PORTUGAL – NASCIMENTO DE UMA NAÇÃO (XIV)
“A fronteira do novo reino, quando D. Afonso Henriques começou a intitular-se rei, passava um pouco ao sul de Coimbra (o castelo de Leiria era um posto avançado na linha de combate), ia por alturas da serra da Lousã e esbatia-se nas planícies da Beira Baixa, numa zona imprecisa e não dominada nem por Mouros nem por cristãos.
O primeiro grande passo para a dilatação desse território verificou-se em 1147 com as conquistas de Santarém e de Lisboa, arrastando esta última a queda de Sintra, Almada e Palmela. A última conquista foi a de Faro, em 1249. Durou portanto pouco mais de um século o período de conquista do território, tempo que comporta longos intervalos de paz e ganhos e perdas em consequência de contra-ofensivas mouras, das quais a mais grave foi a de 1190-1191, que trouxe os Mouros de novo até à linha do Tejo.
Apesar das divisões e da fraqueza interna dos pequenos principados islâmicos que confrontavam com a fronteira cristã (reinos taifas), as forças militares portuguesas eram tão poucas que para as expedições organizadas contra eles foi várias vezes necessário recorrer à ajuda das tropas que, vindas do Norte da Europa a caminho da Palestina, faziam escala nos nossos portos. O rei mandava-lhes propor a colaboração em empresas guerreiras contra as cidades de que se queria apoderar; os diplomatas encarregados dessas missões eram os bispos, que deviam convencer os chefes dos cruzados que tão santa era a guerra contra os infiéis de Espanha como a cruzada para libertar o Santo Sepulcro e ao mesmo tempo ofereciam, como pagamento pela intervenção, o saque das cidades se elas caíssem no seu poder. Foi desse modo que D. Afonso Henriques conquistou Lisboa, em 1147, D. Sancho I Alvor e Silves, em 1187, e D. Afonso II Alcácer do Sal, em 1217.”
“História concisa de Portugal”, José Hermano Saraiva
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