Archive for Junho, 2005
MARCAS NA MEMÓRIA (II)
O “Licor Beirão” (“O Licor de Portugal”) é também uma marca que faz parte da nossa história, uma bebida tradicionalmente portuguesa, preparada à base de plantas, cuja fórmula secreta nasceu numa farmácia da Lousã há cerca de 75 anos.
Trata-se, neste caso, de uma marca em expansão: nos últimos 15 anos, a produção subiu de 600 mil garrafas por ano para mais de dois milhões.
Com o seu travo a doce, levemente exótico, tem um paladar suave de uma bebida quente, sendo um óptimo “digestivo”, a tomar (sem gelo!) em quantidades moderadas.
O seu criador, José Carranca Redondo, deixou-nos na passada semana. Carranca Redondo foi pioneiro em Portugal na publicidade de estrada, desde meados do século XX, tendo recorrido mesmo, na década de 60, a um cartaz com um “slogan equívoco” (pela sua dupla conotação, também associada a Salazar): “O Beirão de quem todos gostam!”.
Uma marca que, durante muito tempo, me intrigou, pelo sua denominação peculiar e pela sua relativamente forte presença na rua, nomeadamente na década de 70, era a do “Nitrato do Chile”.
O que é o “Nitrato do Chile”? Trata-se de «Um mineral comercial composto principalmente por “nitrato de sódio” dos depósitos de cascalho no Chile. Antes do processo de oxidação da amônia para nitratos a maioria do salitre chileno era usado pela indústria química; hoje é usado principalmente na agricultura como fonte de nitrogénio»; portanto, basicamente um adubo!
Porquê do Chile? O Chile foi o maior produtor de Salitre do mundo de 1850 a 1930!…
A propósito, recordo também uma marca quase omnipresente nesses anos, nas estradas de Portugal – com o desenho de um enorme “G” – a dos pneus “Mabor General” (o “pneu português com mais anos de experiência”).
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ÍCONES DO SÉCULO (I) – 1952 – ELIZABETH TAYLOR

Coincidindo com o “início do Verão”, começo hoje a apresentação de uma série com alguns dos ícones do século (XX), que fizeram capa na revista “Esquire”, ao longo dos últimos 50 anos – naturalmente, com preponderância para personalidades de origem norte-americana. Diariamente, num total de 100 capas, por aqui passarão as imagens de algumas das figuras mais mediáticas da segunda metade do século e, também, já dos primeiros anos do novo milénio.
MARCAS NA MEMÓRIA (I)
Em 1928, escreveu Fernando Pessoa a propósito da Coca-Cola: “Primeiro, estranha-se. Depois, entranha-se“. Este era o “slogan” previsto para o lançamento da Coca-Cola em Portugal… o qual viria a ser interdito pelas autoridades, por, alegadamente, se tratar de um produto susceptível de criar habituação!
Ao longo dos tempos, há marcas (comerciais) que, tendo deixado a sua “marca” em determinado período, passaram entretanto, por uma razão ou outra, a fazer parte da memória.
Nesta semana, proponho uma pequena viagem por algumas dessas marcas, que tendo deixado “marca”, praticamente “passaram à história”.
E, se a Coca-Cola apenas faria a sua entrada em Portugal em 1977 (!) – apesar de ser já comercializada nas então designadas províncias ultramarinas, antes do “25 de Abril” – existia já antes uma “cola”, a “Spur Cola”, da Canada Dry!
As origens da Canada Dry remontam a 1890, quando o farmacêutico John J. McLaughlin produziu uma “soda water” para mistura em sumos. A empresa seria criada em 1904, ano do nascimento do “Canada Dry Pale Dry Ginger Ale”, o “Ginger Ale” que daria fama à marca.
A introdução da “cola” na gama de produtos ocorreria apenas em 1943.
A Canada Dry seria a primeira grande companhia a lançar as suas bebidas em latas (1953) e também a percursora das bebidas sem açúcar (1964).
Em Portugal, a Unicer produziu os produtos Spur Cola, Ginger Ale e Água Tónica.
A Spur Cola – com um sabor característico, a cola -, seria vítima da forte concorrência dos anos 80 entre a Coca-Cola e a Pepsi, que viria a consagrar a primeira como líder incontestado de mercado, acabando por desaparecer (?) dos escaparates.
TIAGO MONTEIRO NO PÓDIO NA F1
Numa das mais insólitas provas de sempre da Fórmula 1, Tiago Monteiro entrou hoje na história da competição, ao tornar-se no primeiro português a subir ao pódio, concluindo o Grande Prémio dos EUA, disputado em Indianapolis, na 3ª posição, logo após os Ferrari de Michael Schumacher e Rubens Barrichello.
