VIAGENS NA MINHA TERRA – ALMEIDA GARRET – A LENDA DE SANTA IRIA (III)
15 Março, 2006 at 8:41 am Deixe um comentário
“Costumava a devota donzela ir todas as noites a uma oculta lapa que jazia no fim da cerca e junto ao rio Nabão, para ali estar mais só com Deus, e desabafar com Ele à sua vontade.
Soube-o Britaldo, espreitou a ocasião e ali a fez apunhalar por um seu criado, cujo nome a legenda nos conservou para maior testemunho de verdade… chamava-se Banam.
Banam! é um verdadeiro nome de melodrama.
Morta a inocente, Banam despiu-lhe o habito e lançou o corpo ao rio, que depressa o levou às arrebatadas correntes do Zêzere em que desagua; e logo este ao Tejo – que defronte da antiga Escalabiscastro lhe deu sepultura em suas louras areias, para maior glória da santa e perpétua honra da nobilíssima vila que hoje tem o seu nome.
Mas enquanto ia navegando o corpo da santa, teve Célio, o abade do convento, uma revelação que lhe descobriu a verdade e os milagres do caso; e comunicando-a logo aos monges e ao povo de Nabância, saiu com todos de cruz alçada, e foi por esses campos da Golegã fora, até chegar à Ribeira de Santarém.
Aí, benzendo as águas do rio, estas se retiraram corteses e deixaram ver o sepulcro que era de fino alabastro, obrado à maravilha pelas mãos dos anjos.”
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