em arte dramática”. Réplica: “É sabido que têm pouco valor em música e, portanto, também na ópera”. E a “contra-réplica”: “A música não integra a arte dramática, dado que esta respeita exclusivamente à tragédia e à comédia”.
A que se segue o “Estratagema 2” – Recorrer à homonímia para alargar o âmbito da afirmação a algo que, para além de uma palavra em comum, não tenha efectivamente nada a ver com o tema em debate. De seguida, refutar de forma “luminosa”, dando assim o ar de ter conseguido refutar por completo a afirmação do adversário.
Exemplo – “Você não se iniciou ainda nos mistérios da filosofia Kantiana”. Réplica: “Esse assunto dos mistérios não me interessa nada”.
“Estratagema 3” – Tomar a afirmação que fora colocada de uma forma relativa como se o tivesse sido de forma genérica, ou, pelo menos, concebê-la num contexto completamente diferente e refutá-la então nesse âmbito.
Exemplo – Num debate sobre filosofia, defendo a posição de uma dada corrente filósofa, ao mesmo tempo que, falando de Hegel, afirmo que o que ele escreveu não tem valor. O meu oponente não procura refutar a minha tese, limitando-se a dizer que também os filósofos que eu defendi escreveram muitas coisas sem valor. Embora reconhecendo tal, defenderia que a minha afirmação não tinha implícito um elogio às suas qualidades de escritores, mas enquanto homens, pelos seus actos, de um ponto de vista prático (enquanto que de Hegel apenas se podia falar de “qualidades” teóricas!).
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"WEBLOG AWARDS 2004"
Acabam de ser anunciados os “Weblog Awards 2004“, destacando-se alguns dos vencedores:
– “Blogue” do ano: BoingBoing.net
– Melhor anuário ou aplicação de actualização de “blogues”: Blogrolling.com
– Melhor aplicação para “blogues”: Movable Type (a utilizada pelo weblog.com.pt)
– Melhor “blogue” europeu: Textism
– Melhor “blogue” americano: BoingBoing.net
– Melhor “fotoblogue”: Shutterbug
– Melhor “blogue” de temática musical: Moby.
(via Mediatic)
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"BLOGOSFERA REGIONAL" (X)
Prosseguindo com a viagem pelo Algarve; hoje, visitamos: Asul, Estado do Algarve, Jaquinzinhos e Local & Blogal.
P. S. Novos agradecimentos (alguns em atraso já há alguns dias…) a: Formiga de Langton, Wonderland, Thomar e Giniki (Novesfora – Brasil).
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"DIÁRIO DE LISBOA" EM FORMATO DIGITAL
Numa iniciativa da Fundação Mário Soares, as edições do jornal “Diário de Lisboa”, publicado entre 7 de Abril de 1921 e 1990, foram integralmente digitalizadas (num total de cerca de 800 mil páginas), encontrando-se já disponíveis para consulta (na biblioteca da Fundação, tendo os terminais de computador acesso a uma base de dados) as edições até 1970.
Encontra-se em estudo a eventual disponibilização de consulta destes arquivos via Internet.
O “Diário de Lisboa” foi um jornal de cariz político, de esquerda, de característica intelectual, com suplementos literários.
P. S. Os socialistas europeus iniciaram ontem um “blogue“, a propósito das próximas eleições para o Parlamento Europeu.
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"A ARTE DE TER SEMPRE RAZÃO" – SCHOPENHAUER (II)
Qual o ponto essencial de qualquer controvérsia? O que se passa efectivamente?
O oponente (ou nós próprios) apresenta uma tese.
Para a refutar, há duas formas e dois métodos possíveis:
A – No que respeita às formas – procuramos demonstrar que
(i) a tese, simplesmente, não corresponde à natureza das coisas (“à verdade”) ou
(ii) que contraria outras afirmações proferidas pelo oponente.
B – Relativamente aos métodos – podemos ter
(i) refutação directa (ataque do fundamento da tese, demonstrando que ela não é verdadeira – mostrando que os fundamentos são falsos; ou, embora admitindo os fundamentos, demonstrando que a afirmação efectuada não pode deles decorrer) ou
(ii) refutação indirecta (por via das suas consequências, demonstrando que não pode portanto ser verdadeira – ou admitindo a “verdade” da tese e demonstrando o que dela resultaria num contexto que contrarie a “natureza das coisas”; ou, através de exemplos de casos concretos, demonstrar que terá de ser necessariamente falsa).
E o autor passa então, de seguida, à enumeração de um vasto conjunto de “Estratagemas” (38) a adoptar, visando a “arte de ter sempre razão”.
P. S. Completa-se hoje um ano sobre a “infeliz” Cimeira dos Açores. A questão do Iraque continua por resolver e não há sequer uma perspectiva de resolução de curto prazo…
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"BLOGOSFERA REGIONAL" (IX)
Depois dos Açores e Alentejo, a próxima região a visitar é o Algarve; nos próximos três dias, nesta ronda pela “blogosfera regional”, visitaremos 12 “blogues” algarvios.