A “história” conta-se em relativamente poucas palavras: a Michelin cometeu um tremendo erro de concepção de pneus para esta prova, sendo demasiado “optimista” em relação ao efeito que uma curva em “relevé”, feita a fundo (precedendo a recta da meta) poderia ter sobre a resistência dos pneumáticos.
Ontem, nos treinos, o pneu do bólide do alemão Ralf Schumacher cedeu, provocando um acidente de grande impacto, felizmente sem consequências graves para o piloto.
Hoje, a Michelin, depois das análises efectuadas, concluiu que os pneus que tinha preparado para a prova não resistiriam mais de 10 voltas e, por medida de segurança – não tendo sido aprovada pela FIA a substituição de pneus, que seria contrária ao regulamento – recomendou que as equipas que fornece não participassem na prova.
A Michelin, depois do erro cometido, tentou impor uma posição de força e “perdeu”; a FIA não cedeu; a Ferrari não concedeu a introdução de uma “chicane” que reduzisse a velocidade na referida curva… e os 14 carros equipados com Michelin, depois da volta de apresentação, dirigiram-se de imediato para as “boxes”, desistindo da prova.
Portanto, na grelha de partida, apenas os 6 pilotos cujos carros são equipados com pneus Bridgestone: os das equipas Ferrari, Jordan e Minardi.
Tiago Monteiro teve o mérito de aproveitar na plenitude esta grande oportunidade; fazendo uma prova perfeita, cedo se afastou do seu companheiro de equipa, enquanto que os Minardi ficavam, como habitualmente, “para trás”. Completou assim a 9ª prova consecutiva da sua carreira na Fórmula 1, continuando a alargar o “record” que já lhe pertence, de ser o piloto que mais provas consecutivas terminou desde a sua estreia.
Classificação da prova:
1º Michael Schumacher – Ferrari – 10 pt.
2º Rubens Barrichello – Ferrari – +1.5 seg. – 8 pt.
3º Tiago Monteiro – Jordan-Toyota – a 1 volta – 6 pt.
4º Narain Karthikeyan – Jordan-Toyota – a 1 volta – 5 pt.
5º Christijan Albers – Minardi-Cosworth – a 2 voltas – 4 pt.
6º Patrick Friesacher – Minardi-Cosworth – a 2 voltas – 3 pt.
Jarno Trulli – Toyota – Desistência na 1ª volta
Kimi Räikkönen – McLaren-Mercedes – Desistência na 1ª volta
Jenson Button BAR-Honda – Desistência na 1ª volta
Giancarlo Fisichella – Renault – Desistência na 1ª volta
Fernando Alonso – Renault – Desistência na 1ª volta
Takuma Sato – BAR-Honda – Desistência na 1ª volta
Mark Webber – Williams-BMW – Desistência na 1ª volta
Felipe Massa – Sauber-Petronas – Desistência na 1ª volta
Juan Pablo Montoya – McLaren-Mercedes – Desistência na 1ª volta
Jacques Villeneuve – Sauber-Petronas – Desistência na 1ª volta
Ricardo Zonta – Toyota – Desistência na 1ª volta
Christian Klien – Red Bull Racing – Desistência na 1ª volta
Nick Heidfeld – Williams-BMW – Desistência na 1ª volta
David Coulthard – Red Bull Racing – Desistência na 1ª volta
Classificação do Mundial de Pilotos:
(mais…)
ELEIÇÕES NA GUINÉ-BISSAU E NA GALIZA
Hoje é dia de eleições presidenciais na Guiné-Bissau e de eleições autonómicas na Galiza.
DN – EXPOSIÇÃO 140 ANOS – 2000-04
2000 – 04
O novo milénio começa por ser fortemente abalado com o 11 de Setembro de 2001, dia em que Nova Iorque vê destruído um dos seus maiores ícones, as Twin Towers. Nesse dia, o mundo mudaria de uma forma drástica, cujas implicações não podem ser ainda devidamente analisadas.
A 1 de Janeiro de 2002, entrava em vigor a nova moeda europeia, o Euro, moeda comum a 12 países.
O terrorismo faria nova aparição em força, na Europa, em Madrid, a 11 de Março de 2004.
O FC Porto torna-se, pela segunda vez, Campeão Europeu de Futebol.
Ainda no ano de 2004, Portugal viveria um mês de contagiante euforia com a maior organização alguma vez realizada no país, o EURO 2004, que culminou com a presença da selecção portuguesa na Final, tão próximo da consagração… mas, ingloriamente, a Taça “Fugiu”.

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DN – EXPOSIÇÃO 140 ANOS – 1990-99
1990 – 99
A década de 90 inicia-se com a libertação de Nelson Mandela, após 27 anos de prisão, abrindo caminho ao fim do “apartheid”, primeiro passo para a realização de eleições livres, que em 1994 lhe conferem o cargo de presidente da África do Sul.
