À CONVERSA COM PAUL AUSTER (V)
Seguir-se-ia o momento mais divertido da noite, quando foi questionado sobre “onde se podem comprar em Portugal os agora célebres cadernos portugueses?”.
A resposta foi: “Se souberem, digam-me!…”.
Voltando a “A Noite do Oráculo”, e ao momento em que a personagem (Nick) se encerra – sem levar consigo as chaves… – num quarto que é uma espécie de abrigo antinuclear, com uma porta que se fecha automaticamente, sem possibilidade de fuga, é colocada a questão se Auster pretenderá escrever um novo livro, retomando a história nesse ponto.
Auster responde, de forma inequívoca, que não. E, novamente divertido, adianta que Nick ficará lá “preso para sempre”; não conseguirá sair de lá… “É um problema do Sidney (personagem do livro que escrevia, paralelamente, a história de Nick) e não meu!”. “Vamos lá deixá-lo sozinho”. “Eu seria capaz de dar uma continuação ao beco sem saída em que a história se transformou, mas o Sidney não tem essa capacidade”, concluiu com humor.
A propósito de uma personagem que lê Fernando Pessoa, é-lhe perguntado se leu Pessoa.
O escritor parece “acusar o toque” e responde que é claro que leu Pessoa, e já há muito tempo; senão, não o teria referido no livro… Conclui mesmo dizendo que o considera um dos mais estimulantes poetas que conhece.
A pergunta seguinte teve como “preâmbulo” um agradecimento, na medida em que, sendo a leitura (tal como a escrita…) um acto de solidão, os seus livros proporcionam maravilhosos momentos a quem tem o privilégio de os ler.
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