À CONVERSA COM PAUL AUSTER (III)
A questão seguinte remeteu para um paradigma das obras de Auster: em todos os seus livros, em determinado momento da história, seja no início, a meio ou no final, os personagens acabam por “perder tudo”; até que ponto considera que a sorte é importante ou pode mesmo ser determinante na vida das pessoas.
Auster sintetizou dizendo que os seus livros mais não são do que uma metáfora do que todas as pessoas passam na vida: momentos bons; momentos menos bons, de perda, até desespero. As suas histórias são sobre a vida (“that’s what this is all about”)…
Foi de seguida questionado sobre se utiliza, na sua escrita, como método, uma técnica similar à da escrita de peças de teatro.
Refutaria, afirmando que já escreveu argumentos para cinema, mas nunca para teatro e que os romances têm uma técnica distinta.
A propósito: porque escreve tão frequentemente sobre a “escrita”?
Diz Auster: “É um tema! Também faz parte do mundo”… e, com algum humor e ironia, “o que conheço melhor” (aquele de que estará mais à vontade para falar). Aprecia-o a tal ponto, que o potenciou em “A Noite do Oráculo”, contando histórias dentro de histórias, dentro de histórias…
Retomando de alguma forma o tema inicial da oralidade da escrita, foi então questionado sobre a eventual perda que decorrerá para a escrita da necessidade de tradução.
Mais uma vez apreciando a questão, o escritor faria aqui talvez a maior “dissertação” da noite…
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