"A ARTE DE TER SEMPRE RAZÃO" – SCHOPENHAUER (I)
15 Março, 2004 at 1:53 pm 1 comentário
Com alguma regularidade, ao “assistir” a alguns (acesos) debates que se vão travando na “blogosfera”, parecem as partes dispostas a tudo fazer para provar a “sua inequívoca e inquestionável razão”.
Tal constitui pretexto para a apresentação, nesta semana, de algumas referências à obra de Schopenauer, “A Arte de Ter Sempre Razão”.
Para o referido autor, a “dialéctica erística” consiste na arte de disputar, de tal forma que se tenha sempre razão, seja por que meio for, provindo da “mediocridade natural da espécie humana”, da nossa inevitável falta de honestidade, in fine, da nossa vaidade intelectual.
Frequentemente, tendo inicialmente a firme convicção da verdade das nossas afirmações, e se, perante um argumento contrário do nosso oponente, logo renunciamos a defendê-las, acabamos por vir a descobrir posteriormente que, finalmente, tínhamos razão; “infelizmente”, o argumento definitivo não nos tinha acorrido de imediato à mente…
Isso conduz-nos a uma posição de “auto-defesa”, que acaba por se consubstanciar numa estratégia de “ataque permanente”: no final da controvérsia, acabaremos por encontrar o argumento decisivo!
E assim, acabamos por nos bater não pela verdade (objectiva), mas pela (nossa) verdade.
O “vencedor” acaba por ser, muitas vezes, não quem tem razão, mas quem, inatamente, se revela mais astucioso ou arguto.
A dialéctica tem assim subjacente o “colocar de lado a verdade objectiva ou considerá-la acidental” (até porque, muitas vezes, ignoramos de que lado ela se encontra – ou, de outra forma, no início do debate, ambas as partes crêem ser donas da razão), baseando-se na defesa das teses próprias, em oposição às da contraparte – tendo por objectivo último ter a razão do seu lado no final da controvérsia.
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vmar | 17 Março, 2004 às 9:51 pm
Muito interessante e oportuno.