QUANDO TUDO FALTAR RESTA A PALAVRA (V)
.No final violento e incerto de um século em que o estudo da palavra empenhou como nunca filológos, linguistas, semióticos, biólogos, filósofos . de Saussure a Derrida ., a crença no poder da palavra (ou do homem?) é tão forte como a descrença. A poesia de Rilke, Apollinaire, Pessoa, Arghezi, Pound, Eliot, Vallejo, Maiakovsi, Huidobro, Brecht, Drummond, Ritsos, João Cabral, Celan, Juarroz, parece veicular (e às vezes figurar) mais claramente do que a prosa os dois pontos de vista. Nas suas melhores expressões, a arte verbal das últimas décadas tornou-se cada vez mais enigmática porque se empenhou cada vez mais em decifrar os enigmas do mundo e do homem, dando conta de cisões, incompatibilidades, incertezas e limites que só nela e por ela parecem suspensos ou atenuados.
Por enquanto ainda poderemos continuar a dizer como António Machado, que, se nada mais tivermos de seguro, .nos queda la palabra…
“Quando tudo faltar resta a palavra (Arnaldo Saraiva) . Notícias do Milénio”
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