À CONVERSA COM PAUL AUSTER (VI)
Auster agradece e responde com uma interrogação: “Porque continuamos a ler livros?”
E dá ele próprio a resposta: “A razão é porque um livro é a única “circunstância” em que “dois estranhos” (autor e leitor) se podem “encontrar” de uma forma completa, sem reservas”.
Cada leitor lê “um livro diferente”; trata-se de uma experiência muito pessoal; o escritor e o leitor “fazem” o livro em conjunto!
Questionado sobre como se sente a nível de poesia, responde que não escreve poesia há mais de 25 anos; “Só para a família!…”.
Seguiu-se então a pergunta sobre a sensação de estar prestes a finalizar um livro, ao que responderia que, ao escrever, está tão envolvido que não tem oportunidade de pensar: “Estou a acabar…”. E acrescenta que, eventualmente a par do “alívio” de concluir a obra, subsiste sempre uma sensação de algum “falhanço”, assim como a tristeza de dizer adeus a “pessoas” com quem, por vezes, “(con)viveu” anos!
Pegando no mote, foi-lhe então perguntado se não passa por situações de bloqueio, ao que confirmou que são frequentes os bloqueios e paragens (que podem ser prolongadas); mas que, quase sempre, acaba por haver uma retoma.
São momentos difíceis mas, com a experiência, vai-se aprendendo a ser mais paciente: “Hei-de conseguir encontrar uma saída para continuar a história…”.
Refere ainda que, no período de escrita, se isola, “corta com tudo”, nem vê o que o rodeia: “É por isso que não tenho quadros nas paredes!… Estou concentrado no que estou a escrever e não a olhar para as paredes…”.
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