Archive for Setembro, 2005
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (IX)
A encerrar estas breves referências ao desempenho de países de expressão portuguesa e dos países de menor desenvolvimento, aqui ficam os resultados apurados relativamente aos seguintes indicadores, Taxa de literacia população entre 15 e 24 anos; PIB per capita; % Crescimento anual do PIB 1990-2003; Taxa de inflação média anual 1990-2003; e, por fim, Telefones por 1 000 habitantes:
- (1) Noruega: 100 / 37 670 / 2,9 / 2,3 / 713 - (27) Portugal: 100 / 18 126 / 2,2 / 4,0 / 411 - (63) Brasil: 96,6 / 7 790 / 1,2 / 114 / 223 - (105) Cabo Verde: 89,1 / 5 214 / 3,3 / 4,8 / 156 - (126) S. Tomé e Príncipe: … / 378* / -0,2 / … / 46 - (140) Timor-Leste: … / 389* / … / … / … - (160) Angola: 71,4 / 2 344 / 0,4 / 501 / 7 - (168) Moçambique: 62,8 / 1 117 / 4,6 / 24,8 / … - (169) Burundi: 72,3 / 648 / -3,5 / 14,6 / 3 - (170) Etiópia: 57,4 / 711 / 2,0 / 4,0 / 6 - (171) R. Centro Africana: 58,5 / 1 089 / -0,4 / 4,4 / … - (172) Guiné-Bissau: … / 711 / -2,4 / 24,6 / 8 - (173) Tchad: 37,3 / 1 210 / … / 7,2 / … - (174) Mali: 24,2 / 994 / 2,4 / 4,3 / … - (175) Burkina Faso: 19,4 / 1 174 / 1,7 / 4,6 / 5 - (176) Serra Leoa: 38,2 / 548 / -5,3 / 22,4 / … - (177) Níger: 19,8 / 835 / -0,6 / 5,0 / …
Bastantes números “chocantes”, começando desde logo pelas taxas de literacia de jovens, muito abaixo dos 50 %, e, sobretudo, pelo PIB per capita, com países a produzirem uma riqueza média diária por pessoa, inferior a 2 dólares (em termos de poder de paridade de compra – uma vez que, em valor absoluto, chegam a ser inferiores a 1 dólar, rondando mesmo os 50 cêntimos, como nos casos do Burundi e da Etiópia), passando pelas taxas de crescimento anual médias negativas no decurso dos últimos 13 anos e por situações de hiper-inflação mais que “galopante” (Angola e… Brasil).
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RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (VIII)
Infelizmente, nem só de “grandes desempenhos” vive o mundo; continuo a achar que valerá (muito) a pena debruçar-nos um pouco sobre os indicadores apresentados pelos países menos desenvolvidos e reflectir sobre estas situações de grande pobreza e subdesenvolvimento, num mundo que necessita criar condições para um desenvolvimento global mais harmonioso e sustentado.
Um total de 18 países, em que vivem cerca de 460 milhões de pessoas, apresentam indicadores inferiores aos registados há 15 anos!
Mais de 1 000 milhões (!) de pessoas sobrevivem com menos de 1 dólar por dia.
Em cada ano, há ainda mais de 10 milhões de crianças que não atingem o 5º aniversário. Anualmente, a SIDA custa a vida a 3 milhões de pessoas – tendo provocado a redução da esperança média de vida do Botswana de 67 anos para apenas 36 anos!
Num mundo onde subsistem enormes desigualdades, as 500 pessoas mais ricas têm um rendimento conjunto superior ao rendimento das 416 milhões de pessoas mais pobres…
Mas – para além das responsabilidades dos países desenvolvidos – será também necessário procurar a causa para a pobreza extrema nos países por ela afectada; países beneficiando de importantes riquezas naturais (pedras preciosas no Afeganistão; petróleo e diamantes em Angola; madeira no Cambodja; petróleo no Congo; gás natural em Aceh, na Indonésia; madeira, diamantes, café e cacau na Libéria; diamantes na Serra Leoa; petróleo no Sudão) desbaratam esses recursos como forma de financiar guerras fratricidas, enquanto que os apoios internacionais são absorvidos por práticas de corrupção há muito instaladas.
