"A ARTE DE TER SEMPRE RAZÃO" – SCHOPENHAUER (IV)
Os três primeiros estratagemas apresentam em comum o facto de que o adversário trata, na verdade, de “outra coisa”, que não a afirmação que o seu oponente pretendera sustentar.
No “Estratagema 4”, aponta-se que, quando pretendemos alcançar uma determinada conclusão, não devemos deixá-la prever pelo adversário, mas ir conseguindo, gradualmente, de forma “discreta”, que o oponente vá admitindo as suas premissas ao longo do debate… até ao seu “convencimento total”.
No “Estratagema 5”, o autor reconhece que, para demonstrar a nossa tese, podemos igualmente ter de utilizar falsas premissas (considerando que, no final, “a verdade” pode acabar por delas decorrer).
Prosseguindo, com o “Estratagema 6”, Schopenhauer trata da situação de “camuflar” o postulado que queremos provar sob a forma de outro nome (por exemplo, “boa reputação”, em vez de “honra”; “virtude”, em lugar de “virgindade”); ou alterando o conceito (“animais de sangue quente”, em vez de “vertebrados”); ou admitindo como verdade geral o que é contestado a nível individual ou particular (por exemplo, da contestação da “certeza da medicina” por via da incerteza inerente a todo e qualquer ser humano).
Passando ao “Estratagema 8”, chega-se ao ponto de provocar a fúria do adversário (dizendo dele uma clara e óbvia injustiça ou provocando-o), dado que, em tal estado psicológico, dificilmente terá o discernimento e a capacidade de desenvolver julgamentos correctos.
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