Desempate por grandes penalidades nos Mundiais e Europeus – 2004-2012
29 Junho, 2012 at 1:55 pm Deixe um comentário
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A propósito da polémica suscitada pelo facto de Cristiano Ronaldo ter sido reservado para marcar o quinto pontapé da marca de grande penalidade, no desempate do jogo Portugal-Espanha (acabando, por força das circunstâncias, por ficar privado da sua tentativa), procedi a levantamento das situações de desempate verificadas nos Campeonatos da Europa de 2004, 2008 e 2012, e dos Campeonatos do Mundo de 2006 e 2010.
No total, registaram-se 12 casos de empate no final do prolongamento, com o consequente desempate por via desta fórmula: 2 em cada uma das competições de 2004, 2008, 2010 e 2012; 4 em 2006.
Das 111 tentativas, 77 foram convertidas em golo (69,4%); 19 foram defendidas pelos guarda-redes (17,1%) – o que significa um total de 96 remates enquadrados com a baliza (86,5%) – apenas tendo 15 remates tido outra direcção: 5 a embater na trave e 2 no poste; 4 ao lado, e outros 4 por alto.
Na sequência de remates (sendo que apenas por duas vezes se completaram as 10 tentativas previstas regulamentarmente) – e exceptuando o 9º remate, pela sua particularidade de ter sido a tentativa decisiva em 7 dos casos, com 100% (!) de aproveitamento, nas 9 situações em que ocorreu (daí alguma lógica em procurar reservar o melhor rematador para a 5ª tentativa da equipa, que pode vir a revelar-se determinante – o remate mais bem sucedido tem sido o 3º (83% de eficácia); no pólo oposto, aqueles em que se tem verificado maior propensão ao erro são o 6º (apenas 50% de eficácia) e, sobretudo, o 8º (com apenas 30% de aproveitamento, surgindo os guarda-redes particularmente “inspirados”, com 50% de defesas!).
O que nos conduz a uma outra conclusão: a de as equipas que iniciam a marcação parecerem ser de alguma forma beneficiadas (pelo efeito psicológico da tensão nervosa que se gera em que vai rematar em desvantagem, pelo menos momentânea); efectivamente, em 9 destes 12 casos, a equipa que marcou primeiro acabou por vencer!
Apenas conseguiram superar tal tendência: Portugal e Holanda (no EURO 2004, respectivamente frente à Inglaterra e Suécia); e Turquia (no EURO 2008, frente à Croácia).
Em termos aritméticos, o pior resultado foi o da Suíça, frente à Ucrânia, no Mundial 2006, perdendo por 0-3, tendo permitido, nas três tentativas de que dispôs, duas defesas do guarda-redes, e rematado uma vez à trave.
Os jogos em que os rematadores foram mais eficazes foram o Itália-França (Mundial 2006) e o Paraguai-Japão (Mundial 2010), em ambos os casos apenas com uma falha (remates à trave). Ao invés, aqueles em que estiveram mais desastrados foram, para além do referido Ucrânia-Suíca (4 falhas em 7 tentativas), o Portugal-Inglaterra (5 falhas, em 9 – com destaque para as 3 defesas de Ricardo aos 4 remates ingleses, um record) e o Croácia-Turquia (3 falhas, em 7).
A Inglaterra é a principal “vítima” deste sistema de desempate, derrotada por 3 vezes (nos Europeus de 2004 e 2012 e no Mundial de 2006), sendo que duas dessas vezes foram frente a Portugal.
A selecção portuguesa caiu agora pela primeira vez (face à Espanha), depois dos dois êxitos anteriores (em 2004 e 2006), contra os ingleses.
Tal como Portugal, também a Itália regista dois triunfos (um deles na Final do Mundial 2006, contra a França) e um desaire (em 2008, com a Espanha).
A Espanha regista 100% de aproveitamento, nas duas ocasiões em que enfrentou a marca dos pontapés de grande penalidade (nos Europeus de 2008 e 2012), de ambas as vezes, selando a vitória no 9º remate, ou seja, no 5º da sua série… e ambos transformados por Cesc Fàbregas.
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