Archive for 14 Julho, 2006
“PROCESSO DE BOLONHA" (IX)
Vantagens e Riscos do “Processo de Bolonha”
Não obstante, subsiste a possibilidade de o sistema de créditos e de mobilidade introduzido entre instituições poder vir a gerar heterogeneidade de qualificações entre os estudantes de um mesmo curso, frequentado em diferentes instituições ou países.
Existirá também o risco de uma tendência de saída “precoce” para o mercado de trabalho logo no final do primeiro ciclo de estudos, reduzindo o número de candidatos / alunos no segundo ciclo, traduzindo-se, por um lado, numa potencial diminuição das competências adquiridas (tendencialmente mais generalistas) e, por outro lado, numa possível situação de professores “excedentários”.
Poderá ainda defender-se que a Universidade não deverá ser entendida como uma “escola profissional”, pelo que o objectivo, nomeadamente do primeiro ciclo, não deveria ser, necessariamente, a de ministrar uma formação de base a que corresponda capacidade de exercício profissional, distinguindo-se entre empregabilidade (obtenção de um nível apropriado de qualificação) e profissionalização (preparação para saídas profissionais), nesse sentido, recomendando-se, sempre que possível, a realização de formação complementar (pelo menos, um ano adicional).
A qualificação obtida no final do primeiro ciclo poderá ser, por outro lado, assimilada – não ao actual conceito de licenciatura – mas ao grau de bacharelato, podendo de alguma forma “desacreditar” o nível da formação obtida, levando a que possa vir a ser entendida como uma formação “incompleta” – para além da “confusão” que se pode eventualmente vir a gerar em comparação com o grau atribuído por instituições de ensino superior não universitário.
Ou, de outra forma, e por fim, a atribuição do grau de licenciatura a uma formação de três anos poderá de alguma forma ser apercebida como uma “desvalorização” da qualificação obtida por estudantes abrangidos pelo anterior modelo de ensino superior, com cursos de 5 anos, impelindo-os à necessidade de recorrer a formação complementar como forma de afirmação no concorrencial mercado de emprego (onde poderão vir a “competir”, dentro de algum tempo, com “Mestres” cuja duração de formação é igual à que tiveram de realizar para alcançar o grau de “Licenciado”).
“PROCESSO DE BOLONHA" (VIII)
Vantagens e Riscos do “Processo de Bolonha”
A grande vantagem deverá decorrer da uniformização das qualificações obtidas no processo de formação no seio do “Espaço Europeu de Ensino Superior”, por via da adopção de um sistema de graus comparável, baseado no estabelecimento de um sistema de créditos, de reconhecimento comum a nível europeu.
Para além da promoção da cooperação europeia no domínio da avaliação da qualidade e da promoção da dimensão europeia no Ensino Superior, a mobilidade é outra das vertentes decisivas de defesa e promoção deste Processo.
A mobilidade constituirá, por si só, uma fonte de aprendizagem; o contacto com diferentes regiões e com as diversas realidades linguísticas, culturais e sociais representará um contributo decisivo para a dimensão europeia e para o desenvolvimento.
Em termos práticos, os estudantes disporão da faculdade de, ao longo do seu processo de formação, ir escolhendo diferentes instituições, no seu país ou em qualquer dos outros Estados aderentes, nos quais poderá realizar um ou mais semestres de cada ciclo.
Alguns dos principais desafios que se colocam na reestruturação dos cursos, de forma a adaptá-los ao “Processo de Bolonha” serão portanto o da preparação dos novos curricula – constituindo “pedra basilar” do sistema a definição da afectação de “créditos” –, a par da necessária evolução prática no quotidiano das escolas, com a adopção de métodos pedagógicos orientados para a aprendizagem e para a aquisição de competências por parte dos estudantes.