Archive for Setembro, 2005
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (IV)
No que respeita a um dos factores determinantes desta classificação – “Acesso a serviços de saúde e recursos” – destacam-se os seguintes indicadores, respectivamente, Nº de médicos por cada 100 000 habitantes; Gastos Públicos com Saúde (% PIB); Gastos Privados com Saúde (% PIB); Gastos com Saúde per capita (USD):
- Noruega: 356 / 8,0 / 1,6 / 3 409 - Islândia: 347 / 8,3 / 1,6 / 2 802 - Austrália: 249 / 6,5 / 3,0 / 2 699 - Luxemburgo: 255 / 5,3 / 0,9 / 3 066 - Canadá: 209 / 6,7 / 2,9 / 2 931 - Suécia: 305 / 7,8 / 1,4 / 2 512 - Suíça: 352 / 6,5 / 4,7 / 3 446 - Irlanda: 237 / 5,5 / 1,8 / 2 367 - Bélgica: 418 / 6,5 / 2,6 / 2 515 - EUA: 549 / 6,6 / 8,0 / 5 274 ... - Portugal: 324 / 6,6 / 2,7 / 1 702
Destaca-se o número de médicos por cada 100 000 habitantes na Bélgica, Noruega, Suíça e Islândia (“beneficiando” de se tratar de países com uma população relativamente reduzida); similarmente à classificação global, Portugal regista, neste indicador, a 26ª posição mundial), numa classificação liderada pela Itália, com um rácio de 606. Também acima do rácio da Bélgica, encontram-se: Cuba (591), EUA (549), Santa Lúcia (518), Bielorussia (450) e Grécia (440).
A nível de Gastos Públicos com Saúde, os primeiros lugares de entre os 10 países mais desenvolvidos pertencem à Islândia, Noruega e à Suécia; não obstante, a Alemanha regista um rácio de 8,6 % do PIB.
Relativamente aos Gastos Privados com Saúde, os EUA ocupam uma posição claramente destacada relativamente aos restantes países (nos primeiros 65, apenas o Uruguai, 7,1 %; Suíça, 4,7 %; Grécia, 4,5 %; Argentina, 4,4 %; Brasil, 4,3 %; e Chipre, 4,1 %; ultrapassam os 4 %). Os “recordistas mundiais” são, contudo, o Cambodja (com 9,9 % do PIB) e o Líbano, com 8,0 % (não devendo esquecer-se que se trata de uma medida da relação entre os gastos e a “riqueza” produzida pelo país).
Em termos de Gastos com Saúde per capita, os EUA lideram também de forma destacada, seguidos pela Suíça, Noruega e Luxemburgo; Portugal ocupa a 23ª posição (ultrapassando, em relação ao seu nível na tabela geral, a Espanha, Eslovénia e Singapura, não estando disponíveis dados relativos a Hong Kong).
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (III)
Ao longo dos anos, os países mais bem posicionados em termos de “Índice de Desenvolvimento Humano” apresentaram a seguinte tendência de evolução (nos estudos relativos, respectivamente, aos anos de 2003, conforme o estudo agora publicado; 2000; 1995; 1990; 1985; 1980; e 1975):
- Noruega: 1º / 3º / 7º / 7º / 4º / 1º / 1º - Suécia: 6º / 2º / 9º / 10º / 5º / 3º / 2º - Austrália: 3º / 1º / 11º / 14º / 2º / 4º / 3º - Canadá: 5º / nd / 1º / 1º / 1º / 8º / 4º - Holanda: 12º / 9º / 5º / 5º / 3º / 5º / 5º - Bélgica: 9º / 4º / 13º / 12º / 6º / 6º / 6º - Islândia: 2º / 6º / 3º / 2º / 9º / 2º / 7º - EUA: 10º / 10º / 2º / 3º / 7º / 7º / 8º - Japão: 11º / 11º / 6º / 4º / 8º / 9º / 9º - Irlanda: 8º / 16º / 23º / 22º / 22º / 12º / 10º - Suíça: 7º / 7º / 4º / 6º / 12º / 10º / 11º - Luxemburgo: 4º / 15º / 17º / 18º / 21º / 20º / 18º … - Portugal: 27º / 27º / 25º / 26º / 23º / 23º / 26º
A posição relativa de Portugal tem-se mantido estável, apresentado ligeiras flutuações, tendo contudo cedido algumas posições nos últimos 20 anos.