E, infelizmente, dos países menos desenvolvidos fazem parte os de expressão portuguesa (com Cabo Verde a alcançar, não obstante, a 6ª posição de entre os países africanos), cujos principais indicadores resumirei também hoje e amanhã, a par dos países com prestações inferiores.
Começando com indicadores relacionados com a saúde e sobrevivência, desde o Nº de médicos por cada 100 000 habitantes; % de adultos infectados pelo vírus da SIDA; Casos de Tuberculose por 100 000 habitantes; Esperança de vida à nascença; terminando com a Taxa de mortalidade infantil (por 1 000):
- (1) Noruega: 356 / 0,1 / 5 / 79,3 / 3 - (27) Portugal: 324 / 0,4 / 37 / 77,2 / 4 - (63) Brasil: 206 / 0,7 / 91 / 70,3 / 33 - (105) Cabo Verde: 17 / … / 328 / 70,2 / 26 - (126) S. Tomé e Príncipe: 47 / … / 256 / 62,9 / 75 - (140) Timor-Leste: … / … / 753 / 55,2 / 87 - (160) Angola: 8 / 3,9 / 256 / 40,7 / 154 - (168) Moçambique: 2 / 12,2 / 557 / 41,9 / 109 - (169) Burundi: 5 / 6,0 / 519 / 43,5 / 114 - (170) Etiópia: 3 / 4,4 / 507 / 47,6 / 112 - (171) R. C. Africana: 4 / 13,5 / 493 / 39,4 / 115 - (172) Guiné-Bissau: 17 / … / 300 / 44,6 / 126 - (173) Tchad: 3 / 4,8 / 439 / 43,6 / 117 - (174) Mali: 4 / 1,9 / 582 / 47,8 / 122 - (175) Burkina Faso: 4 / 4,2 / 303 / 47,4 / 107 - (176) Serra Leoa: 7 / … / 794 / 40,6 / 166 - (177) Níger: 3 / 1,2 / 272 / 44,3 / 154
Números “assustadores”, em particular na taxa de infectados com o vírus da Sida na R. Centro Africana e Moçambique, a reduzidíssima esperança de vida na R. C. Africana (menos de 40 anos!), Angola e Moçambique, terminando nas enormes taxas de mortalidade infantil (mais de 10 %!) no Burkina Faso, Moçambique, Etiópia, Burundi, R. C. Africana, Tchad, Mali e Guiné-Bissau, com Angola, Níger e Serra Leoa (com valores absolutamente “inaceitáveis”, acima de 15 %).
RELATÓRIO “DESENVOLVIMENTO HUMANO” (VII)
Por fim, no que respeita aos factores “Desempenho económico” / “Difusão tecnológica”, destacam-se os seguintes indicadores, respectivamente, PIB per capita em USD; % Crescimento anual do PIB 1990-2003; Taxa de inflação média anual 1990-2003; Telefones por 1 000 habitantes; Telemóveis por 1 000 habitantes; Utilizadores de Internet por 1 000 habitantes:
- Noruega: 37 670 / 2,9 / 2,3 / 713 / 909 / 346 - Islândia: 31 243 / 2,1 / 3,2 / 660 / 966 / 675 - Austrália: 29 632 / 2,6 / 2,4 / 542 / 719 / 567 - Luxemburgo: 62 298 / 3,6 / 2,0 / 797 / 1194 / 377 - Canadá: 30 677 / 2,3 / 1,8 / 651 / 419 / nd - Suécia: 26 750 / 2,0 / 1,7 / nd / 980 / nd - Suíça: 30 552 / 0,5 / 1,3 / 727 / 843 / 398 - Irlanda: 37 738 / 6,7 / 2,7 / 491 / 880 / 317 - Bélgica: 28 335 / 1,8 / 1,9 / 489 / 793 / 386 - EUA: 37 562 / 2,1 / 2,6 / 624 / 546 / 556 … - Portugal: 18 126 / 2,2 / 4,0 / 411 / 898 / 194*
Relativamente aos aspectos económicos, Portugal terá ainda que recuperar de forma significativa, particularmente o valor de PIB per capita (menos de metade do registado pelos países mais “ricos”), assim como necessita conseguir a redução da taxa média de inflação.
