ELEIÇÕES ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA – 2002
A 17 de Março de 2002, numas eleições inesperadamente provocadas pela demissão de António Guterres, os portugueses hesitaram e – ainda que tenha havido uma natural “viragem política” – repartiram os seus votos de forma mais “equitativa” entre os dois maiores partidos.
O PSD, sob a liderança de Durão Barroso, alcançava 40 % dos votos, elegendo 105 deputados, a melhor votação do partido à excepção das maiorias absolutas de Cavaco de 1987 e 1991.
Ficando todavia aquém das expectativas próprias, não atingindo a maioria absoluta (a cerca de 5 % dos votos de distância”) – e apesar de Durão Barroso tanto ter contestado a formação de uma coligação de direita, com um ataque persistente ao CDS e respectivo líder durante a campanha eleitoral – ver-se-ia, algo “ironicamente”, beneficiando da formação de uma maioria parlamentar de centro-direita, obrigado a ter de optar por essa fórmula governamental.
Aguardando pacientemente o desgaste do Governo e a degradação da popularidade de Guterres, cumpria finalmente a profecia de que “sabia que ia ser Primeiro-Ministro, só não sabia quando”, apesar de não ter sido capaz de transmitir uma imagem de confiança suficiente para uma vitória mais clara e inequívoca.
O PS, agora dirigido por Ferro Rodrigues – não obstante ainda algo abalado por um súbito processo de transição de liderança – ficando próximo dos 38 % (obtendo uma percentagem similar à de 1975), conseguia um resultado que apenas António Guterres superara (em 1995 e 1999); passava a dispor de 96 deputados, a curta distância do PSD.
O CDS-PP, com uma muito ligeira evolução, de 8,3 % para 8,7 % – traduzindo-se mesmo num decréscimo de 15 para 14 deputados – beneficiava da configuração dos resultados (o facto de o PSD não alcançar a maioria absoluta) para se afirmar como o partido mais vitorioso, não só ultrapassando a CDU, mas também, e principalmente, porque o voto popular vinha “impor” uma “nova AD”: cerca de 20 anos depois, o CDS, pela mão de Paulo Portas – afirmando-se como parceiro imprescindível para uma maioria parlamentar – regressava ao Governo.
A CDU (PCP-PEV), sem capacidade interna de renovação, não conseguia travar a (aparentemente) irreversível tendência de queda, descendo de 9 % para (ligeiramente) menos de 7 %, no seu pior resultado de sempre; passava de 17 deputados para apenas 12; o PCP, com os seus 10 representantes – apenas conseguindo eleger deputados em 6 dos 22 círculos eleitorais, vendo a sua “influência” cada vez mais circunscrita –, passava a ter uma representação parlamentar pouco mais que “marginal”.
O Bloco de Esquerda, continuando a beneficiar do voto (sub)urbano, subia de 2,4 % para 2,7 %, somando aos 2 eleitos por Lisboa, 1 deputado no Porto.
Embora muitos vaticinassem uma vida curta à coligação governamental, ela foi sobrevivendo… até ao dia em que Durão Barroso decidiu aceitar o convite para “emigrar” de novo, designado para Presidente da Comissão Europeia.
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