A SURPREENDENTE (?) VITÓRIA DO PSOE
14 Março, 2004 at 10:48 pm 1 comentário
Acabado de regressar de um fim-de-semana no estrangeiro, sou surpreendido com o anúncio da vitória do PSOE nas eleições espanholas.
Mostrando que as eleições não estão (nunca) ganhas antecipadamente; que as sondagens, bastantes vezes, falham “rotundamente” – porque, por mais base científica que tenham, não conseguem replicar a situação real do voto, num momento “íntimo” em que o eleitor, muitas vezes, no último minuto, pode tomar uma decisão “inesperada”.
Sem querer (nem poder) desvalorizar a vitória do PSOE, nunca umas eleições gerais na Europa terão sido tão condicionadas como estas.
Verificou-se uma afluência às urnas muito significativa; o povo espanhol uniu-se no sentido de dar uma demonstração clara de vitalidade. E acabou por falar mais alto a luta contra o terrorismo, a par de um inequívoco “grito” contra a guerra.
Talvez se deva também ponderar outros efeitos:
– Apesar do progresso vivido em Espanha no consulado de José Maria Aznar – e este é um sinal também para o governo de Portugal – as maiorias absolutas não têm apenas aspectos virtuosos; os governantes não podem esquecer-se nunca que estão apenas a desempenhar um mandato que lhes foi confiado pelos eleitores; não podem tornar-se autistas e desligar-se da vontade das populações.
– Por outro lado, independentemente de outras análises ou considerações mais aprofundadas, a verdade apercebida pelos espanhóis terá sido também a de que Mariano Rajoy não é José Maria Aznar.
– E, por fim, mas não discipiendo, José Luís Rodriguez Zapatero vem introduzir uma “nova” forma de fazer política, um “ar fresco” de “cambio”, mostrando que não é indispensável recorrer à “baixa política” e aos ataques pessoais para se conseguir alcançar vitórias.
P. S. A propósito da polémica acerca do avião da TAP “baptizado” com o nome de Eusébio; acabei de viajar no “Viana da Mota”; Eusébio não veio portanto afastar aquele grande nome da nossa cultura da sua merecida homenagem.
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Martin Pawley | 16 Março, 2004 às 1:30 am
O governo de José María Aznar actuou desde que acadou a maioría absoluta con arrogancia e prepotencia, prescindindo en infinidade de asuntos da vontade explícita dos cidadáns, aos que chegou a insultar de forma reiterada (“miserables”, “agitadores del resentimiento que ladran sun rencor por las esquinas”, “perros que ladran”, etc). En todas as situacións de crise que vivimos -o Prestige, a invasión ao Irak, a masacre do xoves pasado- actuou do mesmo xeito: ocultando información, mentindo e manipulando desde os meios públicos e os que lhe son afíns. O que vivimos na España desde o xoves 11 de marzo e en especial durante o sábado é difícil de describir. Foron horas de tensión, coa sociedade en pé esixindo a verdade e a información que o governo estaba intentando non dar. Aznar comportouse dun xeito desprezável xusto até o seu mesmo final.
Que non volva. Nunca Máis.