VIAGENS NA MINHA TERRA – ALMEIDA GARRET – A LENDA DE SANTA IRIA (II)
14 Março, 2006 at 8:40 am 1 comentário
“Mas como o demo, em chegando a entrar num corpo humano, parece que não sai dele senão para se ir meter noutro, tão depressa o inimigo deixou ao pobre Britaldo, como logo se foi encaixar em não menor personagem do que o monge Remígio, que era o mestre e director da bela Iria.
Arde o frade em concupiscência, e não obtendo nada com rogos e lamentos, jurou vingar-se.
Disfarçou, porém, fingiu-se emendado, e deu-lhe, quando ela menos cuidava, uma bebida de sua diabólica preparação, que apenas a santa a havia tomado, lhe apareceram logo e continuaram a crescer todos os sinais da mais aparente maternidade.
Corre a fama do suposto estado da donzela, chovem as injúrias e os insultos dos que mais a tinham respeitado até então.
E Britaldo, que se julga escarnecido pela hipocrisia daquela mulher artificiosa, em vez de a esquecer com desprezo – sente reviver-lhe, se não tão pura, muito mais ardente, toda a antiga paixão.
Tão misterioso é o coração do homem! – tão vil! dirão os ascéticos – tão inexplicável! direi eu com os mais tolerantes.
Novas tentativas, promessas, ameaças do furioso amante… A santa resiste a tudo, forte na sua virtude.”
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e | 14 Março, 2006 às 10:17 am
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