A Noruega recuperou nos três últimos anos a liderança, que já lhe havia pertencido em 1975 e 1980.
O Canadá, que fora o líder mundial entre 1985 e 1995 registou uma queda, ocupando actualmente a 5ª posição.
A Islândia tem conservado uma posição consistente no “pódio” ao longo das últimas duas décadas.
A Irlanda regista uma notável evolução nos 10 anos mais recentes; o Luxemburgo progrediu de forma muito significativa no último estudo. Inversamente, os EUA e Japão têm vindo a cair ligeiramente na tabela.
A nível global, nos últimos 15 anos, verifica-se que, em média, os países em desenvolvimento têm habitantes mais saudáveis (menos 3 milhões de óbitos de crianças, por ano), com mais instrução (menos 30 milhões de crianças sem frequentar a escola) e menos pobres (com cerca de 130 milhões de pessoas a escapar ao grau de pobreza absoluta), ao mesmo tempo que a esperança de vida aumentou em 2 anos.
BRANDENBURGER TOR
“Portas de Brandenburgo” (Berlim), anteontem, dia de eleições gerais na Alemanha. 48 horas depois – com os dois principais candidatos a reclamar o direito de formar Governo, fazendo recordar o que aconteceu na eleição presidencial dos EUA em 2000 -, começa a falar-se com alguma insistência na eventual necessidade de realização de novas eleições que permitam viabilizar uma solução governativa de estabilidade.
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (II)
Numa primeira análise à tabela geral, constata-se que os países de mais elevado índice de desenvolvimento humano continuam a ser os nórdicos: Noruega – que mantém uma firme liderança ao longo dos últimos 3 anos de estudos – e Islândia, recuperando o 2º posto de 2003 (subindo do 7º lugar do ano passado); com a Suécia a cair da 2ª para a 6ª posição; a Finlândia (mantendo o lugar no ranking) e a Dinamarca (subindo de 17º) ocupam, respectivamente, o 13º e 14º lugares.
Destaca-se a progressão do Luxemburgo (excelente desempenho, escalando desde a 15ª até à 4ª posição) e da Suíça (entrando no “top ten”, directamente para o 7º lugar).
Nos 10 primeiros, nota ainda para a manutenção de estatuto de países mais desenvolvidos da Austrália (a conservar a 3ª posição), Canadá (descendo de 4º para 5º), Bélgica (apesar de descer de 6º para 9º) e EUA (caindo do 8º para o 10º posto). Por fim, realce para a entrada neste grupo da Irlanda (em detrimento do Japão e da Holanda).
Em termos gerais, os 25 países membros da União Europeia posicionam-se nos 50 primeiros lugares:
(i) Os “antigos 15” surgem até ao 27º lugar – Luxemburgo em 4º; Suécia em 6º; Irlanda em 8º; Bélgica em 9º; depois, do 12º ao 18º, temos, respectivamente, Holanda, Finlândia, Dinamarca, Reino Unido, França, Áustria e Itália, com a Alemanha a fechar os primeiros 20; a Espanha cai 2 lugares, para 21º; a Grécia e Portugal fecham o antigo “pelotão europeu dos 15”, em 24º e 27º.
(ii) Imediatamente a seguir, surgem os novos membros da União, com a Eslovénia “à frente”, em 26º (ultrapassando já Portugal); Chipre é 29º; R. Checa e Malta ocupam o 31º e 32º postos; Hungria e Polónia são, respectivamente, 35º e 36º; seguem-se a Estónia e Lituânia (38º e 39º); a Eslováquia mantém o 42º lugar; a Letónia fecha o grupo, no 48º posto.