Destaque para o número de telemóveis por 1 000 habitantes, que continua a aumentar (uma particularidade portuguesa, que terá provocado inclusivamente a redução do número de telefones fixos), quase “competindo” ao nível dos maiores utilizadores mundiais (nomeadamente os países nórdicos: Suécia, Islândia, Finlândia e Noruega; para além de Itália e Hong Kong – estes acima de 1 000 –, com o “recordista mundial” a ser o Luxemburgo, com 1 194!).
Finalmente, a nível de utilizadores de Internet – não obstante não se encontrarem disponíveis dados actualizados – continua a haver ainda um longo caminho a percorrer para uma aproximação aos países do topo mundial.
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (VI)
Em relação a outro dos factores determinantes nesta classificação – “Gastos Públicos com Educação” / “Literacia” – destacam-se os seguintes indicadores, respectivamente, Gastos Públicos com Educação (% do PIB); Taxa de literacia de adultos; Taxa de literacia população entre 15 e 24 anos; Ratio de estudantes no ensino secundário:
- Noruega: 7,6 / 99 / 100 / 96 - Islândia: 6,0 / 99 / 100 / 86 - Austrália: 4,9 / 99 / 100 / 88 - Luxemburgo: nd / 99 / 100 / 80 - Canadá: 5,2 / 99 / 100 / 98 - Suécia: 7,7 / 99 / 100 / 100 - Suíça: 5,8 / 99 / 100 / 87 - Irlanda: 5,5 / 99 / 100 / 83 - Bélgica: 6,3 / 99 / 100 / 97 - EUA: 5,7 / 99 / 100 / 88 … - Portugal: 5,8 / 92,5 / 100 / 85
Realce positivo para a recuperação conseguida por Portugal ao nível da taxa de literacia, que se espera esteja a caminho dos 100 % (de notar que não se encontram disponíveis dados actualizados relativos à Taxa de literacia de adultos).
A percentagem de estudantes no ensino secundário (incidindo sobre a totalidade da população em idade de frequentar esse grau de escolaridade) será um dos aspectos ainda a melhorar, isto apesar de outros países evidenciarem também opções que não apontam exclusivamente para esta orientação (casos da Islândia, Luxemburgo e Irlanda, por exemplo).
RELATÓRIO "DESENVOLVIMENTO HUMANO" (V)
Em relação a outro dos factores determinantes na classificação em análise – “Crises e Desafios de Saúde” / “Sobrevivência” – destacam-se os seguintes indicadores, respectivamente, “% de adultos infectados pelo vírus da SIDA”; “Casos de Tuberculose por 100 000 habitantes”; “% de Fumadores (Adultos)”; “Esperança de vida à nascença”; “Taxa de mortalidade infantil (por 1 000)”; “Taxa de mortalidade de crianças com menos de 5 anos (por mil)”:
- Noruega: 0,1 / 5 / 32 / 79,3 / 3 / 4 - Islândia: 0,2 / 3 / 24 / 80,6 / 3 / 4 - Austrália: 0,1 / 6 / 20 / 80,2 / 6 / 6 - Luxemburgo: 0,2 / 10 / nd / 78,4 / 5 / 5 - Canadá: 0,3 / 4 / 22 / 79,9 / 5 / 6 - Suécia: 0,1 / 4 / 19 / 80,1 / 3 / 3 - Suíça: 0,4 / 7 / 26 / 80,5 / 4 / 5 - Irlanda: 0,1 / 12 / nd / 77,7 / 6 / 6 - Bélgica: 0,2 / 12 / 24 / 78,8 / 4 / 5 - EUA: 0,6 / 3 / 24 / 77,3 / 7 / 8 … - Portugal: 0,4 / 37 / nd / 77,2 / 4 / 5
Nestes indicadores, merecem particular referência os valores apresentados pela Noruega, Suécia e Islândia.
Portugal continua a registar importantes desafios, nomeadamente na luta contra os casos de SIDA e Tuberculose (de que não se encontram disponíveis dados actualizados).
Realce para os relativamente bons indicadores registados por Portugal no critério “Sobrevivência” (à excepção da esperança média de vida – indicador em que Islândia, Austrália, Suíça, Itália e Hong Kong se juntam ao Japão – atingindo este já os 81,9 anos! – e a Suécia como únicos países do mundo a atingir ou ultrapassar os 80 anos).

Memória viva…





