PARA ONDE "CORREMOS" NÓS?
6 Janeiro, 2004 at 6:18 pm 4 comentários
A vida contemporânea impele-nos cada vez mais – evolução especialmente marcada a partir do final da década de 80 do século XX . a uma crescente aceleração, potenciada pelos mais variados estímulos, desde as “regras” que nos são impostas, à tecnologia, passando pela informação e crescente competitividade.
À guisa de uma daquelas piadas sobre “O cúmulo de…”, talvez o melhor exemplo do ritmo, velocidade e aceleração com que vivemos hoje seja o do “carregar no botão de fecho de portas de um elevador, para ganhar 2 segundos”!!! Para que nos irão servir estes 2 segundos que “ganhámos” na vida?
Desde o correio electrónico, às notícias online, até à comida fast-food, passando pela sobreposição de várias informações em simultâneo (por exemplo, as barras de rodapé nos “Telejornais”) e pelas actividades “multi-tarefas” (conduzir, a ouvir a rádio e a falar ao telemóvel…), a incessante busca da velocidade é uma constante da vida dos nossos dias.
E, paradoxalmente, quanto mais “corremos”, quanto mais aceleramos o nosso ritmo, menos tempo disponível parecemos ter.
O próprio fim-de-semana é atingido, transformando-se por vezes em momentos de desgaste, na procura de “recuperar o tempo perdido”.
Tudo isto – é obrigatório reconhecê-lo – amplificado no caso específico das mulheres, que têm de acumular as tarefas profissionais com as domésticas.
Tornando-se “refém” de uma sociedade mediatizada que ele próprio criou, o homem vai perdendo a noção do tempo, acrescendo às infindáveis horas de trabalho a tensão do stress e da competição pelo sucesso imposto por essa sociedade, vendo escapar-se o “tempo para si próprio”.
Para chegar onde ou atingir o quê?
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1.
serena | 7 Janeiro, 2004 às 12:32 am
Realmente a noção de tempo é cada vez mais diluída pelos problemas, pelo quotidiano e pela profissão. A vida pessoal e o convívio social perdem muito por causa disso.
Talvez percorramos todo este trajecto para alcançar estabilidade, em todos os sentidos. O problema é que, se calhar, a estabilidade se tenha transformado, para muitos, num conceito utópico.
Na verdade, ao nível profissional e social um indivíduo que queira diminuir o ritmo passa a ser visto como sedentário, incompetente, preguiçoso e pouco profissional. Leva-se com o rótulo na testa.
A tua questão – “para onde corremos nós?” – é mais que relevante. Só não consigo ver a resposta. Talvez eu receie o conhecê-la.
2.
catarina | 7 Janeiro, 2004 às 10:23 pm
Li este post logo de manhã e passei o dia a rir, cada vez que entrava num elevador…:-)
Mas, mais seriamente: gosto de pensar que corremos para chegar a tempo ao tempo que consideramos de qualidade. Para termos mais desse tempo. ‘Carregamos no botão do elevador’ para chegar mais depressa aos sítios onde queremos realmente estar.
3.
Leonel Vicente | 7 Janeiro, 2004 às 10:55 pm
É um ponto de vista!
Percebo o que quer dizer…
Mas, na maior parte dos casos, será apenas um reflexo (mais ou menos instintivo) de quem tem “pressa” de chegar…não se sabe onde.
4.
Mário | 8 Janeiro, 2004 às 10:15 am
Tenho saudades dos verões que duravam eternidades, não havia pressa para nada. Esquecemo-nos sempre que um corpo acelerado tem de ter tempo para parar.