Também em 1990, a World Wide Web (“www”) fazia a sua estreia mundial.
Em 2 de Agosto de 1990, as forças iraquianas de Saddam Hussein invadiam o sultanato do Koweit, originando a Guerra do Golfo que terminaria no ano seguinte, com a libertação da cidade do Koweit.
Em 1991, tropas indonésias massacram civis no cemitério de Santa Cruz, em Díli.
No mesmo ano, um golpe de Estado, organizado pelos adversários da “perestroika”, inclui o sequestro de Mikhail Gorbachev. Boris Ieltsin posiciona-se contra os golpistas e assume-se como “herói de ocasião”; a URSS chegava ao fim, após a secessão da maioria das repúblicas que a integravam.
O ano de 1992 marca o fim do monopólio televisivo da RTP, com o licenciamento das primeiras estações privadas: a SIC e a TVI.
Ainda em 1992, a proclamação da independência da Bósnia, depois da realização de um referendo, desencadeia uma guerra sangrenta entre sérvios, muçulmanos e croatas, no que viria a resultar na desintegração do estado Jugoslavo, erigido pelo Marechal Tito.
Em 1996, o Prémio Nobel da Paz é atribuído ao bispo D. Ximenes Belo, administrador apostólico de Díli, e a José Ramos Horta, porta-voz do líder histórico da resistência timorense, Xanana Gusmão.
Também em 1996, Fernanda Ribeiro conquista a medalha de ouro nos 10 mil metros nos Jogos Olímpicos de Atlanta, fixando novo recorde olímpico.
Portugal vive “dias de glória”, com a EXPO 98, última exposição mundial do século, recebendo milhões de pessoas e representações de 145 países, e com a inauguração da Ponte Vasco da Gama. Ainda em 1998, a Academia Sueca distingue, pela primeira vez, um escritor de língua portuguesa com o Prémio Nobel da Literatura. O contemplado é José Saramago, já distinguido com o Prémio Camões em 1995, autor de uma vasta obra de ficção singularmente escrita sobretudo a partir dos 60 anos. Antigo jornalista, o Nobel da Literatura exerceu, em 1975, o cargo de subdirector do “Diário de Notícias”.
No mesmo ano, é criada a moeda única europeia, no âmbito da União Económica e Monetária. Vigora a partir de Janeiro de 1999, mas só entra em circulação três anos depois, a 1 de Janeiro de 2002.

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SCARLETT
A ler, “A letra escarlate“, por Pedro Mexia.
(Obrigado ao João – “Terras do Nunca” – pela dica).
DN – EXPOSIÇÃO 140 ANOS – 1980-89
1980 – 89
Em 1980, é identificada por investigadores americanos a Síndrome de ImunoDeficiência Adquirida (SIDA); seriam ainda necessários três anos para que a equipa do francês Montagnier, do Instituto Pasteur, isolasse o retrovírus HIV, responsável por esta doença infecto-contagiosa.
No mesmo ano, uma greve nos estaleiros navais de Gdansk abala o regime comunista da Polónia; emergindo o sindicato Solidariedade, liderado por Lech Walesa, que, em 1983, seria Prémio Nobel da Paz.
Em 1981, a IBM lançava os primeiros computadores pessoais (“PC’s”).
Nos Jogos Olímpicos de 1984, em Los Angeles, Carlos Lopes conquistava a medalha de ouro na Maratona, o primeiro título olímpico para Portugal.
Em 1985, Mikhail Gorbachev é eleito secretário-geral do PC da URSS, dando início à “Perestroika” (reestruturação) e à “Glasnost” (transparência).
Ao fim de oito anos de negociações, era assinado, em 12 de Junho de 1985 (completaram-se 20 anos no passado Domingo) o Tratado de Adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia.
Em 1987, em Viena, o FC Porto derrota o Bayern de Munique, por 2-1, conquistando a Taça dos Clubes Campeões Europeus de Futebol; venceria também a Supertaça Europeia (frente ao Ajax) e a Taça Intercontinental (frente ao Peñarol).
Nos Jogos Olímpicos de 1988, em Seul, Rosa Mota vence a Maratona feminina, conquistando a medalha de ouro.
Em 1989, na sequência da abertura prodigalizada pela “perestroika”, o Muro de Berlim é destruído por populares, o que permitirá o restabelecimento da livre circulação entre as zonas ocidental e oriental de Berlim e, subsequentemente, a reunificação da Alemanha.
No mesmo ano, estudantes chineses em greve de fome manifestam-se na Praça de Tiananmen, em Pequim, exigindo a liberalização do regime. A revolta será esmagada violentamente pelo exército chinês.

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