Nas primeiras 25 posições, as excepções à predominância europeia resumem-se a oito: Austrália, Canadá, EUA, Japão, N. Zelândia (19º), Hong Kong (22º), Israel (23º) e Singapura (25º).
Dos países europeus que não integram ainda a União Europeia, sendo candidatos à adesão, referência particular ao 45º lugar da Croácia; a Bulgária ocupa o 55º posto; já fora do grupo dos países de “Elevado Desenvolvimento Humano”, surgem a Roménia (64º) e a Turquia, colocada apenas na 94ª posição.
Os países de expressão oficial portuguesa posicionam-se da seguinte forma: Brasil (63º, subindo 9 lugares); Cabo Verde (mantendo o 105º posto); S. Tomé e Príncipe (descendo de 123º para 126º); Timor-Leste (140º, melhorando 18 posições); com os 3 restantes a constarem entre os 17 menos desenvolvidos do mundo: Angola (160º, subindo 6 lugares); Moçambique (168º, recuperando 3 posições) e Guiné-Bissau (mantendo o 172º lugar).
RELATÓRIO “DESENVOLVIMENTO HUMANO” (I)
À semelhança do verificado nos anos de 2003 e 2004, aqui me proponho apresentar, ao longo desta semana, alguns dos principais indicadores de desenvolvimento humano, de acordo com o “Relatório de Desenvolvimento Humano”, recentemente publicado para o PNUD (Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas), relativos a um “universo” de 177 países.
Como primeira e importante ressalva, a referência de que os indicadores agora publicados respeitam ao ano de 2003.
A “classificação” mundial surge assim ordenada (indicando também a itálico, para efeitos comparativos, os índices publicados em 2004 e 2003 – efectivamente respeitantes aos anos de 2002 e 2001, respectivamente) e correspondentes posições na tabela geral):
1. Noruega 96,3 95,6 (1) 94,4 (1) 2. Islândia 95,6 94,1 (7) 94,2 (2) 3. Austrália 95,5 94,6 (3) 93,9 (4) 4. Luxemburgo 94,9 93,3 (15) 93,0 (15) 5. Canadá 94,9 94,3 (4) 93,7 (8) 6. Suécia 94,9 94,6 (2) 94,1 (3) 7. Suíça 94,7 93,6 (11) 93,2 (10) 8. Irlanda 94,6 93,6 (10) 93,0 (12) 9. Bélgica 94,5 94,2 (6) 93,7 (6) 10. EUA 94,4 93,9 (8) 93,7 (7) 11. Japão 94,3 93,8 (9) 93,2 (9) 12. Holanda 94,3 94,2 (5) 93,8 (5) … 27. Portugal 90,4 89,7 (26) 89,6 (23) … 57. Trindade e Tobago 80,1 80,1 (54) 80,2 (54) 58. Líbia 79,9 79,4 (58) 78,3 (61) … 145. Zimbabwe 50,5 49,1 (147) 49,6 (145) 146. Madagáscar 49,9 46,9 (150) 46,8 (149) … 177. Níger 28,1 29,2 (176) 29,2 (174)
Os países classificados até à 57ª posição (índice acima de 80), são considerados de “Elevado Desenvolvimento Humano”; os posicionados até ao 145º lugar (índice superior a 50), são apresentados como de “Médio Desenvolvimento Humano”; os restantes 32 países são indicados como de “Reduzido Desenvolvimento Humano”.
Não obstante a ligeira progressão no indicador global (de 89,7 para 90,4), Portugal perde mais um lugar na tabela geral, de 26º para 27º, cedendo a posição à Eslovénia (depois, de em 2003, ter atingido o 23ª posto do ranking).
REICHSTAG

O “Reichstag” ontem, dia de eleições gerais na Alemanha. Hoje, 24 horas depois, face aos resultados apurados (CDU, 35 %; SPD, 34%), a maior economia da União Europeia encontra-se num impasse, com ambos os principais partidos muito longe da necessária maioria para formar Governo. E o país pode mesmo ficar suspenso durante semanas, dado que a votação em Dresden apenas será realizada no próximo dia 2 de Outubro.
