GOA OU O GUARDIÃO DA AURORA (V)
13 Outubro, 2005 at 8:45 am Deixe um comentário
Um comportamento impetuoso no auto-de-fé faria com que a sua pena fosse agravada em mais dois anos; receberia então um documento descrevendo as suas obrigações religiosas nos 6 anos seguintes: confessar-se uma vez por mês, ir à missa todos os domingos, rezar o Padre-Nosso e a Ave-Maria cinco vezes por dia.
Numa vida assim destruída, em Novembro de 1591, Tiago havia sido inclusivamente obrigado a assumir o papel de “Guardião da Aurora” do pai, providenciando-lhe um pequeno frasco, único meio de “libertação” do cárcere e, simultaneamente, de evitar a condenação de outros judeus.
Em Janeiro de 1594, com 21 anos acabados de cumprir, ao fim de mais de dois anos de cativeiro, Tiago via-se agrilhoado, sendo conduzido a uma nau que o haveria de levar à cadeia da Galé em Lisboa, onde chegaria em Novembro do mesmo ano, após uma escala (em Maio) no Brasil.
Cansado das injustiças que lhe tinham destroçado a existência, Tiago começou, na cadeia de Lisboa, a um ano de cumprir a sua pena, a arquitectar um plano de vingança, qual “Conde de Monte Cristo”, ao mesmo tempo que preparava o seu regresso à Índia.
Em Dezembro de 1599, completando-se a punição de seis anos que lhe fora imposta pelo Santo Ofício, Tiago era finalmente um homem livre; após algumas semanas em Lisboa, conseguiria finalmente reservar passagem numa embarcação que partia para Goa, onde atracaria em Maio de 1600.
Em busca dos seus entes mais queridos, a irmã, Tejal e o filho, começaria por se dirigir a casa dos seus tios, onde porém o esperavam terríveis notícias.
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