O LIVRO DAS ILUSÕES (II)
.Toda a gente pensava que ele estava morto. Em 1988, quando saiu o meu livro sobre os seus filmes, quase sessenta anos haviam passado sem que Hector Mann tivesse dado o menor sinal de vida. Tirando uma meia dúzia de historiadores e entusiastas de fitas antigas, poucas pessoas pareciam saber que ele alguma vez existira.
«Double or Nothing», a última das doze comédias em duas bobinas que Mann fizera no final da era do mudo chegou às salas de cinema a 23 de Novembro de 1928. Dois meses depois, sem se despedir de nenhum dos amigos ou associados, sem deixar nenhuma carta, sem informar ninguém dos seus planos, abandonou a casa que alugara em North Orange Drive e nunca mais foi visto. O «DeSoto» azul estava na garagem; o contrato de aluguer era válido por mais três meses; a renda fora integralmente paga. Havia comida na cozinha, whiskey no bar, e, nas gavetas do quarto, não faltava uma única peça de roupa. De acordo com o «Los Angeles Herald Express» de 18 de Janeiro de 1929, «era como se Mann tivesse saído para um breve passeio e pudesse voltar a qualquer instante». Mas a verdade é que não voltou e, a partir desse momento, foi como se Hector Mann tivesse desaparecido da face da terra.
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O livro foi publicado pela University of Pennsylvania Press fez agora onze anos em Março. Três meses depois, logo após a saída das primeiras críticas em revistas trimestrais de cinema e publicações académicas, uma carta apareceu na minha caixa de correio.
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«Caro Professor Zimmer», rezava a nota. «Hector leu o seu livro e gostaria de conhecê-lo. Está interessado em fazer-nos uma visita? Atenciosamente, Frieda Spelling (Mrs. Hector Mann)»..
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