REALIDADE E FICÇÃO EM “ANJOS E DEMÓNIOS” (V)
Um grama de antimatéria contém energia equivalente a uma bomba nuclear de 20 kilotoneladas? Sendo uma kilotonelada a energia de 1 000 toneladas de explosivo TNT, 20 kilotoneladas corresponde à energia da bomba atómica que destruiu Hiroshima.
A questão pode prestar-se a confusões: pretende-se provavelmente referir a libertação de energia explosiva que resultaria da aniquilação súbita de um grama de antimatéria.
Calculemos então essa energia: 1 kilotonelada de TNT não é uma unidade métrica, correspondendo a 4,2 x 1 000 000 000 000 joules (4,2 terajoules – 4,2 TJ); 1 grama = 0,001 kg; a velocidade da luz é de 300 000 km/s (ou seja, 300 000 000 metros / segundo).
Calculemos agora E=mc2 para 1 grama: E = 0,001 x 300 000 000 x 300 000 000 = 90 000 000 000 000 joules ou 90 TJ. Se 4,2 TJ corresponde a 1 kilotonelada de TNT, então 90 TJ corresponde a 21,4 kilotoneladas…
Contudo, para uma bomba de antimatéria, partir-se-ia, na realidade, de 2 gramas: 1 grama de antimatéria aniquilando-se com 1 grama de matéria, libertando portanto o dobro de energia. Bastaria portanto 0,5 grama de antimatéria para alcançar um efeito tão destrutivo como o da bomba de Hiroshima!
Ora, sendo 0,5 grama de matéria muito fácil de encontrar, a produção de 0,5 grama de antimatéria implicaria 1 milhão de anos!!! Que, obviamente, seria impossível de armazenar…
(com base na página do CERN)
“ANJOS E DEMÓNIOS” (V)
Guiados pelas pistas que – partindo de versos anotados à margem de uma obra de Galileu, escritos na “língua pura” que seria o inglês (!?) – vão decifrando a cada visita aos templos onde haviam sido instaladas algumas esculturas de Bernini, como se de “checkpoints” se tratassem, perseguindo nesses símbolos dos “Illuminati” os quatro elementos (terra, ar, fogo e água), procurando, num desesperado “contra-relógio”, evitar o massacre de quatro dos mais importantes Cardeais – os “preferidos” para a eleição como novo Papa – e, em última análise, visando salvar o Vaticano.
Na acção, tem papel preponderante Carlo Ventresca, o Camerlengo, Cardeal ao qual é conferida a responsabilidade de assumir a condução dos destinos da Igreja no período de transição entre o falecimento do Papa e a eleição do seu sucessor, na boca do qual são postas – numa “comunicação ao mundo”, via televisão (!) – as palavras com conteúdo mais significativo sobre a “conflituosa” relação entre a religião e a ciência, quando, já em “desespero absoluto”, é “reconhecida a vitória dos Illuminati”.
Um final excessivamente fantasioso (embora necessariamente surpreendente) retira alguma credibilidade à obra, com um desequilíbrio na sua estrutura nas últimas sete dezenas de páginas.
“Anjos e Demónios”, não sendo uma obra com o impacto de “O Código da Vinci” – e, precisamente porque a estamos a ler posteriormente, o que nos leva a notar mais facilmente as suas fragilidades – deverá reconhecer-se que terá constituído uma excelente base (quase operando como um “guião” de um filme) para a construção mais elaborada que resultou no famoso romance da “época passada”, não deixando de nos possibilitar algumas horas de interessante entretenimento.
Podemos aliás ser inclusivamente levados a “censurar o aproveitamento” que Dan Brown dela fez (como que se de um esboço se tratasse) para, de forma mais elaborada e trabalhada, construir o que viria a ser o seu êxito maior… Ou, noutra perspectiva, valorizar esse metódico e minucioso trabalho de construção!