Começando com: Al-buhera, Alcagoita, AlgarveGlobal e Al(maria)do.
P. S. Esta semana, no Tomar, uma primeira aproximação à história Templária de Tomar.
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"A ARTE DE TER SEMPRE RAZÃO" – SCHOPENHAUER (I)
Com alguma regularidade, ao “assistir” a alguns (acesos) debates que se vão travando na “blogosfera”, parecem as partes dispostas a tudo fazer para provar a “sua inequívoca e inquestionável razão”.
Tal constitui pretexto para a apresentação, nesta semana, de algumas referências à obra de Schopenauer, “A Arte de Ter Sempre Razão”.
Para o referido autor, a “dialéctica erística” consiste na arte de disputar, de tal forma que se tenha sempre razão, seja por que meio for, provindo da “mediocridade natural da espécie humana”, da nossa inevitável falta de honestidade, in fine, da nossa vaidade intelectual.
Frequentemente, tendo inicialmente a firme convicção da verdade das nossas afirmações, e se, perante um argumento contrário do nosso oponente, logo renunciamos a defendê-las, acabamos por vir a descobrir posteriormente que, finalmente, tínhamos razão; “infelizmente”, o argumento definitivo não nos tinha acorrido de imediato à mente…
Isso conduz-nos a uma posição de “auto-defesa”, que acaba por se consubstanciar numa estratégia de “ataque permanente”: no final da controvérsia, acabaremos por encontrar o argumento decisivo!
E assim, acabamos por nos bater não pela verdade (objectiva), mas pela (nossa) verdade.
O “vencedor” acaba por ser, muitas vezes, não quem tem razão, mas quem, inatamente, se revela mais astucioso ou arguto.
A dialéctica tem assim subjacente o “colocar de lado a verdade objectiva ou considerá-la acidental” (até porque, muitas vezes, ignoramos de que lado ela se encontra – ou, de outra forma, no início do debate, ambas as partes crêem ser donas da razão), baseando-se na defesa das teses próprias, em oposição às da contraparte – tendo por objectivo último ter a razão do seu lado no final da controvérsia.
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"BLOGUES DO INTERIOR"
O “prometido é devido” e, assim, aqui fica a referência ao pertinente artigo de Paulo Querido no Expresso de Sábado, sobre “Os Blogues do Interior“, ou a importância da “blogosfera regional”.
P. S. Uma outra referência, para o fim, não de “mais um blogue”, mas daquele que, nos primeiros meses de existência, considerei como “o melhor blogue português”, o Desejo Casar. Como eles próprios dizem, “a paixão esmoreceu”, há que recomeçar de novo, talvez com outro “blogue”, noutras circunstâncias. De qualquer forma, obrigado por tudo o que nos proporcionaram ao longo destes 9 meses.
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A SURPREENDENTE (?) VITÓRIA DO PSOE
Acabado de regressar de um fim-de-semana no estrangeiro, sou surpreendido com o anúncio da vitória do PSOE nas eleições espanholas.
Mostrando que as eleições não estão (nunca) ganhas antecipadamente; que as sondagens, bastantes vezes, falham “rotundamente” – porque, por mais base científica que tenham, não conseguem replicar a situação real do voto, num momento “íntimo” em que o eleitor, muitas vezes, no último minuto, pode tomar uma decisão “inesperada”.
Sem querer (nem poder) desvalorizar a vitória do PSOE, nunca umas eleições gerais na Europa terão sido tão condicionadas como estas.
Verificou-se uma afluência às urnas muito significativa; o povo espanhol uniu-se no sentido de dar uma demonstração clara de vitalidade. E acabou por falar mais alto a luta contra o terrorismo, a par de um inequívoco “grito” contra a guerra.
Talvez se deva também ponderar outros efeitos:
– Apesar do progresso vivido em Espanha no consulado de José Maria Aznar – e este é um sinal também para o governo de Portugal – as maiorias absolutas não têm apenas aspectos virtuosos; os governantes não podem esquecer-se nunca que estão apenas a desempenhar um mandato que lhes foi confiado pelos eleitores; não podem tornar-se autistas e desligar-se da vontade das populações.
– Por outro lado, independentemente de outras análises ou considerações mais aprofundadas, a verdade apercebida pelos espanhóis terá sido também a de que Mariano Rajoy não é José Maria Aznar.
– E, por fim, mas não discipiendo, José Luís Rodriguez Zapatero vem introduzir uma “nova” forma de fazer política, um “ar fresco” de “cambio”, mostrando que não é indispensável recorrer à “baixa política” e aos ataques pessoais para se conseguir alcançar vitórias.
P. S. A propósito da polémica acerca do avião da TAP “baptizado” com o nome de Eusébio; acabei de viajar no “Viana da Mota”; Eusébio não veio portanto afastar aquele grande nome da nossa cultura da sua merecida homenagem.
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